Grão que é colhido ainda tem baixa qualidade
Com estradas vicinais intransitáveis no sul de Mato Grosso do Sul, proprietários já começaram a ‘colher’ prejuízo. Cerca de 320 hectares de lavoura de soja estragaram e não serão colhidos em Amambaí – a 355 quilômetros de Campo Grande – porque, segundo o engenheiro agrônomo Jaime José Helmich, as chuvas destruíram a estrada que dá acesso à propriedade. Os funcionários da fazenda agora estão recuperando a pista ao invés de trabalhar na colheita.
Segundo Jaime, a estrada apresenta desnível em relação às áreas rurais e, devido a uma cerca que existe em um dos lados da pista, não é possível construir desvios para as águas pluviais. “Mesmo com a chuva, íamos colher o grão e os prejuízos não iam ser grandes assim. Mas, exclusivamente por causa da estrada, perdemos todos os 320 hectares”, afirma.
Soja podre
A baixa qualidade do grão colhido também é um problema. “São cerca de 10 quilômetros de estrada intransitável. Juntamos algumas pessoas e máquinas para tentar arrumar a estrada e conseguir tirar a soja que já está podre. O prejuízo é grande e certo”, disse o agrônomo.
Na extensão da via existem várias propriedades, mas a maior parte é de criação de gado, que também perdem com a situação, pois deixam de retirar gado da fazenda devido às condições da estrada. “A esperança, agora, é conseguir aproveitar o grão pra, pelo menos, transformar em ração”, cita o engenheiro.
Outras dificuldades
Segundo Jaime, o manejo da cultura também foi difícil por causa das condições das estradas. Durante todo o período de desenvolvimento do grão não foi possível utilizar pulverizador, apenas avião. “Tudo isso é muito triste. Todo mundo perde, a empresa sofre prejuízo, os funcionários perdem tempo de trabalho e o município também perde. Isso mexe até com nosso emocional. De todas as formas, perdemos. Nós plantamos, cuidamos, aí chega na hora da colheita e não conseguimos colher… É triste”, finaliza.