Evasão de 2 milhões descongestionou serviços

Consumidores melhoraram suas avaliações sobre seus planos de saúde e passaram a apontar menos problemas, aponta relatório do Estudo Planos de Saúde 2016. Conforme divulgou o site O Globo, o motivo deve-se a saída de aproximadamente 2 milhões de usuários dos planos de saúde, em função da recessão e do desemprego, o que descongestionou vários serviços.

O estudo foi divulgado pela CVA Solutions, cujos dados apontam que, em relação a 2015, o número de pessoas que dizem não ter tido problemas com seus planos aumentou de 36,6% para 42,9% e a nota do setor subiu de 6,67 para 7,00, na escala de 1 a 10. Mesmo assim, se fosse fácil e descomplicado, 72,9% dos entrevistados disseram que mudariam de operadora. Desses que dizem querer mudar, 81% o fariam para buscar melhor preço. Os outros 19% trocariam de operadora para ter um serviço melhor.

A demanda pela maioria dos serviços privados diminuiu por conta da recessão no Brasil. De acordo com Sandro Cimatti, sócio diretor da CVA Solutions, quando a demanda é menor, há menos filas, menos problemas e a percepção da qualidade é favorecida. Segundo o executivo, diferente de outros seguros, os planos de saúde são bastante usados pelos usuários, e começam a crescer os serviços oferecidos, como descontos em medicamentos, clube de vantagens, programas de prevenção e promoção da saúde.

Entretanto a comunicação entre a operadora e o segurado precisa melhorar, para que a existência dos serviços seja conhecida e, assim, o usuário possa availar melhor seu plano de saúde. Como existe predisposição na utilização de tecnologias digitais, as operadoras devem intensificar seu uso para conhecer e atender os consumidores de forma personalizada.

O estudo detectou um problema quanto ao uso do pronto atendimento para solução de problemas que poderiam ser resolvidos em uma consulta médica. Entre os entrevistados, 64,8% afirmaram que ele, ou alguém da sua família, foram ao pronto atendimento. Foi identificado que se houvesse maior agilidade em marcar consultas, o uso do pronto atendimento seria menor.

Serviços e Programas de prevenção e promoção da saúde

Serviços adicionais e novos programas de prevenção têm sido criados, mas há falhas na comunicação. Na opinião de Sandro Cimatti, doentes crônicos, precisam de programas mais efetivos de prevenção, para reduzir o nível de hospitalização. Para os saudáveis, faltam programas para evitar obesidade, tabagismo, sedentarismo, entre outros.

Para o executivo, faltam ações que levem os beneficiários a conhecer e participar dos programas de prevenção de doenças e promoção da saúde. De acordo com o novo estudo da CVA Solutions, 38% já ouviram falar dos programas de prevenção e promoção da saúde, mas apenas 13% já participaram de algum deles.

Médicos de Família podem ajudar a reduzir custos

Sandro Cimatti afirma que ao trabalharem mais próximos de médicos que acompanham regularmente a família, os custos seriam reduzidos. Isso evitaria que os beneficiários iniciem o tratamento por médicos especialistas e façam exames desnecessários ou utilizem o pronto atendimento. Além disto, estes médicos poderiam ajudar a comunicar e estimular os beneficiários a participarem dos programas de prevenção e promoção de saúde. Para Cimatti, com a instituição do médico de família a adesão de usuários aos programas de promoção de saúde mudança de hábitos pode melhorar.

Planos Odontológicos: potencial para crescer

A CVA Solutions também realizou um estudo sobre Planos Odontológicos, quando ouviu 3.788 consumidores de todo o país, que citaram mais de 30 empresas. Os usuários estão mais satisfeitos dos que os de planos de saúde, sendo que a nota do setor é 7,84. Mesmo assim, 73,3% afirmam que mudariam de plano se fosse mais fácil e descomplicado.

De acordo com Cimatti, o segmento de planos odontológicos tem um bom potencial para crescer: o preço é acessível versus os tratamentos oferecidos. “Não existe ainda uma cultura da necessidade de fazer ao menos uma consulta anual ao dentista, mesmo que seja apenas para um check up ou limpeza. Falta as operadoras estimularem e criarem o hábito, pois o plano odontológico é vantajoso para quem costuma ir regularmente ao dentista”, observa Cimatti.