Às vésperas de audiência de conciliação, em ação movida por família que perdeu R$ 277 mil após a tragédia do rompimento da barragem do Nasa Park, ocorrida em 20 de agosto do ano passado, nenhum responsável pelo empreendimento milionário foi localizado pela justiça.
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Há oito meses, Gabriele do Prado e sua família aguardam pelo ressarcimento dos bens perdidos para a lama. Até então, declara não ter recebido nenhum auxílio por parte dos responsáveis pela tragédia, tampouco uma resposta sobre o paradeiro deles.
De acordo com a advogada responsável pela ação da família, em janeiro o juiz determinou o pagamento de quatro salários mínimos a título de antecipação de tutelas para Gabriele, seu pai, seu marido e seu irmão, além do valor de indenização, que está em torno de R$ 800 mil.
De acordo com Gabriele, o pagamento deveria ter sido efetuado no dia 5 de fevereiro. Na ocasião, chegou a ser solicitado uma conta para receber os valores, mas o pagamento não foi efetuado. No final de março, foi marcada a audiência de conciliação e para receber a antecipação de tutela para o dia 23 de abril, no entanto, a intimação voltou, porque ninguém da empresa recebeu.
“Até hoje não foram encontrados proprietários para serem notificados dessa audiência de amanhã, mas a gente tem que ir mesmo eles não indo. Ou seja, a gente vai ter o gasto combustível e infelizmente eu não sei se vai sair alguma coisa amanhã, já que os proprietários não vão estar presente”, lamenta Gabriele.
Família vive sem saber o que esperar do ‘amanhã’
O sustento da casa vinha através da criação de animais e plantação de mandioca e milho. Com o rompimento da barragem, eles perderam tudo. Ao todo, a família perdeu R$ 277 mil em propriedade e pertences.
Agora, Gabriele e a família sobrevivem do salário do marido da produtora rural e da aposentadoria do pai. O dinheiro, no entanto, não é o suficiente para custear os gastos, principalmente com os filhos de Gabriele.
Mãe de quatro crianças, o mais velho tem laudo de TEA (Transtorno do Espectro Autista), enquanto os dois filhos do meio fazem acompanhamento médico, e ainda não tem laudo fechado.
Quando a fralda das crianças acaba, Gabriele menciona que precisa apelar para lençóis. Além disso, um dos filhos tem seletividade alimentar, o que complica ainda mais a situação.
“Faz mais de 3 meses que não tenho como manter as coisas que eles comem. A compra é para duas casas e é toda picada. Conforme tem um dinheiro, vai e compra um gás, dois pacotes de arroz. Na outra semana compra mais alguma coisinha. Estamos vivendo literalmente sem saber o dia de amanhã”, relata.





Gabriele está ‘afogada’ em dívidas
Em outubro do ano passado, a sogra de Gabriele chegou a pedir um empréstimo de R$ 20 mil para ela conseguir colocar as contas em dia, que se acumularam devido à perda dos meios de renda da família. Em dezembro, o dinheiro chegou ao fim e a dívida do empréstimo ficou, além de novos débitos, como luz, água e aluguel, que foram chegando.
Como perderam a casa, Gabriele e a família agora vivem de aluguel na cidade, mas mal conseguem custear o básico para viver com dignidade. Tudo na casa é regrado, desde a comida até o gás e a gasolina.
“Falta leite, fralda, gasolina, então, nem se fala. Vivo empurrando o carro até chegar no posto. A luz eu nem sei quando vou pagar, já foi renegociado e parcelado várias vezes. Ta tudo virando uma bola de neve”, detalha.
Indenização é única ‘salvação’
Para desafogar as dívidas, Gabriele relata que precisa do valor da indenização, para conseguir limpar a propriedade da família e ter capital para investir novamente na criação de animais e na plantação. Por conta da lama, a terra, que antes era fértil para cultivo, está danificada e precisa ser cuidada para cultivar novamente.
Apesar da dificuldade, Gabriele se mantém confiante em relação à indenização, e tem esperança de receber, mesmo que o processo se arraste por mais alguns meses.
“Se vamos receber o valor de tudo que a gente perdeu, não sabemos. Mas eu vou fazer com que a justiça seja feita e que quem causou isso, seja punido na justiça do homem. O que eu fico triste é que meu pai, há mais de 40 anos aqui, perdeu tudo e pode não ver a gente ganhar esse processo, mas eu tenho fé que vamos ser indenizados”, declara.
A reportagem do Midiamax procurou a assessoria da A.A Empreendimentos Imobiliários, citada como responsável pelo Nasa Park, para questionar a respeito da participação dos responsáveis da empresa na audiência marcada para esta quarta-feira, mas não teve retorno. O espaço segue aberto para manifestação.
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