Como viver com salário mínimo? A realidade de quem faz ‘malabarismo’ com a renda em Campo Grande

Com preços cada vez mais altos no mercado, sobreviver com pouca renda é desafio

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Com os aumentos consecutivos no preço de produtos básicos da mesa do brasileiro, fazer três refeições dignas por dia tem se tornado um verdadeiro ato de sobrevivência. Para quem sustenta uma família com um salário mínimo, essa missão fica mais difícil a cada dia. Em Campo Grande, economistas e uma mãe de família tentam encontrar um equilíbrio para essa disparidade entre preços altos e pouca renda. 

Moradora do bairro Los Angeles, Maira Ruth Ribeiro da Silva, de 25 anos, é uma entre milhares de brasileiras que fazem um verdadeiro milagre para a renda familiar durar o mês inteiro, suprindo as necessidades do casal e da bebê de 1 ano.

Com um ganho mensal de R$ 1,1 mil, proveniente do trabalho do marido, ele luta todos os meses para distribuir o valor e cuidar da filha. “Divido o máximo que posso, um pouco para cada coisa, mas no final do mês ainda falta”, disse ela.

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Salário minimo não rende o mês inteiro (Foto: Ranziel Oliveira / Jornal Midiamax)

Somente no aluguel o valor descontado é de R$ 550, em média R$ 130 de energia e R$ 30 de água. O montante restante é de R$ 390, desses, R$ 300 são destinados para o mercado do mês e apenas R$ 90 sobram para possíveis emergências e reposição de itens para a criança. “Alimentação não pesa tanto porque ele [marido] pega sacolão. Compro 1 pacote de arroz, 2 de feijão, 2 litros de óleo, frutas, iogurte, banana e fralda”, detalhou ela.

No final do mês, os itens alimentícios começam a acabar e os R$ 90 restantes são destinados para reposição, mas nem sempre é o suficiente. “As frutas começam a acabar, iogurte e as fraldas para ela. As vezes falta, mas dou meus pulos ou minha mãe me socorre. Ela engoliu água de parto, mês passado tive que tirar R$ 170 da comida para tratar ela no médico”, explicou Maira Ruth.

Sem dinheiro sobrando, gastos com lazer e roupa são artigos de luxo que não fazem parte da rotina. “A gente tem vontade de sair, mas não dá. Roupa eu não compro desde quando engravidei. É complicado, você quer fazer uma coisa e não consegue, quer comprar uma coisa e não tem condições”, disse ela.  

Sobre os aumentos consecutivos na alimentação, a alta foi sentida em cada cifra no orçamento de Maira Ruth. “Mudou muita coisa de um ano atrás para agora, o pacote de fralda mais barato era R$ 20,00 foi pra R$ 30,00, o óleo era R$ 5,00 agora está 8,00, feijão era R$ 4,50 e hoje você encontra por R$ 8,00 e olhe lá”, finalizou.

Como lidar com o baixo orçamento?

Para Mateus Abrita, professor da UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul) e doutor em economia, lidar com um orçamento pequeno é uma situação muito delicada, sendo uma missão extraordinária, entretanto, as dicas de educação financeira são válidas para todas as classes.  

“Pesquisar preços, ter um orçamento doméstico com todas as despesas e receitas em planilhas, ficar atento nas promoções e ofertas, cortar vícios que são verdadeiros ‘sugadores’ de dinheiro e por fim procurar cortar possíveis gastos não prioritários”, disse ele.

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