Você deve ter acompanhado que a taxa de juros básicos da economia — a Selic — teve alta esta semana e subiu de 9,25% para 10,75% ao ano. Mas, afinal, o que isso significa? Entenda nessa reportagem como a escalada da taxa pode impactar na sua vida.

Os trabalhadores, empregadores e empresários podem ficar atentos para o que a alta na taxa deverá impactar na economia em Mato Grosso do Sul.  Conforme o economista e diretor de negócios da Agricon Consultoria, Hudson Garcia da Silva, tanto o setor de empréstimos, como o de empregos e financiamentos deverão ser impactados pela alta da Selic e os brasileiros vão sentir no bolso.

“A taxa Selic é a taxa referencial que orienta as instituições financeiras a remunerar as aplicações de renda fixa, mas também, referencia o custo do capital para empresas e pessoas físicas que precisam de financiamento, seja este para realizar investimentos, custear as operações da empresa ou até mesmo para empréstimos para as pessoas”, disse ao Jornal Midiamax.

O economista, que também faz parte do Conselho Regional de Economia do Estado do Mato Grosso do Sul, explica que o objetivo do Comitê de Política Monetária de aumentar a taxa foi para praticar a Política Monetária Restritiva para conter os índices inflacionários, o impacto direto na economia e a restrição de moeda corrente.

“Ou seja, reduz o consumo das pessoas, investimentos das empresas e, consequentemente, causa diminuição na produção e oferta de vagas de emprego. Para as empresas o impacto direto é o aumento nas despesas fixas, com o crescimento das taxas de juros em operações financeiras como captação de recursos para capital de giro o que reduz a margem de lucro dos produtos e serviços”, pontua Hudson.

Ele comenta que para a população em geral os impactos serão negativos, pois com mais de 74% da população endividada, comenta, o custo de renegociação das dívidas fica mais caro e com isso reduz o poder de negociação dos endividados, mantendo os índices altos de inadimplência.

“É  importante destacar que empresas de grande porte que fornecem itens básicos para nossa subsistência como energia elétrica, esgoto, água e até mesmo alimentos possuem empréstimos e financiamentos com taxas pós-fixadas vigentes e com aumento da taxa de juros, certamente irão repassar esses custos adicionais para o nosso dia a dia, sendo assim, tem pressão inflacionária aí pela frente”, finaliza.

Inflação

A Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). Em 2021, o indicador fechou em 10,06%, no maior nível desde 2015, pressionado pelo dólar, pelos combustíveis e pela alta da energia elétrica.

O valor está acima do teto da meta de inflação, que era de 5,25% no ano passado. Para 2022, o CMN (Conselho Monetário Nacional) fixou meta de inflação de 3,5%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. O IPCA, portanto, não podia superar 5% neste ano nem ficar abaixo de 2%.

No Relatório de Inflação divulgado no fim de dezembro pelo Banco Central, a autoridade monetária estimava que, em 2021, o IPCA fechará 2022 em 4,7% no cenário base. A projeção, no entanto, pode estar desatualizada com as tensões internacionais que elevam a cotação do petróleo e com fatores climáticos que prejudicam as safras em diversas partes do Brasil.

As previsões do mercado estão mais pessimistas. De acordo com o boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras divulgada pelo BC, a inflação oficial deverá fechar o ano em 5,38%. A projeção oficial só será atualizada no próximo Relatório de Inflação, que será divulgado no fim de março.

Crédito mais caro

A elevação da taxa Selic ajuda a controlar a inflação. Isso porque juros maiores encarecem o crédito e desestimulam a produção e o consumo. Por outro lado, taxas mais altas dificultam a recuperação da economia. No último Relatório de Inflação, o Banco Central projetava crescimento de 1% para a economia em 2022.

O mercado projeta crescimento um pouco maior. Segundo a última edição do boletim Focus, os analistas econômicos preveem expansão de 1,55% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos pelo país) neste ano.

A taxa básica de juros é usada nas negociações de títulos públicos no Selic (Sistema Especial de Liquidação e Custódia) e serve de referência para as demais taxas de juros da economia. Ao reajustá-la para cima, o Banco Central segura o excesso de demanda que pressiona os preços, porque juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.

Ao reduzir os juros básicos, o Copom barateia o crédito e incentiva a produção e o consumo, mas enfraquece o controle da inflação. Para cortar a Selic, a autoridade monetária precisa estar segura de que os preços estão sob controle e não correm risco de subir.

*Com informações Agência Brasil