O dólar teve o segundo dia seguido de avanço ante o real, fechando no nível mais elevado desde o dia 9. O cenário externo hoje falou mais alto para o mercado de câmbio, embora as preocupações fiscais domésticas persistam.

A moeda americana teve dia de forte valorização ante divisas de países desenvolvidos, que chegou a superar os 0,80%, e nos emergentes, subindo mais de 1% em locais como México, Rússia e Colômbia. As preocupações com o contínuo crescimento de casos de nos Estados Unidos e pesaram e acabaram ofuscando a aprovação do pacote de auxílio fiscal em Washington, de US$ 900 bilhões, que já estava em boa parte embutida nos preços dos ativos financeiros.

O dólar à vista fechou em alta de 0,76%, cotado em R$ 5,1619. No mercado futuro, o dólar para janeiro fechou com ganho de 0,77%, a R$ 5,1565.

A votação na Câmara, ainda hoje, da PEC dos municípios, ficou no radar dos participantes do mercado o dia todo, até no final do dia ter a sessão cancelada. A medida, que era para ser votada ontem e foi adiada para esta terça-feira, causou incômodo porque pode retirar R$ 4 bilhões do caixa da União por ano. “É uma medida que vai afetar negativamente as contas públicas”, destacam os estrategistas de mercado em do Citigroup. Se aprovada, a medida reforça a percepção de que o teto pode ser furado em 2021, alerta o banco americano.

No exterior, o analista de mercado financeiro da Oanda, Edward Moya, ressalta que as crescentes preocupações com o avanço da covid voltam a fazer os participantes do mercado buscarem refúgios em portos seguros, como o dólar e o iene japonês. Em um ambiente em que os indicadores americanos têm vindo mistos, Moya observa que o crescimento dos casos, e agora com a mutação do vírus no Reino Unido, só ajuda a aumentar a incerteza, ressalta em nota.

Moedas de emergentes, principalmente aquelas de exportadores de commodities foram as mais penalizadas hoje. Na Rússia, o dólar subiu 2%, no México, 1,11%. Nesse ambiente, os dados do Produto Interno Bruto (PIB) americano do terceiro trimestre agradaram, com expansão de 7,5%, mas não afetaram os preços, porque os agentes querem ver como está a atividade neste quarto trimestre, quando as infecções voltaram a crescer, ressalta o analista da Oanda.

Apesar da valorização do dólar esta semana, o Bank of America observa que a tendência da moeda americana é de enfraquecimento. “A fraqueza do dólar pode persistir no próximo ano”, ressaltam os estrategistas de moeda do banco americano. Eles comentam que a mudança política nos EUA é um dos fatores a favorecer a busca por ativos de risco pela frente.