União Nacional LGBT faz protesto na Alems contra fala de deputado sobre ‘Barbie da Shopee’
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A UNA LGBT (União Nacional LGBT) protesta na manhã de terça-feira (18), em frente à Alems (Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul) contra as declarações do deputado João Henrique Catan (PL) sobre a ‘Barbie da Shopee’.
“Os movimentos LGBT+ juntamente com os movimentos sociais estaremos lá para denunciar e pedir que o deputado estadual venha responder pelo seu crime”, diz a presidente estadual da UNA, Sofepoar.
Na semana passa, o deputado estadual criticou professora Emy Santos, que é transexual e se fantasiou de Barbie para recepcionar os alunos de uma escola municipal de Campo Grande, no início do ano letivo de 2025. Catan exibiu o vídeo na tribuna.
“Fantasiado de travesti. Essa é a vestimenta para ir na sala de aula dar aula para as crianças? Eu quero saber se isso está no conteúdo de ensino, o que isso contribui para o ensino? Eu quero saber se os pais dessa comunidade escolar gostariam de receber todos os professores vestidos ao contrário. Qual debate ele promoveu para essas crianças de 6 e 7 anos?”, disse o deputado, durante sessão na Alems.
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A própria professora postou a filmagem, além da gravação estar exposta nas redes sociais no perfil aberto “@afro_queer”. “Ganhei apelido de Barbie da Shopee’, brincou a professora nas imagens.
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Reações
Em resposta, a deputada Gleice Jane (PT) se manifestou dizendo que considerava o discurso de Catan homofóbico e agressivo.
“Hoje o crime de homofobia é equiparado ao crime de racismo. Uma mulher transexual tem o direito de ser professora, de ser deputada. A transição de gênero não tem qualquer relação com conotação sexual. Precisamos entender o que é homofobia e educação. E o que a gente viu aqui foi um conteúdo homofóbico e criminoso, que estimula a morte de mulher trans no estado”, pontuou.
No dia seguinte, o deputado Pedro Kemp (PT) retornou ao assunto e pediu respeito a professora. “Ontem, no meu entendimento, o deputado João Henrique fez aqui um discurso enviesado, um discurso inadequado que expôs, atacou publicamente a professora e artista Emy Santos, uma mulher trans, profissional de educação e servidora pública”, disse.
Por sua vez, o deputado Catan disse que não cometeu preconceitos e negou exposição da professora. “Eu não expus em momento nenhum, foi exposto na rede social do professor, da professora, vamos respeitar o jeito que ela quer ser chamada. Quem expôs foi ela as crianças, a imagem quando é disponibilizada na rede mundial de computadores, ela é imagem de domínio público”, defendeu.
Denúncia
O titular da Semed (Secretaria Municipal de Educação) de Campo Grande, Lucas Bittencourt, confirmou o registro de uma denúncia na ouvidoria da pasta sobre a professora.
Em nota encaminhada ao Jornal Midiamax, a Semed afirmou que o uso de fantasias é prática comum e recurso pedagógico para incentivar participação das crianças
O secretário de educação de Campo Grande explicou que será feita uma investigação sobre o caso, mas pontuou que atividades lúdicas são permitidas desde que estejam vinculadas à BNCC (Base Nacional Comum Curricular).
“Quando a gente fala em volta às aulas, a gente tem que acolher o melhor possível as crianças. Houve sim uma denúncia que chegou à Secretaria de Educação e toda vez que chega uma denúncia na ouvidoria a gente precisa averiguar. Foi aberto um processo de averiguação e, diante desse processo, iremos averiguar o que aconteceu, e se é necessário alguma intervenção ou orientação”, explica Bittencourt.
O titular da Semed também apontou que a prática de se fantasiar como um personagem é uma prática comum com crianças menores. “A educação infantil trabalha muito a parte lúdica, por exemplo, têm diretoras que vão vestidas como uma série de personagens. O que isso tem a ver com o currículo? É isso que vamos conversar para buscar as orientações, transparência, clareza e o respeito acima de tudo”, afirma.
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