Um supermercado de Campo Grande limitou a compra de pacotes de arroz por cliente e confirmou que o preço do grão sofreu aumento nesta quinta-feira (9). O motivo, segundo a gerência, é a situação do Rio Grande do Sul – um dos maiores produtores de grãos do Brasil – que está em estado de calamidade, desde a última semana, quando fortes chuvas atingiram o Estado e deixaram 425 cidades alagadas.

Um supermercado da Capital colocou um anúncio que limita a compra de 5 pacotes de arroz por cliente. A medida ainda é específica de algumas marcas, no entanto, o controle deve ser aplicado em todo o estoque de arroz.

Aumento foi aplicado nesta quinta-feira (Foto: Henrique Arakaki, Midiamax)

“O preço já subiu um pouco e fomos informados de que vai ter um novo aumento no valor de todas as marcas de arroz. Sabemos que vai subir ainda mais, mas ainda não temos a previsão de quanto vai subir”, relata.

Das marcas que já apresentaram alteração no preço, o Tio João é o que teve o amento mais relevante. O pacote de 5 kg que custava R$ 39,90, é vendido a R$ 43,90, diferença de R$ 4. O Tio Lautério e o Dallas tiveram aumento menos expressivos, de R$ 2,00.

O próximo aumento deve ser anunciado nos próximos dias. “Esses aumentos são por conta da situação no Rio Grande do Sul, que é um dos maiores produtores de grãos”, explica.

Preço do arroz deve subir mais nos próximos dias (Foto: Henrique Arakaki, Midiamax)

Questionada sobre o aumento no preço do arroz, a Amas (Associação Sul-mato-grossense de Supermercados) afirma que os valores não são regulados e que o comércio depende do gerenciamento interno de cada loja e estoque.

Sobre a possibilidade de escassez do produto, a Amas diz que há um problema em relação à logística porque os fornecedores não estão conseguindo seguir com as cargas. Confira a nota:

“Em relação ao abastecimento de produtos vindos do Rio Grande do Sul, a AMAS – Associação Sul-mato-grossense de Supermercados informa que, devido às enchentes, há um sério problema de logística, e consequentemente os fornecedores não estão conseguindo entrega-los, apesar de haver estoque”, pontua.

Federação garante que não faltará arroz

O presidente da Farsul (Federação de Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Sul) disse em entrevista nesta quinta-feira (9) que não vai faltar arroz.

Ao podcast “De onde vem o que eu como”, Gedeão Pereira declarou que o RS tem arroz para abastecer o mercado interno por, no mínimo, 10 meses.

Além disso, que a principal dificuldade no momento no estado gaúcho é para o transporte do alimento colinho para outros locais, pela interrupção nas estradas.

Presidente sugere importação para conter preços

Na última terça-feira (7), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), disse que o país pode precisar importar arroz e feijão para equilibrar a produção e conter o aumento dos preços.

“Fiz uma reunião com o ministro [do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar] Paulo Teixeira e com o ministro [da Agricultura, Pecuária e Abastecimento] Carlos Fávaro sobre a questão do preço do arroz e do feijão, porque estavam caros. Eu disse que não era possível a gente continuar com o preço caro. Alegaram que a área plantada estava diminuindo e que havia um problema do atraso da colheita no Rio Grande do Sul.”

“Agora, com a chuva, acho que nós atrasamos de vez a colheita do Rio Grande do Sul. Se for o caso, para equilibrar a produção, vamos ter que importar arroz, vamos ter que importar feijão. Para que a gente coloque na mesa do povo brasileiro um preço compatível com aquilo que ele ganha”, completou, ao participar de entrevista a emissoras de rádio durante o programa Bom Dia, Presidente, produzido pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC).

Enchentes no Rio Grande do Sul

As fortes chuvas que tiveram início no estado gaúcho na última semana, deixaram várias cidades alagadas. Conforme o boletim sobre o impacto das chuvas no Rio Grande do Sul, divulgados pela Defesa Civil do estado gaúcho, são 425 municípios afetados, 67.512 pessoas em abrigos, 164.583 desalojados, 1.476,170 pessoas afetadas, 374 feridos, 136 desaparecidos, 107 óbitos confirmados e 1 em investigação para saber se há relação com os desastre provocado pelas enchentes.

*Matéria editada às 19h em 09/05/2024 para alteração de informações