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Cotidiano

Sem trégua: Passageiros relatam atraso, ônibus quebrado e descem ‘no grito’ em Campo Grande

Vídeo mostra passageiros de ônibus gritando para conseguir descer no ponto
Dândara Genelhú, Carol Leite -
ônibus atraso passageiros
Ônibus quebrado na Afonso Pena. (Nathalia Alcântara, Midiamax)

Passageiros do de não conseguem trégua nem no fim de semana. Seja para passeio, trabalho ou resolver alguma pendência na rua, a peleja é a mesma: frota sucateada, atrasos e ônibus quebrados. Usuários do da Capital precisam até ‘soltar o gogó’ para realizar parada em ponto de ônibus.

Isso porque um veículo foi flagrado sem as campainhas que acionam a parada e sinalizam ao motorista onde deixar o passageiro. Vídeo compartilhado ao Midiamax pelo Ligados no Transporte mostra passageiro gritando para parar no ponto de ônibus.

Mais comum ainda que esta situação é a de ônibus quebrado pela Capital. Logo na manhã deste sábado (15), um veículo foi flagrado pelo Jornal Midiamax, parado na Afonso Pena.

Por volta das 7h15, o ônibus do Consórcio aguardava reforço. O veículo já estava sem passageiros e os funcionários informaram não possuir autorização para comentar sobre o ‘imprevisto’ recorrente.

‘Sem um dia de paz’

Com os empecilhos, usuários se encontram ‘sem nenhum dia de paz’. É como se sente o senhor Wilson, de 67 anos. Nascido no Paraná, ele contou à reportagem que se assustou com a qualidade do transporte coletivo de Campo Grande.

“Aqui eu senti uma falta de transporte, a falta de um coletivo durante uma semana e feriado. No meio de semana também tem um intervalo de um para o outro”, comentou sobre os atrasos que já presenciou.

Para Wilson, o serviço prestado pelas empresas do Consórcio Guaicurus dificulta a vida dos usuários. “Se torna assim meio difícil para quem trabalha, que tem essa complicação de todo dia para o trabalho e voltar”.

O fim de semana é o período mais temido para os usuários de ônibus em Campo Grande, já que os relatos são de atrasos mais frequentes. “Final de semana se torna mais inviável esse meio de transporte. Tinha que ter um direcionamento para favorecer o usuário do ônibus, porque a gente depende dele”, lamentou Wilson.

Usuários do transporte coletivo, Wilson e Ana Luisa. (Nathalia Alcântara, Midiamax)

Passageiros comentam sobre superlotação

Aos 20 anos, Esmeralda Silva usa o transporte coletivo de Campo Grande todos os dias para trabalhar. Contudo, acaba se atrasando no expediente de sábado devido ao atraso dos circulares. “Normalmente eu pego às 9h para estar no meu trabalho às 10h, mas no sábado é bem difícil, então provavelmente vou chegar atrasada”.

Além disso, Esmeralda destacou que a superlotação é outro desafio no dia a dia. “O 87 sempre vai bem cheio, principalmente nos dias de semana”, disse.

A estudante Ana Luisa Louveira Beníce, de 17 anos, enfrenta o mesmo problema e até se atrasa pela superlotação. “Bem cheio, às vezes atrasa, às vezes nem para o ônibus quando tá bem cheio”, explicou.

Sobre o aumento da tarifa, disse que não condiz com o serviço prestado. “Porque às vezes falta ônibus, às vezes não tem nem condições, quando chove molha dentro do ônibus. Então, sem necessidade de ter aumentado”.

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Ônibus velhos, receita bilionária

Apesar de lucrar bilhões explorando o transporte público em Campo Grande, perícia autorizada pela Justiça revelou que, desde 2015, a idade média dos ônibus que circulam nas ruas ultrapassou a média de cinco anos, determinada pelo contrato.

Conforme documento oficial da Agereg (Agência de Regulação dos Serviços Públicos Delegados de Campo Grande), os lucros do Consórcio Guaicurus só aumentaram. “mantendo-se em um nível linear entre os períodos de 2016 a 2018, excetuando o exercício financeiro de 2019 com baixa, porém, mesmo registrando baixa em suas receitas [em 2019], o Consórcio auferiu lucro para o período, melhor que o exercício imediatamente anterior“.

Em vez de utilizar os recursos para melhorar os serviços, o laudo pericial apontou ainda que o número de ônibus nas ruas só diminuiu. “Evidente que o Consórcio sempre possuiu condições de adimplir o contrato de concessão”, diz documento da Agereg.

CPI quer investigar transporte coletivo

A Câmara de Campo Grande recebeu mais um requerimento de CPI para investigar o serviço de transporte público prestado pelo Consórcio Guaicurus. O novo pedido foca no cumprimento de TAG (Termo de Ajustamento de Gestão) firmado há cinco anos.

Também foca na frota sucateada, oferecida pelas empresas com lucros bilionários, aos cidadãos campo-grandenses.

novo requerimento protocolado na Casa de Leis lembra que cláusulas do TAG obrigam as empresas do Consórcio a apresentar plano de manutenção preventiva dos ônibus. Além disso, definiu que a Agereg (Agência Municipal de Regulação de Serviços Públicos) seria responsável pela apuração da idade média dos veículos.

Além disso, a Câmara recebeu o pedido de CPI proposto pelo vereador Júnior Coringa (MDB). O primeiro pedido de CPI avançou até a procuradoria da Câmara.

Com o parecer sobre o requerimento que pede a instauração da CPI do Consórcio Guaicurus quase pronto, o procurador-geral da Câmara Municipal de Campo GrandeGustavo Lazzari, não se declarou suspeito para avaliar a questão.

Então, a assinatura do parecer que definirá se o Consórcio será investigado ou não segue nas mãos do profissional que trabalhou por anos em um escritório que representa o grupo de empresários do transporte público.

A emissão do parecer da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Consórcio Guaicurus, feito da Procuradoria Geral da Câmara Municipal, está previsto para a próxima segunda-feira (17). O presidente da Casa, vereador Papy (PSDB), disse que são cinco dias úteis. Por fim, vale lembrar que prazo para o parecer foi prorrogado.

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