Nas vitrines, vestidos com estampas floridas, camisetas xadrez e saias rodadas já começam a evidenciar uma das épocas mais coloridas e festejadas do ano. Ao mesmo tempo em que as lojas exibem essas peças, ateliês de costura e lojas de aluguel de roupas típicas em Campo Grande também registram aumento na procura.
Para o setor de serviços, portanto, a confecção dessas peças tradicionais das festas juninas acaba sendo como um “Natal” para costureiras em geral. Ou seja, o ponto alto que ajuda a fazer a reserva dos demais meses sem tanta demanda.
Michele de Andrade é formada em administração de empresas, mas guardou o diploma há 10 anos para se dedicar à costura. Com a pandemia, investiu ainda mais no universo da linha e da agulha, com a confecção de máscaras de tecido.
“Na costura criativa, sempre confeccionava alguma coisa, porque tenho uma filha. Nas escolas têm as festas e sempre dava um jeito de fazer as roupas dela. Tem uns três anos que dou prioridade a esses eventos. As mulheres preferem os aventais juninos, pois são mais fáceis, cabe em todos os tamanhos, desde o PP ao GG. E também é prático porque está frio. O vestido fica mais complicado colocar casaco embaixo, e com o avental é só colocar um agasalho, e fica como um vestido”, detalha.
De R$ 60 a R$ 80, aventais são apostas do momento
A confecção ainda recebe influência da internet e inspiração para modelos exclusivos. Neste ano, a proprietária do Mi Ateliê se antecipou e já tem peças prontas para entrega, principalmente para atender quem deixa para a última hora. Cada avental infantil custa a partir de R$ 60 e o adulto R$ 80.
“Desde março comecei a ver os modelos e tecidos. A grande maioria deixa para a última hora. Em média, faço de quatro a cinco vestidos adultos por dia, infantil um pouco mais, por ter mais prática e habilidade. O público feminino é o que tem mais procura. O homem só coloca uma camisa xadrez ou um retalho e está pronto, já a mulher quer sempre um diferencial”, acrescenta.
Vestido de noiva em alta
Todo arraial de respeito tem o casamento junino. Por isso, a produção do vestido de noiva caipira também é uma procura, como conta a costureira Marinalva do Amaral Delmondes, mais conhecida como Mari.
“Ninguém me conhece pelo meu nome completo, estou aqui há 15 anos na Vila Carvalho, mas trabalho com vestidos de festa junina há cinco anos. A procura é grande, estão procurando bastante, mas como todo brasileiro, deixam tudo para a última hora”.
Os modelos que faz questão de mostrar são extremamente delicados, com fitas, detalhes até nos botões. A média de custo é de R$ 170 para o traje adulto e R$ 120 para o infantil.
“Se eu pego um modelo para fazer de manhã, até a hora do almoço está pronto. Sou bem rápida. Além das escolas, tem bastante festa temática, aniversários. Estou com a grande procura de vestido de noiva para noivado temático”, disse.
Elegância no caipira
Kelly Stoeterau Martins migrou do design de interiores para a costura, principalmente a personalizada, há sete anos. A profissional da Ateliê Casa da Kelly conta que adora os detalhes que tornam a roupa caipira sinônimo de elegância em eventos tradicionais deste período. As roupas personalizadas são feitas de acordo com as preferências do cliente.
“São muitos laços, laçarotes coloridos, cheios de vida. É o que mais tem aqui no ateliê nestes dias. As roupas juninas, que tentam reproduzir ao máximo as roupas caipiras, estão se tornando cada vez mais famosas. Tem uma encomenda de vestido junino até com pérolas e dourado. A maioria das mamães prefere modelos que veem na internet. Geralmente são influenciadoras que têm modelos lindíssimos. Então, as mamães querem que os pequenos se vistam assim também neste momento. No meu caso, trabalho apenas no segmento infantil, mas várias mamães perguntam se faço também para elas, e acabo fazendo alguns modelos mãe e filha”.
Apesar de os modelos novos serem diferenciais, o xadrez continua em alta. Para o público masculino, os coletes e a aplicação de acessórios na calça jeans são os preferidos. Kelly mostra o processo de produção, filmando cada detalhe sendo costurado, além do tipo de tecido utilizado.
“Bordados fazem a diferença nos vestidinhos, e também nas roupinhas masculinas. Os valores, em média, variam de R$ 150 a R$ 400, para a maioria dos modelos que tenho feito nestes dias. O traje junino é trabalhoso, não é difícil, mas é demorado, porque tem muita renda, muita fita, muitos detalhes. Existe uma certa elegância estampada nesses vestidos juninos. Outra característica é a qualidade dos tecidos. Embora muitas mamães queiram usar a chita, que é um tecido mais barato, ela não deixa de ter qualidade, porque também é 100% algodão”.
Aluguéis de trajes também crescem no período
Miracy Pinheiro de Souza Vieira, proprietária da Carol Fantasias, está animada com o movimento crescente. A loja aluga fantasias de modelos para bebês até o público GG, a partir de R$ 80. Este ano, a peça de “noivinha” tem sido muito procurada para aluguel.
“Geralmente, o cliente aluga no sábado e devolve na segunda-feira e quando [a festa] é no meio da semana, pega o modelo na véspera. Como sempre, batemos recorde na procura por modelos femininos adultos. As fantasias são cheias de detalhes, bem elaboradas. Muitas mães chegam com modelos influenciadas pela internet ou já sabem qual modelo querem ao olhar em nosso Instagram. Muitas mães preferem alugar em vez de comprar, pois as crianças crescem e não compensa gastar em algo novo sabendo que será perdido”.
A loja realiza entregas, mas também possui uma unidade física no bairro Pioneiros. “É sempre melhor a pessoa vir e experimentar, mas entregamos os acessórios na casa do cliente. Nosso público é bastante variado, incluindo o público escolar, como os trajes de noivinha e noivinho”.
Reservas adiantadas
Na Luna Locação de Trajes e Fantasias, a funcionária Liliane Barão Endo diz que vão para o segundo ano no aluguel dos trajes juninos, já que calcularam bons resultados no primeiro.
“As pessoas estão investindo em média R$ 100, com maior público no feminino. Já temos clientes reservando os trajes que vão usar só em julho. Nosso prazo de devolução é de três a quatro dias, no máximo. Tem influência da internet, têm clientes que trazem referências, mas temos bastante procura pelo tradicional”, finaliza.
