Dólar cai 1,93% e fecha na casa de R$ 5,20 de olho em PEC da Transição

Tirando uma alta limitada e pontual no início dos negócios, o dólar operou em baixa durante o dia

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Dólar (Divulgação, Freepik)

A costura de um acordo entre lideranças no Congresso e o governo eleito para desidratação da PEC da Transição, com redução do prazo de validade de dois para um ano, embalou uma onda de redução de prêmios de risco nos ativos domésticos nesta terça-feira (20) e fez o dólar flertar com fechamento abaixo da linha de R$ 5,20, voltando a níveis vistos no início de dezembro

Tirando uma alta limitada e pontual no início dos negócios, o dólar operou em baixa durante o dia. A possibilidade de enxugamento da PEC – que amplia o teto de gastos em R$ 145 bilhões – já havia circulado ontem e ganhou contornos mais concretos ao longo da sessão. Não por acaso, a moeda renovou mínimas à tarde, descendo até R$ 5,1765 (-2,50%), justamente quando vieram de Brasília sinais mais firmes de avanços nas discussões para aprovação de uma PEC mais enxuta e reconfiguração do Orçamento após o Supremo Tribunal Federal (STF) barrar o chamado “orçamento secreto”.

“O mercado está tentando antecipar muito o que pode ser o novo governo do PT. Uma notícia boa como uma PEC de prazo menor traz um alívio pontual e faz o mercado tirar um pouco do prêmio de risco”, afirma o CIO da Alphatree Capital, Rodrigo Jolig, ressaltando que o quadro ainda é de incerteza sobre a política fiscal “O perfil do governo e do Congresso é de gastar mais e ainda é preciso discutir a nova regra da política fiscal. Não dá para ficar animado porque cada dia é uma notícia nova e ainda tem muita água para rolar embaixo da ponte”.

No início da tarde, o deputado Claudio Cajado (PP-BA) trouxe a informação de que, em acordo com líderes partidários, o prazo da PEC seria reduzido para um ano. Cairia também o trecho que prevê retirada de empréstimos internacionais do teto. Já os recursos antes abarcados pelo orçamento secretos seriam redirecionados parcialmente para emendas individuais e discricionárias.

Logo em seguida, o mercado absorveu a notícia de que o futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, teria confirmado o prazo de um ano. A assessoria de imprensa do petista desmentiu a informação e disse que jornalistas haviam se enganado. Na sequência, o líder do PT na Câmara, deputado Reginaldo Lopes (MG), disse que já havia sido batido o martelo em torno do período de um ano de validade. A perspectiva é que a PEC entre na pauta da Câmara hoje para depois voltar ao Senado. Com o acerto na divisão dos recursos do orçamento secreto, a aposta é em aprovação célere da PEC nas duas casas.

Com ajustes técnicos nas últimas horas de pregão, o dólar reduziu um pouco o ritmo de baixa e encerrou o dia em queda de 1,93%, cotado a R$ 5,2066 – menor valor de fechamento desde 7 de dezembro. Principal termômetro do apetite de negócios, o contrato de dólar futuro para janeiro teve giro expressivo, superior a US$ 17 bilhões – o que sugere mudanças relevantes nas posições de investidores.

“Das moedas emergentes, o real é a que mais se valorizou contra o dólar nesta terça-feira. Esse movimento foi ditado pelo acordo para redução do prazo da PEC da Transição”, afirma o chefe da mesa de operações do C6 Bank, Felipe Novaes. “Outro fator que vem ajudando na melhora no preço dos ativos locais é uma sinalização de maior compromisso fiscal por parte do futuro ministro da Fazenda.”

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