Bitcoins: CVM proíbe fundos de investir em moedas virtuais e alerta para riscos

Entidade considera que bitcoins não são “ativos financeiros”

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar

Entidade considera que bitcoins não são “ativos financeiros”

CVM (Comissão de Valores Mobiliários), órgão que regula o mercado de capitais, publicou nesta sexta-feira (12) ofício no qual proíbe administradores de fundos brasileiros de investirem em criptomoedas, como o bitcoin, uma vez que elas “não podem ser qualificadas como ativos financeiros” e, portanto, não podem ter aquisição direta pelos fundos de investimento.

Bitcoins: CVM proíbe fundos de investir em moedas virtuais e alerta para riscos

“Assim, no entendimento da área técnica é inegável que, em relação a tal investimento, há ainda muitos outros riscos associados a sua própria natureza (como riscos de ordem de segurança cibernética e particulares de custódia), ou mesmo ligados à legalidade futura de sua aquisição ou negociação”, afirma o documento.

Segundo a CVM, o oficio foi divulgado após ampla discussão motivada por consultas espontâneas de diversos participantes do mercado, que trouxeram a questão do investimento em moedas virtuais como forma de investimentos no Brasil. A princípio, investir no segmento parece tentador, já que somente em 2017 o bitcoin, a criptomoeda mais famosa, teve valorização estimada em 500%, chegando ao patamar de quase US$ 18 mil – cerca de R$ 65 mil. Não é a toa, portanto, que o mercado de bitcoins foi considerado o mais sedutor e lucrativo de 2017.

Não são ativos financeiros

Na prática, a decisão do CVM impede que bancos e outras instituições financeiras reguladas pelo Banco Central promovam a criação de cartas de investimento a fim de aproveitar o ‘boom’ do bitcoin (e outras moedas virtuais), devido aso riscos que a criptomoedo pode apresentar. No entanto, a maneiras tradicionais de adquiri-los – pelo aplicativo oficial da criptomoeda ou pelas fazendas de mineração, continuam sem restrições.

Neste contexto, vale alertar que a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) também publicou parecer contra a empresa Minerworld, brasileira com sede em Campo Grande que afirma minerar bitcoins em fazendas mineradoras no Paraguai – a empresa é investigada pela Polícia Federal por suspeita de esquema de pirâmide financeira.

O parecer da CVM, no caso, indica haver na Minerworld indícios de crime contra a economia popular – caracterizado pela exigência de pagamento inicial, promessa de retorno financeiro extraordinário, bônus por indicação de novos investidores, complementado pela falta de clareza sobre a natureza da empresa – a partir do qual foi encaminhado ao Ministério Público do Estado do Mato Grosso do Sul para as medidas cabíveis.

Por meio de nota, a empresa declarou à reportagem que ainda não foi notificada quanto ao parecer da CVM, mas destacou que a referida entidade “não possui competência material, uma vez que a Minerworld não oferece valores mobiliários e sim locação de hash de mineração, e territorial, uma vez que a Minerworld é uma empresa paraguaia que por meio de contratos internacionais atende pessoas do mundo todo, inclusive brasileiros”.

Confira a íntegra do ofício AQUI

Sobre o bitcoin

(Reprodução/Pinterest)O bitcoin é uma espécie de moeda virtual (criptomoeda) que não está sob domínio do Banco Central de qualquer país, ou seja, não está relacionado a qualquer governo. Assim, as transações digitais são feitas sem a intermediação de um banco, num sistema bastante complexo que é validado por computadores do mundo inteiro – as estações de mineração.

Existem duas formas, basicamente, de conseguir comprar bitcoins: a primeira é pelo aplicativo oficial ou pelo site do serviço, trocando dinheiro real por bitcoins, algo semelhante a um sistema de câmbio. A segunda, é por meio da mineração, ou seja, a disponibilização de computadores para validarem o sistema que faz o bitcoin funcionar. Assim, os ‘mineradores’ recebem pelo serviço recompensa em bitcoins, que são lançados no mercado.

Todavia, por não ser rastreável e nem controlada por nenhum governo, o bitcoin tem protagonizado uma série de polêmicas. Muitos especialistas apontam que o Bitcoin pode favorecer a sonegação de impostos, já que não obrigatoriamente os valores em criptomoedas são convertidos em dinheiro estatal, o que inicialmente dificulta a fiscalização das Receitas Federais do mundo inteiro. Outro fator é que o bitcoin tem sido apontado como a moeda que financia, por exemplo, ataques terroristas e crimes como sequestros. Por fim, os esquemas de mineração de bitcoin também podem, segundo especialistas, serem utilizados para esquemas de pirâmides financeiras.

Conteúdos relacionados

Bolsa Família
salário