E depois de quase um mês de férias, chegou a hora de voltar para a sala de aula. Na próxima semana, alunos da rede municipal e estadual de Campo Grande retomam a rotina escolar. A transição dos dias tranquilos, sem horário para acordar, para uma rotina com despertador, mochila arrumada e cadernos em dia pode causar um verdadeiro misto de sentimentos.
Em média, 190 mil estudantes da REE (Rede Estadual de Ensino) voltam para as salas de aula na terça-feira (5), sendo 45 mil em Campo Grande. Já na Reme (Rede Municipal de Ensino), que atende uma média de 110 mil alunos, tanto em Emeis (Escolas Municipais de Educação Infantil) e Ceinfs (Centros de Educação Infantil), como escolas do ensino fundamental, os alunos retornam um pouco antes, na segunda-feira (4).
Assim, para entender como esse retorno pode afetar o desempenho e a saúde emocional dos estudantes, o Jornal Midiamax conversou com uma especialista no assunto.
Mistura de ansiedade, medo e expectativas
Yasmin Zshornak Pires tem 18 anos e está no 3º ano do ensino médio na rede estadual. Ela conta que aproveitou as férias para descansar, não só da escola, mas de outras atividades que fazem parte da sua rotina. Agora, ela se prepara psicologicamente para o semestre que promete ser o mais intenso do ano.
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“Aproveitei para descansar bastante. Eu sinto que esse 2° semestre vai ser ainda mais intenso que o primeiro. A escola por si só já exige muito de nós, ainda mais no terceiro ano; são muitos conteúdos, provas, trabalhos, fora toda a movimentação do terceiro ano em relação à formatura”, relata.
Além da ansiedade com o Enem e a formatura, Yasmin sente o peso emocional de encerrar um ciclo. Ela destaca o vínculo construído com a escola e as pessoas ao longo dos anos. “Estou ansiosa para voltar às aulas, porém estou com medo também. O nervosismo por conta dos vestibulares, Enem começa a aparecer. Além disso, temos a nossa formatura do ensino médio. Eu fico feliz por estar ‘acabando’, mas também fico muito triste, porque eu vou sentir falta desse ambiente” declara.
Para conseguir dar conta de tudo, Yasmin sabe que organização será fundamental. No primeiro semestre, a falta de tempo comprometeu o rendimento escolar. Como resultado, agora, o foco é evitar que isso se repita. “Eu já começo preparando o psicológico, já coloquei na minha cabeça que não vai ser fácil. […] Eu estou tentando organizar melhor meu tempo, para não prejudicar nenhuma área da minha vida”.
Metas nas férias
Kaio Mendes Rojas Cardoso é pai de Claudia Cristina, de 10 anos, e padrasto de Diego, também de 10, e da Lavínia, de 7. Ele conta que, durante as férias, a família manteve uma rotina para não perder o ritmo da escola. “A gente colocou metas para eles. Um tinha que fazer a forma silábica e o outro, tabuada. Só para não perder o ritmo da escola até voltar as aulas”, explica.
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Durante a semana, as crianças continuaram indo dormir por volta das 21h. “Quando é dia de semana, umas 21h já estão dormindo, pra não perder o ritmo”, contou.
Portanto, regra era clara, só podiam brincar depois de cumprirem as metas do dia.
Como manter uma rotina saudável no retorno às aulas
A psicopedagoga Pietra Garcia explica que o segundo semestre carrega um histórico emocional. Ele não é um “novo começo”, mas sim uma continuação que exige ainda mais dos estudantes.
Segundo ela, o corpo e a mente já vêm de um ritmo intenso e, por isso, as férias de julho não são suficientes para renovar o ânimo de todos. “O retorno no período do meio do ano envolve o processo de que essa criança já experienciou alguns meses e pode gerar uma sensação de cansaço. Essa pausa pode ser mais ansiogênica do que um momento de descanso antes de retomar a rotina”, afirma.
Dessa forma, ela explica que o equilíbrio precisa ser construído ao longo das semanas. O ideal, segundo Pietra, é que as famílias e os próprios estudantes já tenham uma estratégia para não deixar que o cansaço vire desorganização.
Para isso, ela compartilha algumas orientações práticas que podem ajudar nesse retorno:
- Incluir momentos de relaxamento e lazer no dia a dia;
- Evitar que as férias sejam o único momento de descanso;
- Trazer para o cotidiano atividades como visitas a museus, filmes e jogos educativos;
- Observar os pontos mais difíceis do semestre anterior (como horários ou entrega de tarefas);
- No caso de maiores impactos e/ou familiares terem problema de compreensão dessas adversidades, procurar ajuda de profissionais em casos de dificuldade persistente.
Ambiente saudável
Mais do que uma rotina funcional, a psicopedagoga argumenta que o ambiente escolar e o familiar precisam estar atentos à individualidade de cada aluno. Ela afirma que comparar um estudante ao outro pode atrapalhar mais do que ajudar.
“É importante tanto para os familiares quanto para as escolas e profissionais envolvidos compreender que cada criança e adolescente é um sujeito único, e que, mesmo que esteja na mesma família ou no mesmo ano, ele vai aprender no seu tempo e com suas especificidades. Comparações e médias costumam ser comuns, mas são muito prejudiciais no processo de aprendizagem”, conclui.
O calendário escolar da REE e Reme prevê o fim das aulas em dezembro, com direito a recesso em outubro.
*Com supervisão de Guilherme Cavalcante.
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