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Cotidiano

Repercussão de casos de feminicídios faz busca por ajuda disparar em MS

Instituto acolheu 250 vítimas de violência doméstica no Estado este ano
Priscilla Peres -
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Imagem ilustrativa (Henrique Arakaki, Midiamax)

Em pouco mais de dois meses de 2025, seis mulheres foram mortas por companheiros em Mato Grosso do Sul e a repercussão dos casos tem feito disparar os pedidos de ajuda. Só em 2025, o Aciesp (Instituto de Apoio, Capacitação, Instrução e Economia Solidária do Povo) acolheu 250 vítimas de no Estado.

A presidente do Instituto, Ceureci Ramos, afirma que viu a demanda aumentar muito este ano e atrela isso a repercussão dos casos de feminicídio. Ela afirma que mais mulheres têm buscado ajuda para sair de relacionamentos abusivos, ao ver casos que chegaram a feminicídios.

“Antes elas queriam mudar os homens, agora elas querem mudar a vida delas. Chegam dizendo ‘é exatamente assim que meu marido fala’ e acho que isso tem despertado ajuda, a entender que sofre violência e precisa de ajuda para sair”, afirma Ceureci.

O Aciesp existe há 11 anos e, além do abrigo, conta com atendimento psicológico, consulta com advogados e cursos profissionalizantes, que ajudam a mulher a sair de relacionamentos abusivos. Em todo o ano passado, a instituição atendeu pelo menos 370 mulheres no Estado.

Ajuda para continuar

A instituição não tem fins lucrativos e depende de doações para funcionar. Com o aumento exponencial da demanda, precisa de ajuda para manter e ampliar os atendimentos a vítimas de violência doméstica.

“Nós solicitamos uma emenda coletiva, justamente para que todos possam ajudar com o mínimo. Os que não puderem contribuir, convidamos para vir conhecer o instituto, ver como as vítimas chegam e todo trabalho de resgate as vidas e quebra do ciclo da violência e dos casos de feminicídio”, explica Ceureci Ramos.

Mais informações podem ser obtidas pelo telefone 67 99220-2525.

Feminicídios registrados até 1º de março em MS

  • Karina Corim (Caarapó) – 4 de fevereiro
  • Vanessa Ricarte (Campo Grande) – 12 de fevereiro
  • Juliana Domingues (Dourados) – 18 de fevereiro
  • Mirielle dos Santos () – 22 de fevereiro
  • Emiliana Mendes () – 24 de fevereiro
  • Gisele Cristina Oliskowiski (Campo Grande) – 1º de março

Abaixo, você pode relembrar cada caso e as circunstâncias esclarecidas até o momento.

  • Karina Corim
Karina Corim, morava em Caarapó (Foto: Redes sociais).

Karina foi ferida a tiros na cabeça pelo ex-marido, e morreu no Hospital da Vida, em Dourados, a 225 quilômetros de Campo Grande, na madrugada do dia 4 de fevereiro, uma terça-feira. Este foi o 1º feminicídio de 2025.

A amiga de Karina, Aline Rodrigues, de 30 anos, também morreu. Na manhã do dia 1º de fevereiro, um sábado, ela estava com Karina no local invadido pelo autor dos disparos, uma loja de celulares localizada no Centro da cidade de Caarapó. Apesar da morte de Aline, esse crime não foi considerado feminicídio, como foi classificada a morte de Karina.

Renan Dantas Valenzuela, de 31 anos, atirou várias vezes contra a ex-mulher e em Aline. Renan ainda colocou fogo na loja e depois atirou contra a própria cabeça, morrendo no local. Ele usou a arma do pai, que é policial militar, para cometer o crime. Renan não aceitava o fim do relacionamento. 

  • Vanessa Ricarte
Vanessa Ricarte morava em Campo Grande (Foto: Redes sociais).

A jornalista Vanessa Ricarte, de 42 anos, era servidora pública do MPT-MS (Ministério Público do Trabalho em Mato Grosso do Sul) e morreu na Santa Casa de Campo Grande na noite do dia 12 de fevereiro, uma quarta-feira.

Ela foi esfaqueada pelo músico Caio Nascimento Pereira, de 35 anos, na região do tórax em casa, no Bairro São Francisco, pelo ex-companheiro e levada em estado gravíssimo à Santa Casa, onde veio a óbito. Caio que foi preso em flagrante logo após o crime.

Na madrugada do dia da morte de Vanessa, ela foi até a Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), acompanhada de um amigo, para registrar um boletim de ocorrência por agressão contra Caio e pedir medida protetiva.

No período da tarde, ela foi até sua casa, acompanhada do mesmo amigo, para pegar seus pertences. Chegando à residência, ela foi esfaqueada por Caio.

O caso ganhou repercussão após áudios gravados por Vanessa hora antes de morrer apontaram descaso e erros no atendimento que ela recebeu quando procurou ajuda na Casa da Mulher Brasileira. As informações de Vanessa desmentiram o discurso feito por delegadas sobre a ajuda oferecida à vítima no dia de sua morte.  

  • Juliana Domingues

Aos 28 anos, Juliana Domingues, foi assassinada a golpes de facão às margens da rodovia BR-163, na noite do dia 18 de fevereiro, uma terça-feira. Este foi o terceiro feminicídio no Estado. Ela morava na comunidade indígena Nhu Porã, a 346 quilômetros de Campo Grande.

