Comércio expande nos bairros de Campo Grande e Centro tenta atrair moradores para ganhar fôlego
Comércio dos bairros teve crescimento de 40% nos últimos 4 anos. Enquanto isso, lojistas do Centro sofreram com obras e a pandemia
Priscilla Peres –
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O fim de ano escancarou a nova realidade do comércio de Campo Grande. O Centro, com a decoração natalina, música e atrações, recebeu dezenas de visitantes pelas ruas recém-reformadas. Enquanto as lojas localizadas nos bairros foram as escolhas daqueles que saíram para as compras.
Os últimos anos não foram fáceis para o comércio do Centro de Campo Grande. A reforma do Reviva Centro mudou a cara das principais ruas do comércio, mas aliada à pandemia, fez com que muitos lojistas decidissem migrar de região.
De acordo com a CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas), nos últimos quatro anos o comércio dos bairros teve crescimento de 40%. E não só a reforma e a pandemia foram os principais fatores que contribuíram para a mudança, que ainda inclui preço de aluguéis, de estacionamentos e de transporte.
Além do combo de motivos palpáveis, o presidente da CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) e atual secretário municipal de Desenvolvimento, Adelaido Vila, reforça que há um fenômeno mundial de preferência por compras nas proximidades das residência. Fenômeno este, que ganhou muita força com a pandemia de Covid-19.
Comércio e serviços mudaram com a pandemia
A pandemia de Covid-19 além de mudar a forma como vemos as doenças contagiosas, mudou completamente a relação das pessoas com o comércio e os serviços. Isso porque praticamente tudo se tornou digital, incluindo as compras.
Com as pessoas passando mais tempo em casa e em uma realidade onde se tem cada vez menos tempo disponível, o comércio das proximidades ganhou novos clientes. “As pessoas hoje em dia querem resolver tudo com rapidez, além disso, tudo passou a ser digital, as pessoas precisam sair cada vez menos”, destaca Adelaido.
Para ele, a mudança na relação dos bancos com seus clientes foi um divisor de águas para o comércio do Centro de Campo Grande. “Atualmente o banco quer que você resolva tudo pelo app ou telefone, as pessoas não vão mais às agências. Isso tirou um grande movimento de gente das ruas do centro da Capital”, conta.
Gerente da loja Ele e Ela, no Centro, Fábia Mari conta que em maio de 2022 a empresa abriu uma unidade na avenida dos Cafezais, região sul de Campo Grande. “Foi um teste para ver o movimento da região. Lá atende nossas expectativas em relação a vendas e o dono já pensa em abrir outras unidades em bairros”.
Diferença de preços é crucial para os lojistas
O resultado da mudança ocorrida nos últimos anos é nítida nas ruas do Centro de Campo Grande. Menos movimento de pessoas e mais lojas fechadas, principalmente na 14 de julho, principal avenida comercial da cidade e recém-reformada pelo Reviva Centro.
Com menos movimento nas ruas e mais vendas online, o preço do aluguel começa a pesar no bolso dos empresários. É o caso do Fábio Fureli, 46, e que há três anos tem uma loja de vestidos infantis na Dom Aquino. Com o preço do aluguel no centro nas alturas, ele considera migrar para o bairro.
Fábio vem de família de comerciantes, daqueles raiz do centro de Campo Grande. “Estamos desde os anos 70 no ramo. Minha mãe chegou a ter sete lojas aqui, mas de dez anos para cá o movimento só caiu. O ano passado foi muito difícil em termos de vendas e agora estou avaliando opções para mudar a loja para o bairro”, conta.
Ele conta que atualmente vende muito bem online e com sistema de entrega. “Tem dia que tem 30 contatos novos no celular, mas não entra dez pessoas na loja”. Ainda sim, ele considera que 60% das vendas são físicas e 40% online.
Sobre o preço do aluguel no centro, ele afirma que é o fator com maior peso atualmente. “Tem loja aqui [onde] o aluguel chega a R$ 12, R$ 15 mil, enquanto que uma loja do mesmo tamanho no bairro o preço é uns R$ 2 mil”, explica.
Prefeitura aposta em moradias para movimentar centro
Para o secretário municipal de Desenvolvimento, Adelaido Vila, a alternativa mais viável para reanimar o comércio do Centro de Campo Grande é abrir novas moradias na região. Ou seja, levar mais gente para morar nas redondezas das principais ruas da cidade.
Ele, assim como a prefeitura de Campo Grande, aposta, que esta é a melhor saída para movimentar o Centro, reaquecer o comércio e fortalecer o aspecto cultural da região. Para isso, a prefeitura vem trabalhando na construção de três condomínios habitacionais, que integram o projeto do Reviva Centro.
O mais adiantado é a Vila da Melhor Idade, empreendimento com 40 moradias para os idosos e 10 salões comerciais. As obras, orçadas em R$ 8,8 milhões, estão em andamento no cruzamento das avenidas Fábio Zahran com Fernando Corrêa da Costa.
Coordenadora do Reviva Centro, Catiana Sabadim afirma que os três empreendimentos somam 1 mil moradias e a expectativa é que sejam inaugurados em 2024. Porém, dois deles ainda nem saíram do papel.
De acordo com a Amhasf (Agência Municipal de Habitação e Assuntos Fundiários) o empreendimento localizado no bairro Cabreúva, atrás da obra abandonada do Belas Artes, aguarda andamento por parte da Caixa Econômica Federal, agente financeiro e detentor do empreendimento.
Já os apartamentos que serão localizados na Avenida Fernando Corrêa da Costa, a Amhasf está aguardando as mudanças do programa habitacional federal, após o período eleitoral. Para dar sequência ao projeto, é preciso aguardar as novas regras do programa para publicar o edital de chamamento destinado às empresas interessadas na construção dessa obra. Caso o programa federal sofra mudanças, o edital ficaria inexequível.
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