Acordos reduzem salários de 33 mil trabalhadores no setor automobilístico
Para não serem demitidos, eles aceitam redução de até 30% na jornada de trabalho e nos salários
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Para não serem demitidos, eles aceitam redução de até 30% na jornada de trabalho e nos salários
O setor automobilístico já firmou acordos para que 33 mil trabalhadores sejam colocados no regime do PPE (Programa de Proteção ao Emprego), pelo qual, para não serem demitidos, eles aceitam redução de até 30% na jornada de trabalho e nos salários e recebem um complemento do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), correspondente à metade da redução salarial e até 15% dos vencimentos.
Segundo o presidente da Anfavea (Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores), Luiz Moan, em alguns casos a adesão foi acertada entre as empresas e sindicatos, mas falta homologação do governo federal. Além dos casos de redução de jornada, as montadoras têm 7,2 mil trabalhadores em regime de lay-off, ou seja, com o contrato de trabalho suspenso.
Para Moan, essas medidas são um esforço das empresas para não dispensar funcionários, apesar da significativa queda nas vendas. “Esses números demonstram claramente o esforço continuado do setor automotivo para a manutenção do nível de emprego à máxima possibilidade de cada uma das empresas”, afirmou o presidente da Anfavea, ao anunciar hoje (6), em São Paulo, o balanço do setor. As empresas do ramo empregam hoje 133,6 mil pessoas, 14,1 mil menos do que em setembro do ano passado.
A queda nas vendas chega a 32,5% na comparação entre as 296,3 mil unidades comercializadas em setembro de 2014 e os 200,1 mil veículos vendidos no mês passado. De janeiro a setembro, foram vendidos 1,95 milhão de veículos, 22,7% a menos do que os 2,52 milhões comercializados no mesmo período do ano passado.“Retornamos ao volume de vendas de 2007”, disse o representante da indústria automobilística.
Acompanhando a retração do mercado, os fabricantes de veículos reduziram o ritmo das linhas de montagem. A produção de veículos automotores caiu 19,5% em setembro, na comparação com agosto. Em setembro foram fabricadas 174,2 mil unidades, contra 216,6 mil em agosto.
Em relação ao mesmo mês de 2014, quando foram produzidos 300,8 mil veículos, a queda verificada no mês passado chega a 42,1%. “Sem dúvida nenhuma, um processo de ajuste do estoque”, comentou Moan sobre a redução na produção.
Um dos segmentos mais afetados pela queda nas vendas é o de caminhões. Apesar do aumento de 3,2% na comercialização entre agosto e setembro, os 5,8 mil veículos do tipo licenciados no mês passado representam uma queda de 44% em comparação com setembro de 2014. No acumulado de janeiro a setembro, a retração é de 47,3%. Foram 97,3 mil caminhões vendidos no mesmo período de 2014, contra 54,4 mil neste ano.
Os efeitos da redução do ritmo da atividade econômica são agravados, segundo Moan, por uma crise de confiança. Como exemplo, o presidente da Anfavea destacou a queda de 6,8% nas vendas de máquinas agrícolas entre agosto e setembro, de 4,2 mil para 3,9 mil unidades.
No acumulado do ano, a redução nas vendas é de 29,8%, de 52,5 mil máquinas de janeiro a setembro de 2014, para 36,8 mil no mesmo período deste ano. “Como fundamento real nesse momento, na minha visão, não existe razão para uma queda desse tamanho”, disse.
Moan ressaltou que o agronegócio tem tido uma “performance positiva”, com boas safras e preços favoráveis com a desvalorização do real. “Nós reputamos boa parte dessa queda a fatores ligados a índice de confiança, seja do consumidor, seja do investidor”.
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