A polícia afirmou que o casal começou uma discussão no fim do dia. Na parte de fora da casa, Wilson Garcia, de 28 anos, se apoderou de um facão e desferiu vários golpes de facão contra Juliana, que foi atingida na cabeça. O filho do casal presenciou o crime.

Logo em seguida, o marido de Juliana fugiu em uma bicicleta e o filho do casal saiu em busca de ajuda, indo até a casa de uma tia e contando o que havia ocorrido. O autor do feminicídio foi localizado e preso pela polícia.

  • Miriele dos Santos
Miriele morava em Água Clara (Foto: Redes sociais).

Aos 26 anos, Miriele morreu no dia 22 de fevereiro, um sábado, em Água Clara, a 192 quilômetros de Campo Grande, após ser baleada pelo ex-companheiro, Fausto Júnior Aparecido de Oliveira, de 31 anos. Eles estavam em um quarto quando testemunhas ouviram os tiros. 

Depois disso, o irmão da vítima entrou na casa e encontrou a mulher ferida, com tiro no abdômen. Ele contou à polícia que levou a irmã para o carro do suspeito e eles seguiram para o hospital da cidade. Em seguida, o acusado fugiu e deixou a caminhonete no local.

No quarto onde ocorreu o crime foi encontrado um revólver calibre .38 municiado com seis cartuchos, sendo três deflagrados e os demais intactos.

Fausto foi preso no dia 25 de fevereiro, escondido em uma chácara. Áudios e mensagens enviadas por Fausto a Miriele mostram ameaças feitas por ele à jovem antes do crime.

  • Emiliana Mendes

No dia 23 de fevereiro, um domingo, Vanderson dos Santos Carneiro, 35 anos, matou Emiliana Mendes, de 65 anos, na cidade de Juti, a 311 quilômetros de Campo Grande. Ele colocou a mulher em um colchão de uma quitinete para simular uma morte natural. 

Apesar de ter sido assassinada na noite do domingo, o corpo de Emiliana foi encontrado somente na manhã do dia seguinte, quando a Polícia Civil foi acionada.

O suspeito foi preso em flagrante caminhando pela BR-163, a cerca de 8 quilômetros de Juti. Ao ser abordado, logo confessou aos policiais que se desentendeu com a idosa e a esganou no quintal de uma casa e a arrastou até a residência onde ele morava. Na ficha criminal do acusado constam crimes de roubo e furto.

  • Gisele Cristina Oliskowski

Morta a pedradas na cabeça, Gisele Cristina Oliskowski teve seu corpo jogado e queimado em uma cova rasa localizada no quintal da casa onde morava com o namorado. O crime aconteceu no dia 1º de março, um sábado, no bairro Aero Rancho, em Campo Grande. Ela foi a 6ª vítima de feminicídio de MS.

Segundo o autor do crime, Jeferson Nunes Ramos, Gisele teria dado três tapas no rosto dele, o que acabou o enfurecendo e levado a cometer o feminicídio. Jeferson contou que deu uma pedrada na cabeça de Gisele e em seguida jogou o corpo da vítima em um buraco, no quintal da casa, e ateou o fogo.

Em seguida ao crime, Jeferson foi contido e amarrado por populares, que descobriram a ação. Ele foi preso e encaminhado para a Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher).

📍 Onde tentar ajuda em MS

Em Campo Grande, a Casa da Mulher Brasileira está localizada na Rua Brasília, s/n, no Jardim Imá, 24 horas por dia, inclusive aos finais de semana.

Além da DEAM, funcionam na Casa da Mulher Brasileira a Defensoria Pública; o Ministério Público; a Vara Judicial de Medidas Protetivas; atendimento social e psicológico; alojamento; espaço de cuidado das crianças – brinquedoteca; Patrulha Maria da Penha; e Guarda Municipal. É possível ligar para 153.

☎️ Existem ainda dois números para contato: 180, que garante o anonimato de quem liga, e o 190. Importante lembrar que a Central de Atendimento à Mulher – 180, é um canal de atendimento telefônico, com foco no acolhimento, na orientação e no encaminhamento para os diversos serviços da rede de enfrentamento à violência contra as mulheres em todo o Brasil, mas não serve para emergências.

As ligações para o número 180 podem ser feitas por telefone móvel ou fixo, particular ou público. O serviço funciona 24 horas por dia, 7 dias por semana, inclusive durante os finais de semana e feriados, já que a violência contra a mulher é um problema sério no Brasil.

Já no Promuse, o número de telefone para ligações e mensagens via WhatsApp é o (67) 99180-0542.

📍 Confira a localização das DAMs, no interior, clicando aqui. Elas estão localizadas nos municípios de Aquidauana, Bataguassu, Corumbá, Coxim, Dourados, Fátima do Sul, Jardim, Naviraí, Nova Andradina, Paranaíba, Ponta Porã e Três Lagoas.

⚠️ Quando a Polícia Civil atua com deszelo, má vontade ou comete erros, é possível denunciar diretamente na Corregedoria da Polícia Civil de MS pelo telefone: (67) 3314-1896 ou no GACEP (Grupo de Atuação Especial de Controle Externo da Atividade Policial), do MPMS, pelos telefones (67) 3316-2836, (67) 3316-2837 e (67) 9321-3931.

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