É certo que a corrupção política e a falta de ética pública sempre existiram, e não é novidade para ninguém que muitos chefes de Estado já estiveram atrás das grades. Porém, o que vem sendo novidade nos últimos anos é a maneira como tais escândalos são tratados pela imprensa. Além do investigativo feito pelos grandes jornais, agora o destaque também é dos “vloggers”, (pessoas comuns ou jornalistas autônomos), que usam a internet para expressar suas opiniões políticas e muitas vezes militar a favor de um partido.

A jornalista, escritora e agora Deputada Joice Hasselmann, é um exemplo da nova maneira de fazer Jornalismo Político. Com opiniões duras e diretas, Joyce conquistou mais de 3 milhões de seguidores somando seu canal no YouTube e outras redes sociais. Não é à toa que foi eleita a deputada federal mais votada do Brasil com 1.078.659 votos.

No mesmo caminho, o engenheiro químico e Deputado Arthur Moledo do Val, mais conhecido como “Mamãe Falei”, é defensor das liberdades individuais e de uma menor participação do estado na vida pública. Arthur conseguiu milhões de seguidores em suas redes sociais através de sua atividade política.

Na opinião do filósofo Pablo Ortellado, existe hoje uma guerra de informação entre a grande imprensa e a imprensa alternativa. Para Fábio Malini, professor da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), grande parte dos meios de comunicação está produzindo conteúdo com viés ideológico.

Lei de acesso à informação

Um dos fatores que tornaram a cobertura política tão dinâmica nos últimos anos, foi a criação da lei de Acesso à Informação (LAI), que está em vigor desde 2012. Através da LAI, todo cidadão tem direito a qualquer conteúdo produzido ou em posse do Governo.

O jornalista e professor Rosental Calmon enfatiza a importância na transparência de informações para o público em geral. Segundo ele, a burocracia para ter acesso a informações governamentais não é um problema só de países emergentes. Rosental, que ocupa uma cadeira de jornalismo em uma Universidade do Texas, acredita que o bloqueio às informações governamentais é uma praga mundial.

Para Jonathas Costa, chefe de redação do jornal O Alvoradense, um dos principais benefícios da LAI é a simplicidade em obter dados sobre o que está sendo cumprido pelos órgãos públicos. Analisar folhas de pagamento, contratações e checar documentos, facilitam na hora de criar matérias especiais, explica.

Apesar da LAI estar disponível para todos, é mais comum jornalistas desfrutarem de seus benefícios. Para ter acesso, basta acessar o site e preencher os dados requeridos.

Fake News

Mais que um termo, “Fake News” é um fenômeno mundial que tem como característica a divulgação de notícias tendenciosas, meias verdades ou mesmo totalmente falsas. Esse neologismo ficou popular na campanha presidencial do norte-americano Donald Trump, que acusava jornalistas de fabricar notícias falsas contra ele.

Não é necessário ir tão longe para ver esse fenômeno acontecer. As eleições brasileiras de 2014 e 2018 podem comprovar isso. De acordo com o Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas para o Acesso à Informação (Gpopai), mais de 12 milhões de pessoas compartilham “Fake News” na internet. O caso no Brasil é tão grave que várias medidas estão sendo tomadas para combater este problema.

Uma dessas medidas partiu do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que mesmo a poucos dias do segundo turno das eleições, agendou uma entrevista à imprensa para informar os planos e medidas de combate à divulgação de notícias falsas na internet.

Falsas notícias divulgadas, como no caso da “mamadeira erótica distribuída para crianças em creches pelo PT” ou “Fátima Bernardes reformou a casa da família do esfaqueador do Bolsonaro”, assustam e podem se tornar cada vez mais frequentes, afirmam os especialistas.

Para o jornalista e escritor Hélio Schwartsman, notícias falsas sempre existiram nas eleições, mas a novidade se dá através das redes sociais. Uma “Fake News”, hoje, tem condição de atingir mais pessoas em um curto espaço de tempo. O jornalista não confia na possibilidade de uma solução tecnológica para acabar com esse problema tão cedo. Porém, acredita que com o tempo, as pessoas aprendam a lidar melhor com isso, fazendo seu papel de desconfiar e se dando ao trabalho de checar a procedência das informações.

Colaboração jornalística nos escândalos da Lava Jato

Com mais de mil mandados de busca e apreensão, a Operação Lava Jato está em andamento desde 2014 pela Policia Federal. Uma megaoperação envolvendo esforços das autoridades de várias esferas no Brasil e exterior. Tamanha operação faz com que jornalistas de vários países trabalhem em equipe para interpretar o grande número de informações decorrentes das investigações.

Da necessidade de cooperação entre profissionais do mundo inteiro para entender a complexidade da Lava Jato, nasceu o site Investiga Lava Jato, que se trata de uma aliança entre o jornal Folha de São Paulo e o site de jornalismo investigativo Convoca. O objetivo da plataforma é realizar e publicar matérias especiais e aprofundadas sobre um dos maiores esquemas de corrupção que cresceu e se espalhou por vários países.

Lançado em 4 de julho de 2018, o Convoca conta com um time de 20 jornalistas, e logo de início, lançou duas matérias investigativas. A primeira cobrindo a relação de propina da Odebrecth na Argentina, e a segunda sobre os 13 milhões dólares em propina para megaprojetos na Venezuela.