Resultado foi sentido em todo o país

O comércio varejista de Mato Grosso do Sul confirmou a tendência pessimista e teve vendas abaixo do esperado no “”. O cenário do Estado refletiu o visto no país. Dois indicadores apontam que os juros elevados e alta da inflação frearam o consumo dos brasileiros e fizeram de 2015 um dos piores resultados nos últimos anos.

Mesmo sem uma pesquisa regional, em Mato Grosso do Sul não ficou diferente. De acordo com o presidente da ACICG (Associação Comercial e Industrial de Campo Grande), João Carlos Polidoro da Silva, a previsão das vendas neste ano já eram mais baixas, fato que se confirmou. “As lojas específicas de crianças tiveram aumento, mas muito menor que em anos anteriores. No geral, as vendas desanimaram os empresários”. Ele concorda com a pesquisa nacional da Boa Vista SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito), que mostram um recuo de 3,4% nas vendas de 2015 quando comparadas ao ano passado. O cenário deste ano chegou ao pior resultado da série história Boa Vista.

Para Polidoro, muitas são as explicações para essa baixa nas vedas sentida em vários estados. “O atual cenário econômico, o aumento do desemprego, a alta dos combustíveis, a inflação, tudo isso tira poder de compra do consumidor, que fica mais criterioso na hora da compra”, explica ele.

Outro indicador de baixa neste ano são os dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). Segundo a pesquisa, as consultas para vendas a prazo caíram 8,95% na semana do Dia das Crianças, entre os dias 5 e 11 de outubro, em relação ao mesmo período do ano passado.

Em 2014, o volume de vendas já havia registrado uma queda de 1,50%, mas em anos anteriores, os resultados foram positivos: crescimentos de 3,15% (2013), 4,83% (2012), 5,91% (2011) e 8,5% (2010). Com o resultado de 2015, o recuo acumulado nos últimos dois anos já chega a 10,32%.

Para o presidente da CDL-CG (Câmara dos Dirigentes Lojistas de Campo Grande), Hermas Renan Rodrigues, as vendas refletem e acompanham o cenário nacional, chegando ao pior número nos últimos seis anos. “2009 foi um ano que já não tinha sido bom para os lojistas da cidade, mas agora em 2015 o resultado foi ainda pior. Não podemos dizer que todos segmentos estão com queda, mas a média, com certeza foi negativa em relação a anos anteriores”, explica ele.

As consultas para vendas a prazo do Dia das Crianças repetiram o comportamento de baixa das demais datas comemorativas deste ano: a queda nas intenções de vendas parceladas também se repetiu no resultado do Dia dos Namorados (-7,82%), Páscoa (-4,93%), Dia das Mães (-0,59%) e Dia dos Pais (-11,21%).

Hermas ressaltou que o Dia das Crianças é a 4° data comemorativa que mais vende o país, atrás do Natal, Dia das Mães e Dia dos Namorados. No entanto, essa baixa nas vendas deixa os lojistas preocupados e já sinaliza como vai ser o Natal. O Dia das Crianças é a última data comemorativa antes do Natal, e funciona como uma tendência para as vendas do final de ano. “O comércio tem que se preparar para o Natal, porque pelo que vimos esse ano vai ser difícil. Tem que ter criatividade, promoções e brindes para atrair os clientes”, afirmou.

Os consumidores também tiveram cautela esse ano na hora das compras. Segundo Polidoro, “o próprio consumidor já dizia que ia comprar menos, e optou por presentes que ficaram na faixa de 51 a 100 reais.

Esse resultado foi verificado em um loja de utilidades que fica na Avenida Afonso Pena, de Campo Grande. De acordo com o subgerente, José Barbosa, as vendas ficaram 40% abaixo do esperado. “As vendas melhoraram muito ontem (12), mas ainda não alcançou o visto ano passado. As pessoas não compraram muito esse ano. Mal vimos gente saindo com estoque de brinquedo, como em anos anteriores”.