“Fulano não tem onde cair morto”. O dito popular traz a ideia que morrer é democrático. Basta morrer e tudo acaba. Só que não é bem assim. Morrer tem seus custos, eles podem ser altos e não se encerram com o fechar do caixão. O boleto vai sobrar para alguém que ficou pelos lados de cá. E a responsabilidade com taxas pode atravessar gerações.

Os serviços funerários estão por trás desses custos e, como qualquer empresa, buscam se reinventar, ainda mais quando a morte em si já não traz tanto lucro assim. Com isso, os negócios começam a ser fechados ainda em vida e as empresas do setor costumam vender planos. Para quem ficou, ainda restam taxas de manutenção nos cemitérios. Ou seja: os boletos não param de chegar nem no momento de descansar em paz.

Na segunda reportagem do Jornal Midiamax sobre death care (cuidados com a morte, em livre tradução), o assunto é o custo de morrer e como as despesas fúnebres podem ser eternas, passando de geração em geração. Além das taxas mensais, limpeza, conservação, impermeabilização e até exumações são gastos que, eventualmente, todo herdeiro de túmulo precisará lidar.

Livre mercado age, mas há regras

Pautadas pelo livre mercado, as empresas privadas podem praticar os preços conforme desejarem, desde que seguindo algumas regras, como não extrapolar a média geral cobrada, com custos desnecessários – o assunto foi tema da primeira reportagem da série, que pode ser conferida clicando AQUI.

Nesse contexto, consulta de preços feita pelo Jornal Midiamax com diversas Pax de Campo Grande chegou à conclusão de que os serviços funerários — de velório ao enterro — custam em média R$ 5 mil (em média, e considerando itens mais procurados), fora a taxa de manutenção que deve ser paga mensalmente por uma pessoa da família.

Contudo, um velório pode superar R$ 50 mil, a depender de várias questões, desde número de coroas de flores, lanche no velório, custo e localização do jazigo, além da qualidade do caixão.

Os valores variam conforme nível de sofisticação do serviço e tipo de jazigo e cemitério onde se é enterrado. Em linhas gerais, as funerárias oferecem planos mensais, pagos em vida, com valores entre R$ 60 e R$ 200 por mês.

Os planos vão desde os mais básicos aos mais requintados, que por vezes incluem capela para o velório, convênio de saúde e jazigos que vão desde gavetas às estruturas luxuosas. Posteriormente, há as taxas de condomínio, que custam entre R$ 70 e R$ 300.

O que acontece quando o titular do contrato morre?

Após a morte do familiar responsável pelo contrato com a funerária, é necessário ocorrer a transferência de titularidade. Logo, outra pessoa – herdeira – deve assumir a conta. Basicamente, uma pessoa compra aquele terreno de um cemitério, que recebe inclusive escritura formalizada em cartório. Após a morte desse ente, portanto, outra pessoa herda a titularidade do terreno, tornando-se a responsável.

Empresa do setor esclareceu, sob sigilo, o que acontece caso nenhuma família assuma a conta. Se após o enterro o novo titular mudar de ideia e não quiser mais pagar, o nome desse responsável deverá ficar restrito juntamente à Receita Federal. Em sequência, há um processo de avisos e, se mesmo assim não ocorrer pagamento, geralmente, o corpo é exumado e colocado em um ossário.

Imagem ilustrativa (Foto: Fábio Oruê)

Serviços gerais que são oferecidos

Segundo o Sindef-MS (Sindicato das Empresas do Segmento Funerário de Mato Grosso do Sul), as empresas que oferecem Pax (Plano de Assistência Funerária) são as fornecedoras desde urna, decoração floral, documentos relativos ao óbito, capelas para velório, lanche, carro para remoção, sepultamento e cerimonial.

Já o cemitério é o local onde ficam os jazigos. Para sepultamento, há opções de venda antecipada (plano) ou pronta utilização (aquisição do jazigo no momento do óbito); ambos com taxa de mensalidades por se tratar de empresas privadas, conforme o Sindsef.

“Vejamos um exemplo que pode explicar a situação das taxas mensais. Em um prédio de apartamentos, uma das obrigações do condômino é o pagamento da taxa de condomínio e, no cemitério, funciona da mesma forma. É importante salientar que o jazigo é propriedade exclusiva da família, sendo assim, a mesma poderá disponibilizar o jazigo para utilização futura dos serviços”, informa.

Quanto aos valores cobrados pelos serviços funerários, o sindicato afirma que a Prefeitura de Campo Grande regula os serviços.

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