No último sábado pela manhã (9), enquanto a comunidade indígena de Dourados celebrava a inauguração do Samu Indígena, um incêndio destruiu a casa de reza da Dona Floriza de Seu Jorge. O local era considerado um importante centro cultural e espiritual para a comunidade Kaiowá e Guarani, da reserva Indígena Federal de Dourados.
O incidente ocorreu por volta das 10h30, enquanto os rezadores da Aldeia Jaguapiru e outros membros da comunidade estavam ausentes, participando da cerimônia de inauguração no Hospital da Missão.
De acordo com o relato da Nhandesy Floriza Souza, 65 anos, em conversa com a reportagem do Jornal Midiamax, a casa de reza já vinha sofrendo ameaças desde o assassinato de seu filho. Ela mencionou que, em diversas ocasiões, a comunidade solicitou apoio para garantir a segurança do local, mas não obteve resposta.
A rezadora também expressou preocupação com o preconceito religioso, mencionando conflitos com igrejas pentecostais que criticam as práticas tradicionais indígenas. “Muitos não gostam gente”, desabafa Floriza.
Questionados sobre o registro de boletim de ocorrência, os rezadores informaram que uma equipe da PF (Polícia Federal) periciou o local e investiga o caso.
“Queimar nossa Casa de Reza é como queimar o nosso corpo. Isso mexe com todos e com os rituais sagrados da comunidade”, explica Floriza, ressaltando que o incêndio destruiu não apenas a estrutura física da casa de reza, mas também importantes artefatos culturais, incluindo três xirus, símbolos de grande poder e significado espiritual.
Dona Floriza enfatizou a importância desses objetos para a proteção da comunidade contra doenças, tempestades e outros males.
Além disso, o incêndio destruiu materiais escolares utilizados em um projeto social que atendia 63 crianças da comunidade, oferecendo educação e ensinamentos sobre a cultura Kaiowá e Guarani.
Dona Floriza expressou sua determinação em reconstruir a casa de reza e continuar o trabalho de preservação da cultura indígena.

Ela destacou a importância de transmitir os conhecimentos tradicionais para as novas gerações, especialmente em um contexto de crescente influência da tecnologia.
A rezadora apelou por ajuda para reconstruir o espaço sagrado e restaurar a vida cultural e espiritual da comunidade.
“As casas de rezas são um ponto forte para manter a tradição do nosso povo. Através delas nós passamos para as futuras gerações o que aprendemos com os nosso ancestrais.. Aqui na comunidade só existe agora a Casa de reza do Seu Getúlio”, relata Dona Floriza.
“Destruíram um lugar sagrado onde fazíamos nossas rezas para pedir proteção para as nossas comunidades e também para toda a cidade. E agora? Como é que vamos reconstruir tudo isso?”, questiona o rezador Jorge da Silva, 69 anos.

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