Sonhos frustrados por atrasos e cancelamentos de pacotes da Hurb se multiplicam em MS
São casos de quem não conseguiu fazer a primeira viagem internacional e até relato de casais que não comemoraram noivado
Clayton Neves –
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Em Mato Grosso do Sul se repetem histórias de planos frustrados pelo descumprimento de acordos com a Hurb. Entre 78 ações judiciais contra a empresa de viagens, casos de quem não conseguiu fazer a primeira viagem internacional e até relato de casais que deixaram de comemorar noivado ou realizar o sonho de conhecer os Estados Unidos a dois.
Em uma das ações, protocolada em Ponta Porã, servidor público conta que deixou de fazer a primeira viagem internacional com a esposa por falha da Hurb. Nos autos, ele conta que em 2020, durante a pandemia, desembolsou R$ 2.598 para conhecer Punta Cana, na República Dominicana. Por conta do período de fechamento das fronteiras, a previsão de partida foi estendida para 2022, com datas previamente indicadas.
“Enquanto o requerente e sua esposa aguardavam ansiosamente a chegada das possíveis datas de embarque para a sonhada viagem ao Caribe, já pesquisavam passeios a serem feitos e lugares a serem conhecidos. Além disso, o requerente precisou marcar antecipadamente férias de seu trabalho”, detalha o advogado.
Contudo, segundo o cliente, a viagem foi cancelada de última hora, poucos dias antes da data prevista. Sem liberação na empresa onde trabalhavam, ambos tiveram de abrir mão do sonho a dois.
Em outro caso, desta vez em Campo Grande, família inteira fez a compra de seis pacotes para Orlando, nos Estados Unidos. Apesar das compras atreladas entre si, quatro meses antes da partida três pacotes foram suspensos. Na justificativa, a Hurb informou estar “enfrentando limitações para o agendamento em razão das consequências da pandemia”. Com a situação, nenhuma das seis pessoas conseguiu viajar.
No ano passado, bombeiro da Capital também entrou com processo contra a companhia depois de não conseguir realizar o sonho da esposa de conhecer os Estados Unidos. Depois de pagar R$ 1.998 pelo pacote, o casal ainda teve de ir até Porto Alegre em busca do visto americano. Além de passagens aéreas e hospedagem, eles tiveram de desembolsar R$ 1.760 por ambos os vistos.
Mesmo com tudo pronto, a viagem dos sonhos não foi realizada por falta de retorno da Hurb. Na ação, os clientes afirmam ter ficado “em total desamparo e sem saber como proceder”.
Em processo mais recente, morador de Dourados também viu planejamento de meses ser frustrado. No relato à Justiça, o sul-mato-grossense detalhou que comprou pacote para Punta Cana como presente de aniversário para a namorada, no entanto, assim como nos casos anteriores, teve o prazo para a viagem alterado.
A mesma história com oito moradores da Capital que pagaram mais de R$ 7 mil para conhecer Porto Seguro em hotel com comida e bebidas inclusas. Às vésperas da data prevista, a empresa ampliou a data de partida para o segundo semestre de 2023.
Com os recorrentes cancelamentos, clientes que adquiriram pacotes com a empresa nos últimos meses relatam receio de que os contratos sejam cumpridos ou reembolsos realizados. O Jornal Midiamax questionou a empresa sobre as garantias de que o serviço seja prestado, mas não recebeu retorno até o fechamento desta matéria.
Segundo especialistas no direito de consumidores, a recomendação em caso de descumprimento é reunir o máximo de provas sobre a contratação realizada e acionar a justiça, seja por meio de advogado de confiança ou até mesmo pela Defensoria Pública.
Crise na Hurb
A Hurb, antigo Hotel Urbano, é uma agência de viagens que chama a atenção dos consumidores pelos pacotes nacionais e internacionais com preços atrativos. No entanto, muitos clientes têm colecionado problemas que vão desde cancelamento até mudanças repentinas de datas das viagens.
Em meio a crise, que inclui descumprimento de acordos comerciais e prazos de estorno, ontem (24) o CEO da empresa, João Ricardo Mendes, anunciou renúncia do cargo após xingar cliente sul-mato-grossense.
Em Mato Grosso do Sul, a Hurb é ré em 78 ações judiciais, só em Campo Grande são 51 processos de clientes que não tiveram acordo comercial cumprido pela empresa. Outras 27 ações acumulam-se nos juizados de Bataguassu, Caarapó, Cassilândia, Chapadão do Sul, Itaporã, Dourados, Três Lagoas, Nioaque, Nova Andradina, Paranaíba, Ponta Porã e Ribas do Rio Pardo.
Além dos tribunais, reclamações sobre a Hurb também se acumulam pelas redes sociais. “Golpistas”, “Decepção” e “Só fazem falcatrua” são alguns dos comentários dos internautas.
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