O custo da cesta apresentou queda em 18 capitais

O custo do conjunto de alimentos essenciais teve comportamento distinto nas capitais do país. Os preços caíram em 14 localidades e aumentaram em 13, segundo dados da Pesquisa Nacional da de Alimentos, realizada mensalmente pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE). Cesta básica em Campo Grande tem a maior retração entre as capitais do Centro-Oeste

As quedas mais expressivas foram registradas em Recife (-3,26%), Boa Vista (-3,06%), João Pessoa (-2,26%) e Fortaleza (-1,91%). Já as maiores elevações foram observadas em Belo Horizonte (2,35%), Porto Alegre (2,23%), Salvador (2,02%) e Palmas (1,81%).

Porto Alegre foi a cidade com a cesta mais cara (R$ 453,56), seguida por São Paulo (R$ 445,83), Florianópolis (R$ 439,87) e Rio de Janeiro (R$ 425,62). Os menores valores médios foram observados em Rio Branco (R$ 332,06) e Salvador (R$ 357,28).

Em 12 meses, todas as cidades acumularam diminuição nos valores da cesta. As taxas negativas mais expressivas foram as de Boa Vista (-15,94%), (-11,20%) e Cuiabá (-10,73%).

Entre janeiro e julho de 2017, o custo da cesta apresentou queda em 18 capitais, com destaque para Rio Branco (-13,63%), Manaus (-8,51%), Cuiabá (-7,32%) e Campo Grande (-6,34%). As maiores altas acumuladas foram registradas em Aracaju (4,17%), Recife (3,93%) e São Luís (3,24%).

Com base na cesta mais cara, que, em julho, foi a de Porto Alegre, e levando em consideração a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e da família dele com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o DIEESE estima mensalmente o valor do salário mínimo necessário. Em julho de 2017, o salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria equivaler a R$ 3.810,36, ou 4,07 vezes o mínimo de R$ 937,00.

Em junho de 2017, o piso mínimo necessário correspondeu a R$ 3.727,19, ou 3,98 vezes o mínimo vigente. Em julho de 2016, o salário mínimo necessário foi de R$ 3.992,75, ou 4,54 vezes o piso em vigor, que equivalia a R$ 880,00.
Cesta básica x salário mínimo

Em julho de 2017, o tempo médio necessário para adquirir os produtos da cesta básica foi de 90 horas e 40 minutos, semelhante ao de junho, quando ficou em 90 horas e 43 minutos. Em julho de 2016, o tempo era de 103 horas e 08 minutos.

Quando se compara o custo da cesta e o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto referente à Previdência Social, verifica-se que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu, em julho, 44,79% do salário mínimo para adquirir os mesmos produtos que, em junho, demandavam 44,83%. Em julho de 2016, o percentual foi de 50,95%.
Comportamento dos preços1

Entre junho e julho, houve predominância de alta para a manteiga e o tomate. Já os preços da batata, coletada na região Centro-Sul, da banana, carne bovina de primeira, do óleo de soja, açúcar e arroz tiveram redução média na maior parte das cidades.

Em julho, o preço da manteiga aumentou em 22 cidades e as taxas variaram entre 0,15%, no Rio de Janeiro, e 14,21%, em Manaus. As diminuições foram anotadas em Vitória (-1,13%), Belém (-0,77%), Curitiba (-0,51%) e São Paulo (-0,30%). Em Goiânia, não ocorreu variação de valor. Em 12 meses, o preço médio do produto registrou aumento nas 27 cidades. 

As altas acumuladas ficaram entre 5,01%, em Vitória, e 40,43%, em Aracaju. Apesar da queda no valor do leite UHT, em algumas cidades, a manteiga seguiu em alta devido à falta do creme de leite, principal matéria-prima utilizada na produção do bem.

O preço do tomate aumentou em 21 cidades, com taxas que variaram entre 0,22%, em Goiânia, e 48,55%, em Belo Horizonte. 

As retrações mais significativas foram observadas em Boa Vista (-14,31%), Manaus (-7,79%) e Recife (-7,49%). Em 12 meses, houve elevação de preços em 24 cidades, com destaque para as taxas de Curitiba (43,82%), Vitória (34,57%) e Campo Grande (31,67%). Em Boa Vista (-11,84%), Macapá (-4,18%) e Manaus (-4,14%) foram anotadas quedas. As baixas temperaturas tornaram mais lenta a maturação do fruto, o que elevou o preço do tomate em julho.
Coletada no Centro-Oeste, Sul e Sudeste, a batata apresentou queda de preço em todas as cidades, com taxas que variaram entre -31,66%, em Belo Horizonte, e -0,73%, em Goiânia. 

Em 12 meses, houve retração em todas as localidades, entre -61,67%, em Brasília, e -41,78%, em Vitória. A retração dos preços pode ser explicada pela intensidade da colheita e a alta oferta.

O preço do açúcar diminuiu em 25 cidades, ficou estável em Teresina e aumentou em Boa Vista (3,69%). As retrações mais expressivas foram registradas em Goiânia (-6,85%), Palmas (-6,72%), Campo Grande (-6,49%) e Fortaleza (-6,04%). Em 12 meses, houve diminuição em todas as capitais, exceto em Curitiba, onde o preço não variou. Os decréscimos mais expressivos ocorreram em Brasília (-22,22%) e Boa Vista (-17,84%). Período de safra da cana e menor demanda explicaram os recuos de preço no varejo.

A banana teve o preço reduzido em 24 capitais. Banana prata e banana nanica são itens coletados na pesquisa e o preço utilizado para o cálculo da cesta representa a média ponderada de ambas. 

