É só pensar no próprio dia a dia, e das pessoas próximas, para perceber que os hábitos mudaram. Atualmente são inúmeras as atividades que podem ser feitas sem sair de casa: estudar, fazer shopping, fazer exercício e até ter atendimento médico; tudo graças ao desenvolvimento dos espaços virtuais (aulas, e-commerce, etc.). Nem falar que o trabalho, um dos motivos que obrigatoriamente faziam com que uma pessoa tivesse que sair de casa diariamente, agora pode ser feito na modalidade de homeoffice -bastante bem vista pela ampla maioria dos funcionários-.

 

Com esse cenário, os setor de seguros de carro já vem registrando quedas na contratação. Em 2020 a Confederação das Empresas de Seguros (CNSeg) informou uma diminuição de 2,1% na venda deste serviço em comparação com 2019. A lógica é simples: o carro fica parado nas garagens das casas por dias, ou até semanas, se expondo a mínimos riscos, mas pagando o valor mensal da apólice mesmo assim. Para muitos foi visto como uma oportunidade para tirar o valor do orçamento, especialmente nesta época de crise, com uma taxa de desemprego em crescimento  que, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), vai atingir 14,5% este ano.  

 

Segundo a análise da insurtech Smartia e da Tex, a queda na renovação dos contratos com as seguradoras, vai acabar barateando o custo do serviço para este ano e faz com que as companhias coloquem maior esforço em oferecer um seguro conveniente para quem precisa de proteção sem pagar valores exagerados. As novas tendências apontam a manter e incrementar os sistemas de contratação e atendimento online, assim como a oferta de produtos do tipo “pay per use” ou “liga-desliga”; ou seja um seguro de carro no qual a própria pessoa ativa a proteção no momento que for preciso (geralmente ao dirigir, deixar o carro na rua, etc.), e paga exclusivamente pelo tempo utilizado. 

 

Paralelamente, a pandemia trouxe um incremento no faturamento dos seguros de vida. De acordo com a Susep (Superintendência de Seguros Privados),em novembro de 2020 essas coberturas, que representam 37% do mercado total, acumularam uma alta de 11% em relação ao mesmo período de 2019. Se comparado com o ano anterior, os seguros de vida arrecadaram R $1,8 bilhão a mais. 

 

O principal motivo do forte crescimento é, obviamente, o intenso golpe na saúde dos brasileiros sofrido desde a chegada do Covid. As mortes, que já superam as 370 mil, conscientizaram as pessoas a respeito de que ninguém fica isento aos riscos, e da importância de oferecer algum tipo de proteção, principalmente financeira, à família em caso de doença ou morte. As apólices mais procuradas são aquelas que oferecem programas de cobertura de saúde no setor privado.