Muitas pessoas nem se dão conta de quanto pagam de impostos por um produto. Em Mato Grosso do Sul, por exemplo, cada cidadão desembolsa R$ 2,1 mil em impostos, em média, por ano. Para os campograndenses, a contribuição aumenta em R$ 2,281 mil por pessoa. Os dados, divulgados pelo site www.impostometro.com.br  mostra também como aplicar o dinheiro, comprando dois notebooks, ou duas geladeiras, ou pagando mais de quatro salários mínimos, plantando 456 árvores e até mesmo fornecendo 16 bolsas família.

João Vicente, que vende frutas no centro da cidade, diz que sabe que a maioria dos produtos tem alta porcentagem destinada ao pagamento de tributos e reclama da conta de água que, somando valores, chega aos R$ 500.

“Já pago um absurdo em água, na conta já vem o imposto, fora as outras coisas que consumimos no dia-a-dia. Um refrigerante, por exemplo, meu amigo me falou que é quase a metade do preço. Ao invés de beber um litro, eu poderia beber dois”, exemplifica.

Ele defende que as frutas que vende, entretanto, têm baixa carga tributária, garantindo que são apenas 17%. O vendedor está quase certo. Neste site, é possível pesquisar o produto e o valor aproximado da porcentagem que é desembolsada ao comprá-los.

As frutas, por exemplo, chegam aos 22%. Dentre os mais caros da lista estão os perfumes importados (78%), a vodca (82%), cerveja (56%) e entre os produtos com pouca porcentagem de impostos estão o queijo (19%), o pão (17%), medicamento de uso animal (13%), livros escolares (16%) e até mesmo os casamentos com registro civil (17%).

Comércio tem 60% da arrecadação

O 1° secretário da ACICG (Associação Comercial e Industrial de Campo Grande) e tributarista Roberto Oshiro, explica que Mato Grosso do Sul acaba prejudicado por ter cinco Estados vizinhos e dois outros Países.

“O imposto recolhido é necessário para o investimento na cidade e no País, mas o Brasil tem uma carga tributária recolhida alta, uma das maiores do mundo, mas o dinheiro é mal aplicado. Em Mato Grosso do Sul a situação se agrava pela proximidade de Estados e até Países, aumentando a competitividade dos produtos de fora, fazendo com que o comércio daqui não seja tão valorizado”.

Exemplificando, países como o Paraguai tem baixíssima arrecadação, o que aumenta a concorrência dos produtos, fazendo com que os consumidores do comércio do Estado migrem para lá para fazer compras.

“Com carga tributária irrisória, prejudica o Brasil, que gera menos emprego, tem menos renda e, portanto, consegue vender menos”.

Em Mato Grosso do Sul, cerca de 60% da arrecadação concentra-se no comércio. “Isso porque o Estado é dependente do comércio. Já São Paulo é um Estado mais industrializado, a arrecadação não pesa tanto para o comércio, que aqui recebe pouco incentivo fiscal para pequenas e médias empresas”.