O Índice Bovespa iniciou o mês de maio registrando queda moderada, que resultou da combinação entre os ajustes técnicos em virtude do feriado da véspera e a cautela de sempre em torno da reforma da Previdência. Em terreno negativo desde a abertura, o indicador terminou o dia marcando 95.527,62 pontos, com baixa de 0,86%.

 Dois foram os principais fatores com influência sobre os negócios, segundo analistas. O primeiro – e mais expressivo – foi a reação global à fala do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell acerca do ritmo da economia americana e a inflação no país. Ao indicar na quarta-feira que a inflação em baixa nos Estados Unidos pode estar relacionada a fatores transitórios, o presidente do Fed frustrou expectativas de redução de juros no país. O sinal é negativo para os mercados de ações no mundo inteiro, que seriam beneficiados por uma eventual redução nos rendimentos em renda fixa nos EUA.

 Como resultado da fala menos “dovish”, as bolsas de Nova York caíram na quarta e arrastaram com elas os ADRs brasileiros. A rodada de perdas em Wall Street se repetiu nesta quinta, tendo como agravante as informações de que as negociações comerciais entre EUA e China estariam em um ponto de impasse.

 Outro fator que teria contribuído para a postura defensiva do investidor teriam sido as declarações de quarta-feira do deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (SD-SP). O da Força Sindical afirmou que os partidos do Centrão discutem o apoio a uma reforma da Previdência mais desidratada, que não garanta a reeleição de Jair Bolsonaro.

 “O mercado tem como preocupações o tempo de tramitação da reforma e o seu grau de desidratação. O mercado sabe que esse tipo de declaração (de Paulinho) não é algo isolado. Mas o cenário político tem múltiplos agentes que continuam a defender a reforma, como Rodrigo Maia. O episódio mostra que o sucesso na aprovação da reforma da Previdência passa necessariamente pela articulação política do governo”, disse Gabriel Francisco, analista da XP Investimentos.

 Na análise por ações, um dos destaques negativos foram os papéis da Petrobras, que tiveram baixas de 1,50% (ON) e de 1,40% (PN), alinhados à forte queda dos preços do petróleo no mercado internacional. As cotações da commodity caíram entre 2% e 3% ainda influenciadas pela disparada nos estoques do óleo nos Estados Unidos e pelas tensões decorrentes das sanções americanas ao petróleo iraniano.