Emerson tem 42 anos e está na fase final de suas obrigações com o sistema prisional. Ele cumpriu pena em Campo Grande e está em monitoramento por meio do uso de tornozeleira eletrônica. Em breve, não terá mais pendências com a Justiça e, agora, busca uma oportunidade de trabalho para recomeçar.
“A gente erra, né? E não pode permanecer no erro. Estou pagando pelos meus erros, para não repetir eles e agora; chegando final do ano, quero um serviço para ajudar a mãe, os filhos, tentar mudar de vida, ser uma pessoa melhor”, compartilha o egresso.
A ressocialização e o restabelecimento da vida após o cumprimento de pena depende essencialmente de um emprego. “Sem trabalho, a gente não come, não paga, não tem jeito, precisa do trabalho. Ainda bem que tem pessoas boas, né? Porque é pouca gente que dá oportunidade de emprego pra gente”, completa Emerson.
É por isso que ele foi até o Escritório Social da Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) em Campo Grande, para se cadastrar no Portal Emprega Brasil, em ação social que acontece nesta quinta-feira (31), até as 16h.
Com conhecimento na área de estética automotiva, Emerson já trabalhou com polimento cristalizado, mas garante que conhece de tudo um pouco.

“Eu faço de tudo, mas o que eu mais gosto de fazer é polimento de carro, coloco insulfilme, mas não importa, não. O que surgir a gente faz, sem preguiça. Tem que ter força de vontade”, afirma.
Oportunidades
Para o auditor fiscal do Ministério do Trabalho e Emprego, Wallace Faria Pache, a ação tem também o objetivo de romper preconceitos e paradigmas.
“Queremos romper essas dificuldades, em parte por questões de preconceito, em parte por desconhecimento. Então, essa ação tem também essa virtude de promover a discussão e promover a compreensão a respeito do que nos impede de receber novamente os egressos, que são pessoas, que são seres humanos, que estão aqui também buscando essa reinserção, tanto no mercado formal como no convívio social”, pontua o auditor.
Segundo Wallace, a iniciativa é uma oportunidade para beneficiar empresas e egressos. “Estamos em um momento muito especial, com uma demanda muito forte por mão de obra, um pleno emprego no nosso estado. Então, é uma oportunidade ímpar para a gente refletir e conseguir romper essas barreiras e criar não só empresas mais inclusivas, melhores, mas uma sociedade, como um todo, mais justa e solidária”, frisa.
Cursos para egressos e familiares

Maria de Lourdes Delgado, diretora de assistência penitenciária da Agepen, destaca que a ação permite aos interessados também passarem por cursos e receberem qualificação profissional.
“Aqui dentro do patronato, numa parceria com a Senappen [Secretaria Nacional de Políticas Penais] e com o Senai [Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial], já tivemos vários cursos de preparação sobre o pacote Office”, relata.
Ela ainda detalha que foi montada uma estrutura para essas aulas. “E em breve vai começar um outro curso, tanto para os egressos quanto para seus familiares”, detalha a diretora.
“Então, a gente senta, conversa, alinha como vai ser a ação específica de cadastramento e encaminhamento ao mercado de trabalho dos egressos, com toda a lei de proteção de dados, sem expor a pessoa”, completa.
Atualmente, de acordo com a Funsat (Fundação Social do Trabalho de Campo Grande), que atua no cadastramento dos interessados, apenas 5 empresas fazem parte da ação e abriram as portas para receber egressos e familiares de egressos.
Empresários interessados na parceria podem procurar a fundação para fazer parte da rede de vagas.

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