Os juros futuros engataram a segunda sessão seguida de queda nos principais vértices da curva a termo. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2021 terminou pela primeira vez abaixo dos 4,30%, em nova mínima histórica de 4,295% (4,325% ontem no ajuste). Nesta véspera de decisão do Comitê de Política Monetária (), as apostas de corte da ganharam endosso de dados de atividade fracos no Brasil, mantida ainda a perspectiva de um viés desinflacionário a partir da do coronavírus. O exterior hoje mais calmo, que favoreceu o real em boa parte do dia, também contribuiu para esta nova rodada de alívio de prêmios.

Nos demais contratos de DI, o de janeiro de 2023 encerrou com taxa de 5,45% (regular e estendida), de 5,461% ontem no ajuste, e a da do DI para janeiro de 2025 caiu de 6,151% para 6,11% (regular) e 6,13% (estendida). O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 6,47% (regular) e 6,49% (estendida), de 6,521%. Na última hora da sessão regular, as taxas chegaram a reduzir o recuo e a bater máximas, em meio ao ganho de força do dólar. A moeda zerou as perdas ante o real e, logo após as 16h, voltou a operar no patamar de R$ 4,25. “O dólar voltou e deu uma desanimada no pré, mas a PIM de hoje foi muito fraca”, destacou o gestor de renda fixa da Absolute Investimentos, Mauricio Patini.

A produção industrial de dezembro caiu 0,7% na margem, mais do que apontava a mediana negativa de 0,50% das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast, levando algumas casas a já colocar viés de baixa em suas projeções para o PIB de 2019. Também decepcionaram os dados de vendas de veículos divulgados pela Fenabrave, com queda de 3,1% ante janeiro de 2019 e de 26,3% ante dezembro.

“Temos um cenário de atividade fraca com relativa melhora no comportamento do câmbio, o que empurra a curva para baixo, reforçando as apostas de queda de 25 pontos-base e o aumento de especulação em torno da sinalização de corte para março”, afirmou o diretor de Gestão de Renda Fixa e Multimercados da Quantitas Asset, Rogério Braga. Segundo a gestora, a probabilidade de queda de 25 pontos subiu de 79% para 86% de ontem para hoje. Para março, de acordo com Braga, a precificação aponta entre 20% e 30% de chance de mais uma queda da Selic.

As apostas para março podem tornarem-se ainda mais dovish a depender do que trouxer o comunicado de amanhã. Braga lembra que, logo após o Copom de dezembro, parte do mercado acreditava que uma nova queda da Selic no começo de 2020 viria acompanhada de uma sinalização mais hawkish do BC sobre os passos seguintes, mas nas últimas semanas a percepção mudou, em meio ao advento do coronavírus, dados fracos da economia e revisões em baixa para a inflação. “Agora é maior o risco de o Copom cortar 25 pontos sem necessariamente fechar a porta para março”, afirmou.