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Cotidiano

‘Paralelos’ ou originais, fones de ouvido podem causar danos à saúde

Os fones de ouvido estão presentes na rotina das pessoas, mas seu uso pode causar consequências negativas
Taís Wölfert -
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Todos os produtos que fazem uso de radiofrequências, como dispositivos com Wi-fi e Bluetooth, precisam passar por homologação da Anatel (Ilustração: Giovana Gabrielle/Midiamax)

Os fones de ouvido são objetos presentes na vida das pessoas. Seja para ouvir música, áudio e até mesmo a história de um livro, eles estão ali, acompanhando os usuários.

Contudo, existem perigos quanto ao uso que envolvem até a utilização de produtos paralelos – como o mercado passou a se referir aos itens falsificados ou, na melhor das hipóteses, que são exportados ao Brasil sem aferição por órgão reguladores de qualidade.

A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) afirma que todos os produtos que recorrem a radiofrequências, como dispositivos com Wi-fi e Bluetooth, precisam passar por homologação da empresa. Além disso, a certificação vai garantir que o produto atende aos padrões de qualidade, segurança e funcionalidades técnicas exigidas pela agência.

E mesmo que os valores de modelos paralelos costumem ser mais atrativos, as consequências podem ser grandes. Radiação não ionizante que ultrapasse os limites permitidos, superaquecimento e vazamentos tóxicos, estão entre as implicações geradas por aparelhos sem a homologação da Anatel.

Segundo a agência, aparelhos aprovados estão em conformidade com o Código de Defesa do Consumidor, em relação às regras de garantia e assistência técnica.

O Regulamento de Avaliação da Conformidade e de Homologação de Produtos para Telecomunicações, aprovado pela Resolução nº 715, de 23 de outubro de 2019, estabelece que a emissão do documento de homologação é pré-requisito obrigatório para fins de comercialização e utilização de produtos para telecomunicações no Brasil.

O que dizem especialistas

A otorrino Carla Graciliano alerta para a utilização de fones paralelos, pois eles podem fazer com que as ondas sonoras cheguem ao ouvido de maneira mais intensa.

“Nós sabemos que existem algumas perdas auditivas induzidas pelos ruídos, principalmente sons muito altos, que geram um dano irreversível dentro das células da cóclea. A cóclea é uma estrutura que capta o som e envia para o cérebro para transmitir aquele som como significado, como sentido. E esses aparelhos paralelos podem não ter controle no sentido da emissão do som, então as ondas elas chegam no ouvido de forma mais intensa, gerando dano permanente a longo prazo”, esclarece Carla.

Paralelos ou originais?

Isso significa que devemos priorizar dispositivos originais em vez dos paralelos? Não é bem assim. Otorrinos e fonoaudiólogos não recomendam a sua utilização, independente da procedência. Isso se dá por muitos fatores, entre eles, o desenho dos modelos mais populares, com encaixe intra-auricular, segundo a fonoaudióloga Renata Anastácio.

“O tipo de fone influencia na quantidade de som que chega no ouvido interno. O fone de plug, aquele que colocamos ‘dentro’ do ouvido, causa mais efeitos negativos devido à quantidade de nível de pressão sonora que ele gera. Ele pode causar até perda auditiva permanente”, alerta a fonoaudióloga.

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A otorrino conta que mesmo não sendo recomendado o uso de fones, o ideal é dar preferência para os de concha. Além de ser necessário se atentar ao tempo de uso e o volume.

Modelo de fone encaixado dentro do ouvido é o pior entre os disponíveis, diz especialista (Ilustrativa/Freepik)

“É recomendado que seja utilizado sempre num volume, numa intensidade de som média. Ou seja, não pode ser aquele som muito alto, estridente, que a gente consiga ouvir o que a pessoa está ouvindo. O recomendado é até 30 decibéis e por no máximo uma hora ao dia“, detalha Carla.

Tipos de fone

De forma geral, os fones podem ser divididos em dois tipos: o que é inserido dentro do ouvido e o em formato de concha. O otorrinolaringologista Rafael Pontes explica que apresentam problemas como alergia ou excesso de produção de cera devem escolher os aparelhos em formato de concha.

“Esses menores, de inserção, eles ficam muito próximos ao tímpano. Então, tem que tomar um cuidado maior em questão do volume que você vai ouvir, porque a fonte sonora está mais próxima ainda do tímpano”, comenta Rafael.

O otorrino também alerta quanto ao tempo de exposição ao som que sai do fone. Se for até duas horas é recomendado utilizar o aparelho no máximo no volume 50%. Se o tempo for maior que duas horas, o volume tem que ser reduzido gradativamente. Já para quem utiliza por um tempo ainda maior, é necessário fazer intervalos de 15 minutos a cada hora.

Dividir fone? Melhor ligar o sinal de alerta

Quem nunca dividiu um fone de ouvido com outra pessoa? Pois é, acontece que a atitude também não é recomendada pelos especialistas. E a limpeza do aparelho deve ser feita uma vez por semana com um pano seco.

Nesse contexto, eles destacam que algumas alergias, como a dermatite atópica, podem gerar otite, a inflamação auricular. Então, é necessário se atentar às reações que acontecem com o uso dos fones. E, ao sentir dor, zumbido, sensação de ouvido tampado ou diminuição da audição, é recomendado procurar um médico.

Os aparelhos que passam pela inspeção da Anatel são avaliados de diferentes formas. A dispersão do som, o material utilizado e os decibéis são alguns dos aspectos avaliados. A otorrino dá dicas do que se atentar na hora da compra.

“[É preciso avaliar] o tamanho do aparelho, se passou por uma avaliação, se conseguem reduzir um pouco o ruído externo, o que ajuda porque diminui a necessidade de aumento do som. Porque, às vezes, quando o aparelho não consegue diminuir tanto o ruído externo, a gente precisa aumentar mais o som do fone para conseguir ouvir o áudio, ouvir a música que você está ali escutando. E aí acaba gerando um dano na membrana timpânica e, em consequência, na cóclea”, comenta Carla.

Então, por mais barato que um fone paralelo possa ser, e considerando danos financeiros e à saúde, melhor pensar bem se vale à pena o investimento.

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