Para o operador de renda fixa da Terra Investimentos Paulo Nepomuceno, dada a atenção que o Banco Central tem dedicado ao aspecto fiscal, a ponta curta não tem muito espaço para alívio enquanto perdurarem os ruídos gerados em Brasília, ainda mais sem perspectiva de andamento das reformas em ano eleitoral. “Por isso a curva precifica a 12,75%. É bastante, mas condizente com o cenário que se desenha”, afirmou.

Nesse contexto interno complicado, o ideal para o Brasil, afirma Nepomuceno, seria o Federal Reserve adiar ao máximo o início do ciclo de altas de juros nos Estados Unidos. “Mas não vai dar tempo de esperar até a eleição, mesmo com o agravamento dos casos de Covid. O fluxo para emergentes vai piorar”, comentou o operador.

Pela manhã, dados do mais fortes que o esperado já alimentavam apostas na antecipação da elevação dos juros nos Estados Unidos, pressionando a curva dos Treasuries, e a percepção foi endossada à tarde pela ata do Fed, com a taxa da T-Note de dez anos batendo em 1,70% nas máximas. No documento, dirigentes foram claros sobre o risco de iniciar em breve o ciclo. “Pode ser preciso elevar juros mais cedo e a ritmo mais rápido”, afirmaram. E foram além, ao indicar que alguns deles consideraram apropriado reduzir o balanço patrimonial logo após o processo de aperto.

“Aumentou a probabilidade de alta já na reunião de março, além do cenário de quatro elevações este ano”, citam os profissionais do BTG Pactual, após leitura da ata.