Entidade alega que irregularidades são pontuais

Diante de um escândalo que pode chacoalhar a economia do Estado – a operação Carne Fraca, da polícia federal -, o Presidente da (Federação de agricultura e de Mato Grosso do Sul), Mauricio Saito, acredita que a investigação “não representam a realidade da pecuária nacional”. Ainda assim, a PF indica suposto esquema de corrupção envolvendo carne sem validade, produtos químicos e outras irregularidades, com aval de políticos e servidores do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa). A investigação, oficialmente, ainda não chegou ao Estado, mas o assunto já circula entre os agentes.

“A Famasul aguarda a apuração das denúncias para mensurar os possíveis impactos econômicos ao setor pecuário brasileiro, em especial em Mato Grosso do Sul. Ressaltamos que a investigação deflagrada ontem encontrou irregularidades pontuais e que não representam a realidade da pecuária nacional, reconhecida pela excelência e qualidade de produção”, declarou o produtor rural.

Não é o que pensa o presidente da Acrissul, (Associação dos Criadores de MS), Jonatan Barbosa. De acordo com ele, a suspeita da PF de que empresa venda carne estragada, depois de maquiar o produto com ácido, deixou todo o setor bastante apreensivo. “Se a JBS fechar, não tem para quem vender”, resumiu. Uma reportagem do jornal Midiamax apurou que o primeiro prejuízo já chegou ao Estado: a empresa suspendeu o patrocínio que daria à Expogrande, tradicional festa do setor rural no Estado, que começa no dia 30 deste mês. Jonatan afirmou que 80% do rebanho do Estado é comprado pela empresa.

Investigação

A JBS Foods e BRF Foods, duas gigantes que competem pela mesma fatia de mercado, são os nomes do mercado de carnes e alimentos apontados, até agora, pela operação. Conforme divulgou a PF, mais 29 frigoríficos estão envolvidos. A carne fraca é maior operação da história da PF, que afirma ter detectado, em quase dois anos de investigação, que as Superintendênciais Regionais do Ministério da Pesca e Agricultura do Estado do Paraná, Minas e Goiás ‘atuavam diretamente para proteger grupos empresariais em detrimento do interesse público'.

O esquema seria liderado por fiscais agropecuários federais e empresários do . Uma reportagem do jornal Folha de São Paulo afirma que até o ministro da Justiça, Osmar Serraglio (PMDB) está citado na investigação. Segundo as investigações, o esquema no Paraná era comandado pelo ex-superintendente regional do Mapa, Daniel Gonçalves Filho, e pela chefe do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa), Maria do Rocio Nascimento, que trabalham em Curitiba. Na casa do atual superintendente regional do Mapa, Gil Bueno, a polícia apreendeu R$ 65 milna sexta-feira (17). Os três foram alvos de prisão preventiva.

Em nota, a PF informou que aproximadamente 1100 policiais federais cumpriram, na sexta-feira,  309 mandados judiciais – 27 de prisão preventiva, 11 de prisão temporária, 77 de condução coercitiva e 194 de busca e apreensão -, em residências e locais de trabalho dos investigados e em empresas supostamente ligadas ao esquema.

O gerente de Relações Internacionais e Governamentais da Brasil Foods (BRF), Roney Nogueira dos Santos, foi preso  neste sábado (18) pela PF no Aeroporto Internacional de Guarulhos após desembarcar vindo do exterior

Presente em Mato Grosso do Sul de modo expressivo, a JBS atua em 9 cidades do Estado, com 22 unidades envolvendo desde confinamento até produtos de valor agregado.

O que disseram as empresas – Foi divulgado pela Imprensa que um dos locais visitados pelos policiais federais seria a sede da JBS e que executivos da empresa foram presos. A JBS negou a informação e disse que “não há nenhuma medida judicial contra os seus executivos. A empresa informa ainda que sua sede não foi alvo dessa operação”.

“A ação deflagrada hoje em diversas empresas localizadas em várias regiões do país, ocorreu também em três unidades produtivas da Companhia, sendo duas delas no Paraná e uma em Goiás. Na unidade da Lapa (PR) houve uma medida judicial expedida contra um médico veterinário, funcionário da Companhia, cedido ao Ministério da Agricultura”, explicou. 

A empresa também afirmou que atua “em absoluto cumprimento de todas as normas regulatórias em relação à produção e a comercialização de alimentos no país e no exterior e apoia as ações que visam punir o descumprimento de tais normas”.

A BRF declarou que “está colaborando com as autoridades para esclarecimento dos fatos e reitera que cumpre normas e regulamentos referentes à produção e comercialização de seus produtos”.

O governo já afastou 33 diversos servidores suspeitos e o Presidente Michel Temer (PMDB) reuniu-se com o ministro da pasta, Blairo Maggi (PMDB), para discutir o escândalo.