O aumento do preço do diesel anunciado esta semana pela Petrobras pode causar efeito cascata e impactar no bolso do consumidor campo-grandense. O reajuste que está chegando aos poucos às bombas é de R$ 0,69 o litro, o que é considerado expressivo.

Mas como esse impacto vai chegar às prateleiras dos mercados?

Primeiro, é preciso entender o processo para um produto chegar ao consumidor final. Os produtos são produzidos e levados por caminhoneiros fretistas, que abastecem seus veículos com o diesel.

Dessa forma, o custo do frete sobe com o reajuste do combustível, encarecendo o valor que os mercados pagam pelo produto. Então, esse aumento é repassado para o consumidor, no preço final.

O presidente do Sindicam-MS (Sindicato dos Caminhoneiros em Mato Grosso do Sul), Osny Belinati, enfatiza que esse aumento terá impacto não apenas nos trabalhadores do setor de transporte, mas também em toda a população.

“Esse aumento vai impactar de todas as maneiras. Mas quem mais vai sofrer é o povo. Tudo vai aumentar, pois o frete vai subir”, afirmou.

Ilson Gomes, de 58 anos, está no ramo de transporte há mais de uma década e expressa sua apreensão quanto aos possíveis impactos do diesel mais caro em seu trabalho.

“O frete é o meu sustento, e esse aumento certamente irá prejudicar. Eu acredito que esses aumentos são consequência das decisões políticas do país”, destaca.

Ele observa que, com o aumento no preço do diesel, será necessário reajustar os valores cobrados pelo frete para compensar os gastos com viagens.

“Com certeza, vou ter que aumentar os preços. Preciso repassar esse aumento de alguma maneira, então a única opção será aumentar os preços”, ressalta.

Ceasa-MS, doação de alimentos, Campo Grande
Movimentação de caminhões na Ceasa-MS (Foto: Marcos Ermínio / Jornal Midiamax)

Alta no preço de alimentos

Por outro lado, o setor alimentício de Mato Grosso do Sul estima que não haverá grandes impactos pelo aumento do preço do diesel, uma vez que o reajuste não é tão expressivo como o ocorrido em 2021.

Denyson Prado, presidente da Amas (Associação Sul-Mato-Grossense de Supermercados), explica que alguns fornecedores podem optar por ajustar os preços, mas esses aumentos não devem ser significativos.

“Grandes aumentos são difíceis de ocorrer, com exceção do período da pandemia, quando o combustível subiu 50%. No dia a dia, o sobe e desce dos preços dos combustíveis, similar ao da carne, não altera os valores, especialmente os de commodities”, destacou.

Entretanto, a Amas esclarece que o setor depende da logística e, se as empresas de transporte repassarem o aumento para a indústria, isso também será repassado ao varejo, embora em menor escala, que por sua vez será refletido no consumidor final.

“Pontualmente, a Amas não percebe um aumento de preços por conta do reajuste dos combustíveis”, esclarece Denyson Prado.