Empresa diz que férias serão de 20 dias, mas podem ‘esticar’
Os funcionários da JBS Foods em três municípios de Mato Grosso do Sul souberam nesta quarta-feira (29) que terão 20 dias de férias coletivas. A empresa, implicada na operação Carne Fraca, da Polícia Federal, emprega 12 mil pessoas em 9 unidades sul-mato-grossenses, e controla 85% do setor estadual. São funcionários das unidades de Naviraí, Nova Andradina e Anastácio.
São cerca de 2 mil trabalhadores empregados nas três unidades de abate de bovinos, segundo o presidente Stiaa/CG (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins de Campo Grande), Rinaldo Salomão.
“A gente está preocupado, porque toda vez que acontece isso é uma crise. Isso aconteceu na febre aftosa, aconteceu com o Grupo Independência, que era forte, com o grupo Maggi. Então, quando começa esse problema, o prejuízo de um dia em um frigorífico é muito alto, sai mais ou menos quase 15 carretas por dia”, relatou ele, que também é secretário nacional da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins (CNTA).
Em todo o país são 10 unidades das 36 que serão paralisadas com redução de 35% na produção, segundo o grupo. São Paulo, Mato Grosso, Goiás e Pará também estão na lista, e a JBS declarou que as férias coletivas podem se estender por mais dez dias. Ainda não há informação sobre dispensas.
Na última semana, a JBS havia suspendido as atividades de 6 dos 7 frigoríficos, mas, na segunda-feira (27), anunciou que as atividades foram retomadas. “A medida é necessária em virtude dos embargos temporários impostos à carne brasileira pelos principais países importadores, assim como pela retração nas vendas de carne bovina no mercado interno nos últimos dez dias”, explicou a empresa, por meio da assessoria de imprensa.
“A companhia esclarece que é imprescindível ajustar os volumes de produção para normalizar os níveis de estoques de produtos destinados ao mercado interno, assim como reescalonar a programação de embarques de produtos para os clientes do mercado externo que ficaram represados durante esse período, de forma a não sobrecarregar os sistemas de recebimento e estocagem dos mesmos”, complementou.
De acordo com dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, o rendimento diário das exportações do produto caiu de US$ 62,2 milhões na terceira semana de março para US$ 50,5 milhões na semana passada.
Em Mato Grosso do Sul a JBS emprega cerca de 12 mil pessoas em 9 cidades do Estado com 22 unidades envolvendo desde confinamento até produtos de valor agregado. A JBS atua, em Mato Grosso do Sul, na Capital, e em diversas regiões do Estado. Ela está presente em Anastácio, Caarapó, Cassilândia, Dourados, Naviraí, Nova Andradina, Ponta Porã e Sindrolândia.
Confederação preocupada
A Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins (CNTA), emitiu nota sobre as férias coletivas. “Enquanto participante da audiência pública sobre os impactos da operação Carne Fraca, realizada nessa terça (28/3), na Comissão de Direitos Humanos do Senado Federal, apresentou uma proposta de criação de um compromisso público-privado pela manutenção dos empregos no setor, com pelo menos seis meses de duração”, explicou a entidade.
“Entendemos que o trabalhador não pode pagar pelas consequências de atos que não foram cometidos por eles e que o governo deve intervir junto aos frigoríficos, principalmente, aqueles ligados aos grupos JBS, que foram financiados com verba pública e, inclusive, contam com participação acionária do BNDES. Portanto, cobramos o compromisso e o cumprimento da responsabilidade social pelo governo e pelas chamadas ‘campeãs nacionais'”, complementou.
(Texto alterado às 18h05 para acréscimo de informações).