Pular para o conteúdo
Cotidiano

Tema de peça jurídica em exame da OAB gera controvérsia em candidatos e professores 

Candidatos alegam que houve falta de compatibilidade entre exigências da questão e o edital da prova
Idaicy Solano -
vagas
Candidato realizando prova (Ilustrativa, Freepik)

A prova prático-profissional de Direito do Trabalho da 2ª fase do 43º Exame de Ordem Unificado, aplicada neste domingo (15), gerou repercussão negativa entre candidatos e professores. Conforme relatos que chegaram ao Jornal Midiamax pelo canal Fala Povo, as principais reclamações são a respeito de uma suposta incompatibilidade com o edital.

A prova é composta por quatro questões dissertativas e uma questão onde os candidatos devem redigir sobre uma peça processual trabalhista. A questão exigia que os candidatos defendessem uma reclamação trabalhista cujo a vítima teria a aposentadoria bloqueada e o imóvel residencial penhorado. O enunciado também tratava de nulidade de citação, prescrição intercorrente e tutela provisória.

A FGV (Fundação Getúlio Vargas), banca organizadora da prova, cobrou a elaboração de uma exceção de pré-executividade, peça sem previsão legal expressa e de aceitação ainda controversa nos tribunais superiores, conforme apurado pela reportagem com especialista da área de direito trabalhista. 

Clique aqui para seguir o Jornal Midiamax no Instagram

Alunos e professores reclamam de incompatibilidade com o edital 

Celia Martins foi uma das candidatas que se sentiram prejudicadas pela questão envolvendo a peça jurídica. Célia conta que se formou em Direito em 2024, aos 56 anos. Desde então, se dedicou ao extremo para obter bons resultados no exame da OAB.

 Ela relata que, ao se deparar com a situação proposta, sentiu os meses de preparação e dedicação serem perdidos. Mesmo ela tendo acertado 100% das questões, alega ter sido prejudicada. 

“Se o candidato erra o nome da peça, ele zera. Essa peça que eles deram não é utilizada e sai totalmente do que eles publicaram no edital. Só 2% das pessoas que fizeram a prova conseguiram acertar o nome da peça. No meu caso, mesmo tendo acertado todas as questões, vou zerar a peça. É uma vergonha, uma elaboração de peça totalmente errada”, reclama a candidata.

Aryanne Linhares também fez a prova no último domingo (15), e compartilha da mesma frustração de Célia. Ela relata que passou mais de uma hora tentando desvendar a questão, mas não conseguia chegar a uma conclusão única, visto que encontrou diversas respostas que poderiam se encaixar. 

“Eu e todos os outros estamos nos sentindo muito prejudicados. No meu caso, eu estou desde fevereiro estudando diariamente, seis horas por dia, com consistência, fazendo vários simulados, fazendo vários exercícios, para chegar numa situação dessa, em que não foi cobrado o que é previsto”, reclama a candidata. 

Repercussão nas redes sociais 

A repercussão do exame também ganhou palco nas redes sociais. Conforme informaram as candidatas entrevistadas pelo Midiamax, com a expectativa frustrada, tanto os candidatos quantos os professores de cursos preparatórios estão unindo forças para divulgar a indignação e cobrar uma resposta. 

Uma das publicações chegou a comentar: “é inadmissível que a FGV apresente um caso que comporte mais de uma solução e só aceite uma delas, porque foi a escolhida pela banca. Inadmissível com violação direta ao edital”.

Outra pagina, dedica a cursos preparatórios para o exame da OAB, publicou nota de repúdio. “É um absurdo termos que exigir o mínimo de uma prova da OAB: uma prova justa e proporcional, conforme as demais áreas, o que não aconteceu em Direito do Trabalho!”, diz trecho da nota. 

De acordo com a candidata Aryanne Linhares, agora ela, e os demais participantes, aguardam pela realização de lives, onde serão orientados pelos professores dos cursos a como proceder no pedido de recurso. 

“Todo mundo está esperando as lives de hoje à noite. Todo mundo foi convocado, cada um no seu curso, para terem orientações. Os recursos já estão sendo enviados para cada um protocolar o seu. Os professores estão ajudando nisso, dando orientações na confecção desse recurso. A partir de amanhã, eu creio que realmente todo mundo vai começar a se mobilizar”, informou.

Clique aqui e receba notícias pelo WhatsApp

Especialista explica a peça 

Segundo o trabalhista e presidente da comissão da advocacia trabalhista da OAB/MS, Pedro Marzabal, explica que os candidatos foram desafiados a elaborar uma peça jurídica para defender uma pessoa executada em uma reclamação trabalhista, que enfrentava o bloqueio de sua aposentadoria e a penhora de seu imóvel residencial.

Um dos principais pontos controversos da questão, que chamou a atenção do advogado, foi a imposição da ‘exceção de pré-executividade’ como única resposta correta. 

