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Cotidiano

‘Vamos poder negociar’: autoescolas aprovam fim da obrigatoriedade de aulas práticas

Governo Federal pretende reduzir burocracias para a emissão da CNH e acabar com a obrigatoriedade de passar por autoescola
Murilo Medeiros, Liana Feitosa -
detran
Espaço de aulas práticas. (Divulgação, Detran)

Vinícius Barbosa, de 28 anos, é barbeiro de profissão, mas sabe dirigir bem e já teve até carro próprio. O problema é que ele não tem CNH (Carteira Nacional de Habilitação) e só procurou uma autoescola para regularizar a documentação neste ano. Para isso, pagou cerca de R$ 3 mil em aulas e guias do Detran (Departamento Estadual de ).

No Brasil, há cerca de 20 milhões de pessoas dirigindo sem habilitação como Vinícius, conforme o Ministro dos Transportes, Renan Filho. Por isso, o pretende reduzir burocracias para a emissão da CNH e acabar com a obrigatoriedade de passar por autoescola. Elas continuariam existindo, mas seriam opcionais e a carga horária se tornaria mais flexível.

Empresários do setor ouvidos pelo Jornal Midiamax veem a novidade com otimismo. “Vamos poder negociar com o aluno. Se a pessoa já dirige, vai me pagar um valor, fazer quatro aulas, por exemplo, e o instrutor manda para exame. Se você reprovar, é por sua conta e risco. Então, essa mudança vai causar um impacto, mas talvez não seja tão prejudicial para nossa atividade”, explica Jairo Ricci, dono de autoescola há 18 anos.

No entanto, os empresários também alertam para a necessidade de reduzir outros custos do processo de emissão da carteira. “Para pagar as guia do Detran, é de R$ 900 a R$ 1.000. Então, também é um valor muito alto”, diz Roney Santos, instrutor e diretor de autoescola. Os custos nesse caso são para realização de provas e exames médicos.

Mais flexibilidade

Atualmente, para dirigir carro ou motocicleta, é obrigatório realizar 20 horas de aulas práticas e 45h de teóricas, além de passar por exame psicológico e médico e prestar duas provas, sob responsabilidade do Detran. A ideia de reduzir burocracias não é nova e já foi proposta em projetos de lei, em tramitação na Câmara de Deputados. Além disso, o governo Bolsonaro também realizou estudos sobre essa possibilidade no fim do mandato.

Na manhã desta quarta-feira (28), Vinícius Barbosa aguardava aula prática em uma autoescola de . “Se eu fico fora da barbearia, ganho menos dinheiro, e a obrigatoriedade das 20 horas-aula deixa as taxas muito altas. Esse foi um dos motivos para eu demorar tanto para tirar o documento”, explica o jovem. Ele já sabe dirigir, mas precisará cumprir a mesma carga horária exigida para um iniciante.

Jairo Ricci, dono de autoescola, já viu muitos casos iguais ao de Vinícius. “Nós temos uma realidade de que a maioria dos alunos é de pessoas que já dirigem, então, elas vêm e muitas vezes não querem fazer aula”. Já o instrutor Roney Santos acredita que parte do público continuará recorrendo às autoescolas. “Aquelas pessoas que não têm tempo de levar o filho para ensinar a dirigir vão procurar uma autoescola de confiança”.

Vinícius Barbosa concorda. “Se você passar na prova, é porque está apto a dirigir, então por que as aulas? Para mim, é uma forma de ganhar dinheiro”. O barbeiro afirma que, se a nova regra entrar em vigor, o processo será adaptado às necessidades de cada um. “Quem precisa, vem na autoescola, faz aula e vai fazer a prova. Agora, quem já tem noção, se quiser se aventurar e fazer o exame, que vá também. Fica bom para todo mundo”.

É caro para todo mundo

Apesar dos altos valores cobrados, com preço médio de R$ 3 mil pelo processo de emissão de CNH, os empresários chamam atenção para o custo às autoescolas. “Chegou num ponto em que ficou caro para o cidadão e ficou ruim para nós, empresários. A gente não consegue ter uma margem boa de lucro”, diz Jairo Ricci. Ele explica que etapas do processo são terceirizadas, como a biometria para controle de frequência.

“Ou seja, a gente tem muitos sócios. Fica difícil, todo mundo está mordendo um pouquinho, e o custo está lá em cima. Além disso, o nosso insumo não é barato. Um carro custa caro, nós temos que colocar gasolina, mais a mão de obra, e ainda precisamos enfrentar essas ruas destroçadas, que dificultam a manutenção”, conclui o dono de autoescola.

Além disso, Jairo Ricci ressalta outra importância das autoescolas: facilitar o processo burocrático junto ao Detran. “Nós fazemos tudo aqui. A secretária faz o cadastro do aluno, entra no sistema do Detran, agenda exame… Precisa ter esse intermediário, e a gente faz esse serviço, digamos, assim, de despachante”, explica. Na opinião do empresário, os Detrans não têm estrutura suficiente para atender a essa demanda.

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