Neste domingo (10) comemora-se o Dia dos Pais, data em que se exalta a figura paterna na sociedade brasileira, além de ter se tornado ótima oportunidade para o varejo, que tem uma de suas principais fontes de vendas de produtos, que serão presentes entregues aos pais.
A data que celebra a presença e o afeto, porém, traz consigo uma carga de realidades complexas, evidenciadas por dados alarmantes e por um debate sobre o que, de fato, significa ser pai na atualidade.
A paternidade, para uma parcela significativa de crianças no Brasil, é um conceito abstrato. Nesse contexto, a Arpen-Brasil (Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais) aponta um cenário preocupante: em 2024, das 2,4 milhões de crianças nascidas, cerca de 164,2 mil (6,7%) não tiveram o nome do pai em seu registro. Este número, que já foi maior em 2023 com 172,2 mil casos, demonstra que a responsabilidade paterna ainda é negligenciada por muitos.
Em Mato Grosso do Sul, foram 40.254 nascimentos no último ano, sendo que 2,7 mil bebês não tiveram o nome paterno registrados em suas certidões de nascimento, representando os mesmos 6,7% verificados nacionalmente.
Para mitigar essa realidade, iniciativas como o “Meu Pai Tem Nome“, promovido pela Defensoria Pública de MS, realizam mutirões para garantir o direito ao reconhecimento de paternidade. Essas ações, que oferecem serviços gratuitos como investigação de vínculos e testes de DNA, são um esforço para preencher um vazio legal que afeta milhares de famílias.
Em Mato Grosso do Sul, a campanha ocorre no dia 16 de agosto, em 14 municípios do Estado. As inscrições seguem abertas até terça-feira (12), são gratuitas e podem ser feitas por meio de formulário on-line.
Pai presente
Ainda que a ausência seja um problema grave, a presença, por si só, também é objeto de debate. Há uma frase antiga que dizia que ‘não basta ser pai, tem que participar’, o que leva a considerar que possa haver alguma forma de ser pai sem participação. Entretanto, essa percepção de ser pai como ‘colocar o filho no mundo’ tende a ser superada.
De outra forma e em relato pessoal, confesso que, sendo pais de dois meninos, já fui elogiado por muitas vezes, pelo simples fato de ter feito o que considero o mínimo, como trocar fraldas, acompanhar o desempenho escolar ou cuidar da saúde dos meus filhos. De minha parte, elogios desta natureza sempre geraram um desconforto.
Embora bem-intencionados, expõem uma disparidade gritante de expectativa social. A mesma atitude em uma mãe é vista como “não mais que sua obrigação”. Essa diferença de tratamento, que mascara a sobrecarga invisível da figura materna, me faz refletir sobre a baixa expectativa que a sociedade tem em relação à paternidade. Quando o básico é visto como heroico, fica claro que há um problema estrutural enraizado.
O que é a parentalidade
A parentalidade, em sua essência, vai além do físico e do financeiro. Refere-se ao conjunto de responsabilidades que garantem o desenvolvimento e o bem-estar de uma criança, incluindo o apoio emocional e o afeto. Estudos apontam que o termo parentalidade foi inicialmente usado pelo psiquiatra francês Paul-Claude Racamier, no início da década de 1960, para enfatizar o caráter processual implicado no exercício das funções dos pais em relação aos filhos.
Atualmente, o conceito é utilizado em diferentes abordagens teóricas para designar o processo dinâmico por que passam os pais. Isto é, ao processo de tornar-se pai e mãe, que vai além do biológico, envolvendo aspectos conscientes e inconscientes, que passam pela história da família de cada um dos pais e pelo contexto sociocultural em questão.
Neste cenário, revela-se um dos maiores desafios para os pais: a dificuldade em lidar com as próprias emoções. Uma pesquisa de 2020 do Instituto de Pesquisa & Desenvolvimento em Florescimento Humano, que entrevistou mais de 40 mil pessoas, revela que 6 em cada 10 homens foram ensinados a, simplesmente, não expressar suas emoções. Além disso, somente 2 em cada 10 homens tiveram exemplos e conversas sobre como lidar com suas emoções e pedir ajuda.
Esses dados revelam que muitos homens, ao assumirem a paternidade, carecem das ferramentas emocionais necessárias para se conectar verdadeiramente com seus filhos. A fuga da responsabilidade, em muitos casos, pode ser um reflexo dessa incapacidade de lidar com as próprias emoções.
Presente do pai
A disparidade de tratamento entre mães e pais se reflete até no comércio. O Dia das Mães historicamente gera um impacto econômico maior que o Dia dos Pais. Em Campo Grande, a pesquisa da ACICG (Associação Comercial e Industrial) projeta otimismo, com 93,2% dos empresários esperando manter ou aumentar as vendas. O ticket médio esperado é de R$ 101 a R$ 200, mas a data ainda ocupa o terceiro lugar em importância, atrás do Natal e, claro, do Dia das Mães.
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