O que era para ser um bom negócio acabou se tornando uma grande dor de cabeça para uma auxiliar de cozinha moradora de Campo Grande e também para uma empresa especializada em fibra óptica. Isso porque elas foram envolvidas no golpe de ‘falso intermediário’, modalidade de estelionato cada vez mais crescente e que pode fazer mais vítimas desatentas.

A vítima relatou ao Jornal Midiamax que buscava uma televisão como presente de Natal para os filhos. A negociação, no entanto, terminou com prejuízo de R$ 1 mil reais por fazer Pix numa conta falsa. 

Tudo aconteceu no dia 16 de dezembro, quando a mulher encontrou um anúncio de venda de televisão no Marketplace – a plataforma de vendas do Facebook. Na rede social, entrou em contato com uma outra moça, que teria informado que a compradora deveria fechar negócio com o dono da televisão. Pelo WhatsApp, ambos conversaram e combinaram de pegar a televisão em uma empresa localizada na região central de Campo Grande.

Conforme relato da vítima, ela foi até o estabelecimento, conversou com a gerente do local, responsável pela venda, e ambas fecharam o negócio. No entanto, o problema ocorreu bem na hora do pagamento: com os dados bancários do golpista enviados antecipadamente, a mulher encaminhou o dinheiro por meio de um Pix ao falso intermediário.

“Comprou”, mas não levou

Logo, na hora de levar a televisão, a auxiliar de cozinha foi impedida porque o dinheiro não chegou ao destinatário correto. Ainda conforme a vítima, ela ficou bem chateada com a situação porque, além de ter levado o prejuízo financeiro, a televisão era presente de Natal dos filhos. Um boletim de ocorrência foi registrado como Estelionato.

O que diz a empresa

A empresa responsável pela venda deu um parecer ao Jornal Midiamax e alega também ter sido vítima de um golpe. Segundo a gerente que intermediou a venda, a televisão realmente foi colocada em anúncio nas redes sociais, porém, no dia do ocorrido, um homem teria entrado em contato alegando interesse no produto e que iria mandar uma funcionária ao estabelecimento para comprar a televisão como forma de pagamento de dívida. 

Quando a vítima chegou ao local, a gerente teria sido informada por esse homem, no WhatsApp, que a funcionária já estava lá.

Assim, a negociação entre as duas aconteceu. Enquanto a empresa achou estar fazendo negócio intermediada por um suposto empresário, a vítima acreditou que o homem seria dono da televisão. Dessa forma, a falta de checagem dupla com os dados corretos do Pix acarretou pagamento de conta terceira, que pertence a ‘falso intermediário’.

Falso intermediário: Chip desativado e chá de sumiço

Ainda conforme a mulher que compraria a televisão, o homem com quem ela teria conversado desativou o chip do celular após o recebimento da quantia. A empresa ainda explica que não concedeu a televisão a outra envolvida porque não recebeu o pagamento.

“Ela comprou com outra pessoa que não faz parte da empresa. Pedimos a mesma o comprovante de pagamento e ela se recusou a fornecer uma cópia. Checamos nas contas da empresa e não caiu o valor da TV, ou seja, ela fez o PIX em conta de outro anúncio. O nosso anúncio dizia R$ 2.500 reais pela TV e não R$ 1.000 reais”, disse o dono da empresa ao Jornal Midiamax.

Assim, os responsáveis pela televisão também procuraram a delegacia para registro de boletim de ocorrência. “O policial disse que esse golpe é bastante comum e que geralmente enganam vendedor e comprador de carros”, ressalta. Agora, a vítima aguarda demais prosseguimentos da investigação policial.

Cada vez mais elaborados

Tendo em vista que os golpes estão cada vez mais elaborados, o Jornal Midiamax foi atrás de uma opinião especialista. Geferson Medina, 36 anos, trabalha com segurança cibernética e explica que os golpistas digitais estão cada vez mais criativos nas formas de enganar as pessoas.

Nesse caso específico envolvendo a plataforma do Marketplace, ele ressalta que as pessoas se sentem atraídas, pois são produtos de alto interesse a preços abaixo do mercado. Para isso, os golpistas “duplicam” os anúncios e fazem as alterações para que pareçam mais atrativos.

“Essas pessoas são capturadas pelo emocional e o desejo de adquirir um produto com baixo preço”, explica. Além disso, afirma que o sistema de pagamento por Pix é seguro, mas é sempre necessário atenção redobrada para não cair em golpes.

“Com estas facilidades, os golpistas são criativos e criam novas formas para aplicar golpes, como a tentativa de extorsão informando a um usuário que possui sua chave PIX por telefone e envia um PIX Agendado de um valo X e liga para o usuário informando que enviou um PIX errado no valor conforme consta no recibo”, detalha.

Segundo o especialista, o usuário – ao validar o recibo – verifica que é verdadeira a transferência, porém o valor não é creditado de imediato em sua instituição financeira, e muitas pessoas, por agirem de boa-fé, fazem a devolução sem mesmo ter recebido o valor informado pelos golpistas, deste modo o valor enviado para os golpistas dificilmente conseguirá ser estornado pelo golpe.

Como prevenir os golpes online

Dentre as dicas citadas pelo especialista, ele destaca que há várias formas de prevenir cair nesses golpes: 

  • Desconfiar de anúncios de produtos ou serviços que estão muito abaixo do preço de mercado;
  • Abrir uma nova janela do navegador e ir diretamente no site do vendedor e fazer a busca pelo produto ofertado, para validar se a oferta de venda é verdadeira ou se é um anúncio duplicado;
  • Recomenda-se ao usuário utilizar bloqueadores de anúncios Ad Block ou Ublock em seus dispositivos nos navegadores de internet, estes bloqueadores são gratuitos e funcionam com diversos navegadores Google Chrome, Mozilla Firefox, Microsoft Edge e Opera e são compatíveis com Computadores, Android e iOS.