O Fórum de Anastácio, em parceria com a Polícia Militar de Aquidauana, lançou o projeto ‘Patas que Acolhem’, que visa oferecer apoio emocional e acolhimento humanizado a crianças e adolescentes vítimas ou testemunhas de crimes graves, como estupro de vulnerável e maus-tratos. A ideia nasceu por meio do afeto compartilhado entre os cães criados dentro das dependências da comarca, e as vítimas de violência.
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O juiz Beladelli explica que Aquidauana já contava com um canil onde cães adestrados atuavam junto a pessoas com deficiência. A partir dessa experiência, surgiu a ideia de expandir o uso dos animais para o ambiente forense, com foco no acolhimento de vítimas em situação de grande fragilidade emocional. O projeto pretende ampliar os atendimentos também para mulheres vítimas de violência doméstica.
“Conhecendo o trabalho dos policiais militares e o cuidado com os cães, vimos a possibilidade de trazer essa atuação para dentro do Judiciário, inicialmente com crianças e adolescentes que participam de depoimentos especiais”, afirma o magistrado.
De acordo com o juiz, o projeto é inédito no Mato Grosso do Sul. “Não há nenhuma outra comarca no Estado que tenha implantado esse tipo de atendimento. No Brasil, há poucos exemplos semelhantes, como no Paraná”.
Projeto na prática
Conforme o juiz detalha, o depoimento especial é um momento delicado, no qual a criança ou adolescente precisa reviver os fatos para relatá-los a um profissional capacitado, em uma sala própria e sem a presença direta do juiz, promotor ou advogados.
“O sofrimento é visível. Muitas choram, entram em crise, e é preciso interromper o depoimento para que se recomponham. É um processo necessário, mas extremamente doloroso”, relata o magistrado.
Dessa forma, o projeto “Patas que Acolhem” trouxe uma alternativa de acolhimento no início e ao final do procedimento. Se a criança informar que gosta de animais e desejar a proximidade com os cães naquele momento, ela é levada até uma sala preparada para o encontro com o cão.
Esse momento auxilia na construção de confiança entre a vítima e o entrevistador. “A criança interage com o cão, sorri, se sente mais segura. O policial militar acompanha todo o tempo. Depois disso, ela segue para a sala do depoimento”.
Após concluir o depoimento, a criança será conduzida novamente à mesma sala, onde irá reencontrar o cão. A dinâmica já foi testada, e tem se mostrado essencial para aliviar o sofrimento causado pela rememoração do trauma, de acordo com o magistrado.
“Já no primeiro atendimento, com seis crianças, foi visível a diferença. Elas saíram menos tensas, mais tranquilas. Uma delas chegou a dizer que queria que o depoimento acabasse logo para brincar com o Bart, um dos cães. Isso é muito significativo”, ressalta.
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Cuidados com os animais
O bem-estar dos cães também é prioridade na iniciativa. Eles atuam em um ambiente climatizado, com tapetes, cortinas e espaço reservado para descanso. Durante o trabalho, têm pausas regulares para se alimentar, se hidratar e fazer as necessidades fisiológicas, sempre sob o cuidado dos policiais do canil. “Eles não são brinquedos nem ferramentas. São parceiros vivos, sensíveis, que merecem o mesmo respeito com que acolhem nossas vítimas”, destaca o juiz Beladelli.
Segundo ele, o ambiente foi pensado para ser confortável, acolhedor e respeitoso. “As crianças interagiram muito bem. Algumas sentaram no chão com o cão, outras deitaram nos tapetes. Apenas uma ficou mais tímida no começo, mas conseguiu se aproximar. Foi uma cena bonita de se ver, muito humana”, relatou.
A proposta é que, futuramente, a ação seja ampliada para atender também mulheres vítimas de violência doméstica, um grupo que, segundo o juiz, enfrenta profundo sofrimento ao ser ouvido no sistema de Justiça. “Queremos que o Fórum de Anastácio seja não apenas um espaço de Justiça, mas também de acolhimento e dignidade.”
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