As quedas variaram entre -11,76%, em Boa Vista, e -0,65%, em São Paulo. As cidades que registraram alta nos preços foram Belo Horizonte (5,58%), Natal (3,99%) e Porto Alegre (3,94%). Em 12 meses, 18 cidades acumularam retração, com destaque para Boa Vista (-63,66%) e Manaus (-35,06%). Nas outras nove localidades, houve aumento; os mais expressivos ocorreram em Fortaleza (11,54%) e São Paulo (11,46%). A grande oferta do produto no mercado, principalmente do tipo prata, reduziu as cotações da fruta no varejo.

Em 24 capitais, foi registrada diminuição do preço do óleo de soja em julho. As taxas oscilaram entre -7,64%, em Fortaleza, e -0,30%, em Brasília. Em Natal, o preço não se alterou.

Houve elevação em Vitória (1,55%) e Florianópolis (1,04%). Em 12 meses, o valor decresceu em 21 localidades, com taxas entre -15,40%, em Rio Branco, e -0,49%, em Recife. As maiores altas acumuladas foram registradas em Aracaju (10,28%) e Florianópolis (5,91%). A fabricação do biodiesel vem crescendo no Brasil e o óleo de soja é insumo importante. Porém, a queda nos preços internacionais da soja e a valorização do real diante do dólar diminuíram a cotação do grão. No varejo, o preço do óleo de soja decresceu pelo segundo mês consecutivo.

O quilo da carne bovina de primeira apresentou redução de valor em 22 capitais e as taxas negativas oscilaram entre -7,09%, em Fortaleza e -0,13%, em Boa Vista. As maiores altas ocorreram em Natal (2,25%) e Florianópolis (2,16%). Em 12 meses, os valores caíram em 16 cidades. 

Em Palmas foi observada a retração mais expressiva, de -6,38%. Entre os aumentos, destacaram-se os registrados em Florianópolis (10,59%) e Natal (5,20%). A oferta maior que a demanda, para os cortes de primeira, e o ritmo menor de negócios entre produtores e frigoríficos, explicaram a diminuição de preços da carne de primeira no varejo. O preço do arroz caiu em 21 cidades e as taxas oscilaram entre -7,44%, em Manaus, e -0,27%, no Rio de Janeiro. Não houve variação de preço em Brasília. As maiores altas foram registradas em Salvador (2,74%) e Florianópolis (1,88%). Em 12 meses, 19 cidades mostraram decréscimos, com taxas entre -22,64% (Cuiabá) e -0,73% (João Pessoa). Já as maiores altas ocorreram em Salvador (8,78%) e Manaus (6,95%). O baixo ritmo de negócio entre as indústrias e os produtores e a menor demanda são os motivos do movimento de queda na maior parte das capitais do país.

CAMPO GRANDE

Em Julho, com nova retração de preços, o custo total da cesta básica pesquisada mensalmente pelo Dieese na capital foi de R$ 386,68, redução de R$ 4,51 em relação ao valor da cesta do mês de Junho. Com variação negativa em (-2,13%), esta é a quinta retração observada em 2017 na cidade morena, sendo a terceira consecutiva.

Em Julho, último mês em que a cesta básica foi pesquisada nas 27 capitais, Campo Grande foi a 15 a mais acessível tanto em termos monetários, sendo a 8a quanto em redução percentual. De Janeiro a Julho, a queda foi de (-6,34%), o que também foi observado na comparação entre Julho de 2016 e Julho de 2017 (-11,20%).

Entre capitais da região Centro-Oeste somente Brasília/DF registrou uma discreta alta (0,13%), e Cuiabá/MT a retração mais discreta (-0,05%). Embora tenha se observado a retração mais expressiva na capital, Goiânia/GO apresentou a cesta com valor monetário mais baixo da região (R$ 386,67).

Com uma jornada de 89 horas e 44 minutos em Julho, o tempo dedicado ao trabalho pelo cidadão campo-grandense que recebe salário mínimo registrou nova diminuição, em 1 hora e 03 minutos, quando comparado com o tempo registrado no mês anterior.

Novamente, o comprometimento do salário mínimo líquido2 para aquisição de uma cesta básica apresentou queda, mas discreta, em 0,53 p.p. na comparação com o mês anterior, já que foi de 44,33% em Julho, contra 44,86% em Junho.

O custo da cesta básica familiar em Julho foi de R$ 1.146,51, uma economia de R$ 13,53 para o trabalhador em relação à cesta de Junho. No ano passado, o conjunto de treze itens alimentícios somou R$ 1.291,11, valor superior em R$ 144,60 na comparação com a cesta atual. Em relação ao custo da cesta familiar e o salário mínimo bruto, a equivalência foi de 1,22 vezes, redução em 0,01 p.p na comparação com o mês anterior.

Os dois itens que registraram alta de preços em Julho, revertendo os índices anotados em Junho foram o Tomate, que de (-13,01%) passou para 15,84%, e a Manteiga, que de (-3,91%) passou par 6,43%. No processo inverso, Feijão carioquinha, que de 20,09% passou para (-9,15%), e o Leite, que de 0,31% passou para (-2,63%).
Mantiveram a tendência de queda nos preços a Batata (-23,08%), a Banana (-6,93%), o Açúcar (-6,49%), o Arroz (-3,62%), a Farinha de Trigo (-2,83%), o Óleo de soja (-1,04%), a Carne bovina (-0,60%), o Café (-0,35%) e o Pãozinho francês (-0,10%).