Prefeitura diz que atraso de fornecedores prejudica entrega de fraldas e dietas para mães atípicas
Durante coletiva, Secretaria de Saúde afirmou que das 13 empresas que possuem empenho, apenas cinco cumprem os prazos, enquanto as demais foram notificadas pelos atrasos
Osvaldo Sato, Taís Wölfert –
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Na tarde desta quinta-feira (9), a secretária municipal de saúde, Rosana Leite, reuniu a imprensa em uma coletiva na sede da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) para abordar a situação do fornecimento de fraldas e dietas especiais para pacientes que dependem do sistema público. Enquanto a gestão municipal atribuiu os problemas aos atrasos por parte dos fornecedores, mães atípicas questionam a versão oficial e relatam meses de dificuldades.
Segundo a secretária, o problema não está na falta de recursos, mas no atraso nas entregas das empresas fornecedoras contratadas pelo município. “Temos oito empresas fornecedoras notificadas. Algumas sinalizaram que os produtos estão em fase de fabricação, mas outras ainda não cumpriram com os prazos. Assim que recebemos qualquer remessa, a distribuição é feita imediatamente”, explicou.
A secretaria também informou que, para garantir atendimento ao maior número de pacientes, a prefeitura adotou uma estratégia de distribuição parcelada. “Entregamos o suficiente para 15 dias, evitando que alguns pacientes fiquem sem, enquanto outros recebem uma grande quantidade”, afirmou.
Além disso, a Secretaria teria melhorado os processos de planejamento. “Nós fizemos o planejamento. No ano passado tivemos problemas por falta de planejamento, mas, este ano, fizemos um planejamento adequado e temos os recursos disponíveis”, afirmou. Segundo a gestora, todas as demandas de fraldas e dietas possuem notas de empenho, mas as empresas contratadas atrasaram as entregas.
Segundo a pasta, o município mantém seis atas de registros de preços vigentes destinadas ao fornecimento de dietas e fraldas, com valor de R$ 44,3 milhões. Desse recurso, foram utilizados no segundo semestre de 2024 o total de R$ 7,7 milhões, sendo R$ 1,2 milhão para fraldas e R$ 5,8 milhões para dietas.
Em nota, a Sesau reitera não haver atrasos. “A Sesau assegura que o fornecimento de fraldas tem ocorrido regularmente, atendendo às prescrições e demandas específicas para cada paciente”, diz em nota.
Mães atípicas relatam dificuldades
A coletiva contou com a presença de diversas mães atípicas, que aproveitaram a oportunidade para relatar suas experiências e confrontar a versão da prefeitura. Joelma Bello, mãe de uma criança de 9 anos, que tem síndrome de Cornélia de Lange, falou sobre as dificuldades enfrentadas. “Nós estamos sem fraldas desde outubro. Eles dizem que entregam para durar 15 dias, mas isso é mentira. Eu, assim como outras mães aqui presentes, não conseguimos retirar desde o ano passado”, afirmou.
Joelma também destacou o impacto financeiro e emocional causado pela falta dos produtos: “Um pacote de fralda geriátrica com oito unidades custa cerca de R$ 60. Algumas famílias precisam de um pacote por dia. Como sustentar isso? Muitas de nós vivemos do Benefício de Prestação Continuada (BPC) e não temos outra fonte de renda”. Segundo ela, algumas fraldas fornecidas no passado causaram alergias graves em sua filha: “Enviei fotos ao setor de dispensação mostrando o pescoço dela em carne viva. Eles nunca resolveram”, contou.
Outra mãe presente, Daiane Ricaldi, também relatou a dificuldade de acesso aos materiais. “Não é verdade que o fornecimento está normalizado. Recebemos apenas quando fazemos manifestação e, mesmo assim, em quantidades insuficientes. Minha filha, que usa fraldas e sonda, está sem o material adequado há meses. Isso compromete a saúde dela e a nossa dignidade”.
Dietas especiais
Além das fraldas, as dietas específicas são outro ponto crítico. Rosana Leite explicou que a responsabilidade por esses produtos é, em tese, do Estado e do Governo Federal, mas que o município tem arcado com parte da demanda devido à urgência dos casos.
“Estamos em tratativas com o Estado para que eles também assumam sua parte, mas, enquanto isso, seguimos fornecendo o que podemos. Nosso nutricionista está avaliando alternativas para casos em que é possível substituir a dieta por algo similar, mas algumas fórmulas são insubstituíveis”, afirmou.
Contudo, para as mães, essa solução parcial não é suficiente. “Você não consegue simplesmente substituir uma dieta específica. Isso pode comprometer gravemente a saúde das crianças”, protestou uma das presentes.
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