Até o fim de setembro, Campo Grande deve receber o sinal 5G chamado de ‘puro´ por não receber interferência de outras frequências. A tecnologia promete uma nova era de internet e setores como o agronegócio, já vislumbram seus ganhos. Em Mato Grosso do Sul, representantes do setor apostam que o 5G vai impactar no aumento da educação no campo, maior eficiência produtiva e até no interesse dos jovens pelo trabalho rural.

O agronegócio já é uma atividade tecnológica, principalmente em relação a agricultura. Computadores, celulares, aplicativos, drones, softwares, além de máquinas de alta tecnologia são itens que integram o dia a dia desses agricultores. Porém, o setor acredita que a chegada do 5G deve acelerar a expansão dessa tecnologia.

Superintendente do Senar/MS, Lucas Galvan afirma que o agronegócio já vive a era ‘4.0’ com uso de automação e conectividade que auxiliam no monitoramento da produção e exigem um novo perfil de produtor e trabalhador rural. “A tecnologia 5G vem para aumentar a eficiência dos processos produtivos no campo, otimizando o comando de maquinários, sistemas inteligentes de gestão, entre outras utilidades. Melhorar a internet para a propriedade gera impacto diretamente no incremento do Valor Bruto Agropecuário, por exemplo”, afirma.

Ele acredita que a expansão da internet de qualidade deve impactar principalmente no acesso à educação. “Com o ambiente digital, será possível realizar cursos EAD, palestras, atendimento virtual da Assistência Técnica e Gerencial, atualizações cadastrais, ações de saúde pública, divulgações, emissões de notas fiscais e outras transações financeiras. A capacitação de mão de obra no campo aliada aos recursos tecnológicos também é importante para que o consumidor final tenha a garantia da qualidade e segurança alimentar que tanto busca”.

Aliado a essa demanda, a entidade lançou no ano passado o Senar ON, que estrutura polos de ensino profissionalizante com internet via satélite em comunidades do campo. Nesse primeiro momento, a iniciativa tem como meta equipar 69 bases para promover ações de educação nos municípios atendidos pelos sindicatos rurais. Além disso, a entidade oferece 282 cursos de formação profissional gratuitos.

Impacto na ponta

Presidente Sindicato Produtor Rural de Camapuã, Antônio Silvério acredita que aumentar a velocidade da internet vai viabilizar questões que a pecuária talvez nem enxergue ainda, fazendo com que técnicos e profissionais de tecnologia proponham novos manejos, monitoramentos dos animais, o que significa menor empenho da equipe a campo e mais estratégias, que estimulem a produtividade e a queda de custos.

Maquinas tecnológicas são realidade. (Foto: João Garrigó/Famasul)

Em relação a agricultura, ele acredita que o 5G tornará possível o monitoramento em tempo real, uma questão que já existe, mas que ainda carece de velocidade em algumas regiões. “É um caminho sem volta, que contribuirá de forma expressiva. Ver o trabalho que ocorre no campo, aparecendo em tempo real na tela do computador e isso gerando gráficos automáticos, torna o agronegócio local mais produtivo”, comenta.

Ainda de acordo com o presidente, a internet veloz aumenta a segurança no campo e pode torna-lo mais atrativo para diversos jovens e recém-formados. “A internet pode ajudar a segurar mão de obra no campo, um problema atual no mercado, com alta rotatividade, uma vez que ninguém mais se vê desconectado, estimulando assim a sucessão familiar nos negócios rurais”, destaca.

Tempo de espera

O prazo da Anatel para o 5G chegar as capitais é 29 de setembro de 2022. Porém, o cronograma de expansão da rede até contemplar todo o país vai até junho de 2029. Isso por que a tecnologia exige a instalação de muitas antenas para entregar seu potencial, além da construção de uma infraestrutura de fibra ótica.

A Anatel determina que um município com até 30 mil habitantes tenha até cinco estações de rádio base para receber o sinal do 5G. Com isso, a expectativa é que só em 31 de dezembro de 2029, todos os municípios do país com até 30 mil habitantes recebam o sinal.