A contratação de seguro veicular tem pesado cada vez mais no bolso dos motoristas. Conforme o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), o seguro voluntário de veículo ficou até 32,14% mais caro no Brasil, no acumulado de 2022. Especialistas dão dicas para ter apólice mais barata em Mato Grosso do Sul.

Além dos fatores principais que norteiam o valor das apólices, como perfil, idade, modelo, valor do veículo e a finalidade da utilização, a pandemia de Covid-19 e o encarecimento no preço dos combustíveis também entraram na conta.

O aumento da procura por veículos novos e usados desequilibrou a balança da oferta versus demanda. “As pessoas não estavam consumindo produtos e serviços como antes, como roupas, viagens, festas, etc. Esse aumento de demanda não foi acompanhado pela oferta de veículos, visto que a produção ficou comprometida com o fechamento temporário das fábricas e montadoras e com o fornecimento de peças e componentes importados, principalmente as provenientes da China”, explica o corretor de seguros e consórcios, Vinícius Santa Bárbara.

O profissional acrescenta que diante desse cenário de valorização de veículos e peças, foi comum observar aumento entre 10% e 25% nas apólices de seguro nos últimos três anos. 

“Também houve atualização na tabela dos prestadores de serviço, como guinchos e assistências, contribuindo também para o aumento da taxa”, avalia. 

A corretora de seguros e diretora de comunicação do Sincor/MS (Sindicato dos Corretores de Seguros Mato Grosso Do Sul), Bruna Scherer Lange, explica que não há um único índice pré-fixado para calcular o reajuste dos seguros veiculares, porém os custos são diretamente impactados pela inflação, sinistralidade e análise cadastral do cliente. 

A sinistralidade contabiliza a ocorrência de acionamentos do seguro, seja por colisões, roubo, pequenos reparos, socorros mecânicos ou guinchos. Este índice pode ter um impacto individual – no caso de uma pessoa ter um histórico com muitos acidentes, por exemplo – ou um impacto a nível de mercado – quando o número de ocorrências é recorrente como um todo. 

“Para exemplificar, se uma localidade tem alta incidência de roubo, a sinistralidade será alta e consequentemente a tarifação do seguro será elevada”, ela expõe. 

Outro fator determinante na visão da diretora do Sincor foi que, durante os momentos mais críticos da pandemia, ocorreu a diminuição da frota circulante, o que reduziu os números de sinistros e, consequentemente, o ticket médio por cliente. 

Porém, com o aumento do valor de mercado dos veículos, visto a baixa oferta de veículos novos e escassez de peças, as seguradoras tiveram que indenizar valores acima dos calculados na contratação. 

“Quando ocorreu a flexibilização das medidas de distanciamento social e retomada das atividades econômicas, a frota circulante voltou a níveis anteriores a 2020 e, com o aumento dos acidentes, foi preciso ajustar as taxas para o equilíbrio da operação. Resultado disso é o aumento de 32,45% da média dos prêmios do seguro veicular no último ano”, ela explica. 

Seguro pesa no bolso, mas clientes não abandonam

Com o valor do seguro veicular mais caro no último ano, os clientes buscam outras vantagens além da proteção veicular na hora de fechar o contrato. 

Os motoristas contratam a apólice de seguro veicular, geralmente, na esperança de nunca usá-la, como é o caso da gerente de processos, Rosane Moreira, de 33 anos. 

Ela possui seguro desde o primeiro carro, em 2015, e conta que o valor subiu muito nos últimos, mas ainda vê como algo vantajoso caso tenha algum imprevisto. 

“Seguro não queremos usar, mas quando precisar que ele possa me atender por completo. Eu encontro opções como vantagem do seguro do carro ter alguns serviços inclusos, como assistência com profissionais para realizar reparos como elétrica, hidráulica. No ano passado até usei para fazer o descarte ecológico de móveis de madeira que troquei em casa, tudo gratuito pelo seguro”, ela avalia. 

Já no caso do militar Rodrigo Oliveira, de 53 anos, que possui seguro há 20 anos, ele questiona o encarecimento das apólices diante do melhoramento de tecnologias que ajudam no monitoramento de veículos segurados. 

“Ao meu entender isso é um fator que contribui para que não tenhamos justificativas dos aumentos que estão sendo praticados. Um exemplo são nossas rodovias com sistemas de monitoramento em tempo real, tornando praticamente impossível um veículo ‘roubado’ chegar a fronteira, o que era bem comum antigamente na nossa região”, ele conta. 

O militar observa aumento no valor das apólices desde 2019, o que tem pesado no bolso, especialmente quando há mais de um veículo segurado em casa. 

“Eu sempre solicito a minha corretora mais de um orçamento para pôr tudo na balança e decidir. Acredito que para isso seja fundamental o papel do corretor em saber mostrar com transparência para o cliente todas as alternativas com suas variáveis”, aponta.

O que observar na hora de contratar um seguro veicular?

A tendência para os próximos meses é que os valores na área de seguro normalizem diante da regularização da produção, montagem e entrega de veículos, peças e componentes, afirma o corretor Vinícius Santa Bárbara.

“Acreditamos ser o fator principal para a manutenção dos valores e o estacionamento da taxa inflacionária no valor das apólices”, explica. 

Assim, diante de um cenário mais favorável, seguem algumas dicas para a hora de contratar o seguro, conforme cada necessidade:

  • Cotação em diversas companhias seguradoras pode ajudar na busca por melhores valores;
  • Continuidade das apólices para aproveitamento dos bônus de renovação fazem com que o desconto para o próximo ano seja vantajoso para o cliente;
  • Ter um bom histórico como condutor;
  • Boa análise cadastral;
  • Menor exposição a riscos de colisão e roubo contribuem para custos menores;
  • Contratar o que realmente é necessário.