Problemas envolvendo o Consórcio Guaicurus em Campo Grande não faltam praticamente todos os dias. Inclusive, as últimas oitivas da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) devem ser finalizadas nesta semana na Câmara Municipal. Mas, em meio a cerca de 650 denúncias dos usuários do transporte coletivo, existem mais críticas ainda. Milhares de PCDs (Pessoas Com Deficiência) cobram a instalação de um APP (aplicativo) dentro dos veículos para otimizar o embarque e desembarque deste público.
O APP tem um nome bem sugestivo “Todos no Ônibus”, que foi lançado na Capital em 2014. No entanto, funcionou apenas por pouco tempo. “Em 2018, por exemplo, o aplicativo até funcionou bem na nossa cidade e, naquela época, a tecnologia não era tão avançada como hoje. Estamos cobrando com a palavra que eles (Consórcio Guaicurus) nos deram e não cumpriram”, disse Maria Edivanda Aires.
A Presidente do ‘Comitê com Todos’ tem menos de 5% de visão, vê somente vultos, tudo embaçado. Há 7 anos, ela sofreu uma degeneração nos olhos, tipo uma hemorragia ocular. Apesar de tantas dificuldades dos deficientes visuais, ela faz questão de reforçar que o APP ‘Todos no Ônibus’ seria fundamental para todas as pessoas com diferentes tipos de deficiências, como os cadeirantes, por exemplo, principalmente na periferia de Campo Grande. “Às vezes, os cadeirantes ficam muito tempo no sol aguardando o ônibus que não passa. Então você solicita de onde está e o APP vai orientando até a gente chegar no ponto de ônibus”.

Como funciona o APP “Todos no Ônibus’
Edivanda explica que seria praticamente como um APP comum de carro de pequeno porte. A pessoa faz um cadastro com todas as informações. O motorista do ônibus saberia todos os detalhes, como: tipo de deficiência do usuário, local e horário dos embarques e desembarques. “A gente solicita e o motorista já tem todas as informações, que vão para o celular do motorista. O APP vai avisando que tem uma pessoa com deficiência naquele determinado ponto, tipo na Afonso Pena. Só ele abrir a porta e dizer: ‘Edivanda é o veículo número 81”.
Nossa entrevista reforça os obstáculos diários. “Muitas vezes, a gente tá sozinho num ponto de ônibus, os veículos passam e alguns motoristas não têm nem empatia de parar e avisar. E como você sabe que tá vindo o ônibus?”.
Batalha chega até à Câmara dos Deputados
Recentemente, Edivanda chegou a ir até à Câmara dos Deputados, em Brasília (DF), pedir apoio dos parlamentares para instalação do APP. Teve pouco mais de três minutos para expor as dificuldades das pessoas com deficiência, especialmente a visual. “Estamos apelando e buscando resolução do problema! Fizemos várias reuniões com representantes do Consórcio Guaicurus, colocamos soluções que são simples, mas nada foi feito. O aplicativo vem pra trazer autonomia pra pessoa, pois não tem como ter acessibilidade e inclusão sem este aplicativo”. Essas foram algumas das palavras do vídeo em Brasília, divulgado nas redes sociais.

O que diz o Consórcio Guaicurus?
Geralmente, as respostas são as mesmas, que os empresários que comandam o transporte coletivo na Capital estão buscando formas para implementar e colocar a ferramenta em dia. No entanto, mais de 10 anos já se passaram.
“O Consórcio joga muito culpa nos motoristas, que eles não ligam o celular, etc. Mas se são os condutores que não fazem a coisa certa, então falta qualificação, dar treinamento para os condutores. Porém, não é só isso! Faltam investimentos, alguns celulares foram trocados, mas faltam novos celulares e, principalmente, falta investir mais em tecnologia”.
Você pode ouvir o depoimento de Evidanda em Brasil e conferir a rmatéria completa também assistindo o vídeo acima. O Jornal Midiamax buscou respostas por meio da Assessoria de Imprensa da empresa, mas até o momento não houve respostas do Consórcio Guaicurus.