“Essa peça jurídica, embora utilizada em algumas situações, não tem um artigo legal que a fundamente, e sua aceitação não é um consenso entre os tribunais superiores. Essa exigência, na minha visão, exige um nível de conhecimento técnico-jurídico que pode estar além do que os alunos conseguem adquirir durante sua formação acadêmica” justifica Pedro.

O advogado defende que poderiam ser aceitas todas as peças tecnicamente fundamentadas e compatíveis com o caso, como embargos à execução, agravo de petição e mandado de segurança. “[O exame] gerou uma série de críticas, e eu não posso deixar de expressar a minha preocupação em relação a isso”, comentou. 

Por que a peça gerou controvérsia entre candidatos e professores? 

Embora a peça estivesse prevista no item 15.1 do edital, que lista os temas de ‘Direito Processual do Trabalho passíveis de cobrança’, muitos candidatos e professores apontam que essa exigência contraria o item 4.2.6.1, que determina que a identificação correta da peça deve levar em consideração tanto o nome jurídico, quanto o respectivo fundamento legal.

O advogado explica que a exigência de uma peça como resposta única na prova gerou dúvidas sobre a compatibilidade com o edital do exame. Portanto, Pedro finaliza avaliando que a situação requer uma reavaliação por parte da banca examinadora.

“Neste caso, a “exceção de pré-executividade” não possui respaldo em um dispositivo legal específico, comprometendo sua adequação aos critérios do edital. Além disso, o item 3.5.12 estabelece que as questões devem refletir a jurisprudência pacificada dos tribunais superiores, algo que, na minha avaliação, não foi observado aqui. Essa peça é uma construção doutrinária e jurisprudencial, sem previsão legal expressa e sem uniformização nos tribunais”, explica. 

O que diz a OAB? 

O presidente da Comissão de Estágio e Exame de Ordem da OAB/MS (Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional de ), Moisés Salim, esclareceu que a banca examinadora é composta por especialistas que têm a responsabilidade de elaborar, aplicar e corrigir as provas.

Dada a soberania da banca examinadora, as decisões não podem ser questionadas ou alteradas por terceiros, a menos que haja ilegalidade ou violação de normas estabelecidas no edital. Por isso, Moisés afirma que a OAB irá aguardar o pronunciamento da banca.

A reportagem procurou a FGV (Fundação Getúlio Vargas), responsável pela banca examinadora da prova, mas não obteve retorno até a publicação da matéria. O espaço segue aberto para posicionamento. 

💬 Fale com os jornalistas do Midiamax

Tem alguma denúncia, flagrante, reclamação ou sugestão de pauta para o Jornal Midiamax?

🗣️ Envie direto para nossos jornalistas pelo WhatsApp (67) 99207-4330. O sigilo está garantido na lei.

✅ Clique no nome de qualquer uma das plataformas abaixo para nos encontrar nas redes sociais:
Instagram, Facebook, TikTok, YouTube, WhatsApp, Bluesky e Threads.

Compartilhe

Notícias mais buscadas agora

Saiba mais

‘Precisará amputar a perna’, diz pai de criança que estava em ônibus envolvido em acidente na BR-262

Jessie J anuncia pausa na carreira para tratar câncer de mama

Em Campo Grande, 21 mil pessoas devem passar pelo Terminal Rodoviário durante o feriado de Corpus Christi

Extra

PEC da jornada de 6 horas diárias é protocolada na Câmara de Campo Grande

Notícias mais lidas agora

Investigação aponta que Claudinho Serra recebia propina pelos pais: ‘Levar encomenda’

cpi joão resende frota velha

Na CPI, Consórcio Guaicurus admite que ônibus circulam sem seguro exigido em contrato

ataque onça pantanal 2

Ataque e morte de Jorginho por onça no Pantanal teve motivação; saiba qual

Suspeito de esfaquear desafeto na avenida Bandeirantes continuará preso

Últimas Notícias

Esportes

Remo: Brasil fecha etapa de Varese da Copa do Mundo com três medalhas

A primeira medalha veio no PR3 quatro com misto

Transparência

Defensoria fecha outra clínica terapêutica que tinha sido interditada por manter pacientes ‘dopados e maltratados’

Midiamax, com exclusificade, denunciou caso de clínica que deveria seguir interditada, mas funcionava com outro nome

Cotidiano

Com shows, palestras e rodeio, 2° edição da Expogenética acontece em setembro

Com entrada gratuita, a feira também contará com volta da PBR (Professional Bull Riders)

Le Blog Maria Antonia

A trajetória de Ney Matogrosso chega à Netflix com “Homem com H”

A cinebiografia “Homem com H”, que retrata a vida e a trajetória de Ney Matogrosso, estreia nesta terça-feira (17) no catálogo da Netflix. O longa acompanha desde a infância do artista até o estrelato, passando por momentos marcantes como seus amores, conflitos familiares e o profundo impacto cultural de sua carreira no Brasil. Quem dá … Continued