Em meio ao caos financeiro vivido pela Santa Casa, o hospital também enfrenta um problema crônico: a superlotação. Relatório mostra que as instalações não suportam receber mais pacientes e há setores com até 557% mais pacientes que a capacidade.
A situação é alvo de inquéritos no MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul). Um deles apura a superlotação no pronto-socorro do maior hospital do Estado. O problema acabou chegando na questão financeira.
Dessa forma, na última semana, a diretoria da ABCG (Associação Beneficente Santa Casa de Campo Grande) – mantenedora do hospital – enviou relatório à 76ª Promotoria de Justiça de Campo Grande expondo situação crítica em todos os setores.
Conforme a documentação anexada ao inquérito, datada em 14 de abril, todos os setores de PS estão superlotados, com capacidade até 557% acima do suportado, confira:
ÁREA | CAPACIDADE INSTALADA | OCUPAÇÃO |
PS Vermelha adulto | 06 | 19 pacientes |
PS Verde adulto | 07 | 39 pacientes |
PS Vermelha pediatria | 03 | 4 pacientes |
PS Verde pediatria | 07 | 12 pacientes |
Pré-ortopedia | 06 | 33 pacientes |
Centro cirúrgico | 00 | 3 pacientes |
Centro obstétrico | 05 | 7 pacientes |
Todos os setores estavam operando acima da capacidade. No entanto, o PS Verde Adulto estava, na data, funcionando com 557% acima da capacidade, já que havia 39 pacientes para apenas 7 leitos.
Promotor cobra explicações
Diante do relatório, o promotor que conduz o inquérito, Marcos Roberto Dietz, enviou ofício à secretária municipal de saúde, Rosana Leite de Melo, cobrando explicações.
Conforme o ofício, o promotor dá quinze dias para o município informar quais as providências estão sendo adotadas para amenizar o efeito da superlotação na Santa Casa, nas seguintes áreas: “i) PS Vermelha Adulto; ii) PS Verde Adulto; iii) PS Vermelha Pediatria; iv) PS Verde Pediatria; v) Pré-Ortopedia; vi) Centro Cirúrgico e vii) Centro Obstétrico; b) se há previsão de redirecionamento de fluxos assistenciais para outras unidades da rede municipal ou contratualizada, de modo a evitar prejuízos à assistência aos pacientes em situação de urgência e emergência naquele nosocômio“.
Ministério Público de Contas quer auditoria
O Ministério Público de Contas de Mato Grosso do Sul quer entender o déficit financeiro enfrentado pelo maior hospital de Estado e suas consequências para a população. Para isso, propõe uma auditoria detalhada nas contas da Santa Casa.
Em nota, o MP de Contas afirma que quer apurar possíveis irregularidades no financiamento e gestão dos recursos repassados pela prefeitura de Campo Grande à Santa Casa. Para isso, protocolou uma representação com pedido de medida cautelar junto ao Tribunal de Contas do Estado.
O MPC-MS justifica a necessidade de uma auditoria detalhada para avaliar se os recursos transferidos pelo poder público são suficientes para cobrir os custos operacionais da Santa Casa ou se há falhas na gestão financeira. Além de identificar a origem dos gastos, a adequação dos repasses aos serviços prestados e avaliar processos de faturamento e desenvolver um sistema de gestão de custos eficiente.
O Procurador de Contas Substituto, Matheus Henrique Pleutim de Miranda, autor da representação, reforçou a importância da auditoria para o esclarecimento dos fatos, “ou há subfinanciamento por parte do Poder Público ou há malversação na aplicação dos recursos públicos por parte do parceiro privado, o que, em qualquer caso, deságua em prejuízo à população, diariamente violada em seu direito fundamental básico à saúde”.
✅ Clique aqui para seguir o canal do Jornal Midiamax no WhatsApp
Repasse de R$ 20 milhões
A Santa Casa de Campo Grande vai receber R$ 20.666.666,66 em repasses do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul e da Prefeitura da Capital para reforçar o caixa e enfrentar o desequilíbrio econômico-financeiro instaurado. A publicação do termo aditivo está no Diogrande (Diário Oficial de Campo Grande) de terça-feira (15).
Segundo o documento, pelo novo termo, o Município destinará R$ 4 milhões à Santa Casa, com efeitos retroativos à competência de fevereiro de 2025. O montante será dividido em duas parcelas de R$ 2 milhões: a primeira, referente às competências de fevereiro e abril, será liberada após a publicação do aditivo; a segunda, correspondente aos meses de março e maio, será paga na competência seguinte.
Dívida milionária
A Santa Casa de Campo Grande atravessa uma das maiores crises financeiras de sua história. Com um déficit mensal de R$ 13 milhões (R$ 156 milhões anuais) e uma dívida acumulada de R$ 250 milhões junto a instituições bancárias, o Hospital Filantrópico, que atende 90% de seus pacientes via SUS (Sistema Único de Saúde), peleja para manter o atendimento à população.
“Quando fazemos um procedimento via SUS, o valor pago não cobre toda a despesa. Isso já foi reconhecido pelo próprio Poder Judiciário Federal”, explica a presidente de Santa Casa, Alir Terra.
Nesse cenário, a saída para evitar o colapso foi recorrer a suscetivos empréstimos, o que agravou ainda mais sua situação financeira.
Sabe de algo que o público precisa saber? Fala pro Midiamax!
Se você está por dentro de alguma informação que acha importante o público saber, fale com jornalistas do Jornal Midiamax!
E pode ficar tranquilo, porque nós garantimos total sigilo da fonte, conforme a Constituição Brasileira.
Fala Povo: O leitor pode falar direto no WhatsApp do Jornal Midiamax pelo número (67) 99207-4330. O canal de comunicação serve para os leitores falarem com os jornalistas. Se preferir, você também pode falar com o Jornal direto no Messenger do Facebook.