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Cotidiano

Pai de família ou criminoso: casos em MS mostram que não há ‘perfil’ para homem que mata mulher

Advogada que lida com crimes de ódio contra mulheres explica que feminicidas são como 'camaleões' na sociedade
Priscilla Peres -
'Camaleão', feminicida se passa por bom pai, marido e namorado, segundo especialista. (Imagem gerada pelo Google Gemini)

Homem calmo, com emprego fixo, sem passagens pela polícia e bom pai nas redes sociais. O perfil poderia ser de muitos em , mas trata-se de um feminicida, que matou e queimou os corpos da própria esposa e da filha bebê.

O caso veio à tona na manhã de terça-feira (27), quando a polícia encontrou os corpos carbonizados em um terreno baldio de . Poucas horas depois, o desfecho. A mulher e a filha foram asfixiadas até a morte pelo homem em quem confiavam, mas que não demonstrou nenhum tipo de arrependimento pelo crime após ser preso.

João Augusto de Almeida, 21 anos, foi preso, confessou o crime com frieza e detalhes. O caso choca pela crueldade, mas mostra que, para um homem ser perigoso, não há perfil definido: eles estão por toda parte e muitas vezes são até considerados “homens de bem”.

João Augusto de Almeida em fotos públicas com a filha. (Foto: Reprodução/Redes Sociais)

Há três meses, outro caso chocou Campo Grande. Uma jornalista, pós-graduada e estável financeiramente, foi assassinada a facadas pelo noivo. Ele? Músico, cheio de amigos, que falava de Deus e de amor nas redes sociais. Caio Cesar do Nascimento Pereira escondia um passado criminoso, mas se considerava um “homem de Deus”.

Dois casos distintos, com suas particularidades e que reforçam que não há um perfil para criminosos ou vítimas, quando o assunto é crime de ódio contra mulheres. Mas a pergunta que ecoa em meio a 14 feminicídios registrados este ano no Estado é: por que homens se sentem no direito de matar mulheres?

Violência doméstica e silenciosa

Números de contra mulheres em Mato Grosso do Sul mostram o tamanho do problema. De acordo com dados da Secretaria de Justiça, 8.682 mulheres foram vítimas de algum tipo de violência, em menos de cinco meses de 2025.

A média é de 1.736 casos por mês, ou 57 mulheres vítimas de violência por dia, em Mato Grosso do Sul. As vítimas têm entre zero e mais de 60 anos, mas há algo em comum entre a maioria delas: sofreram violência dentro da própria casa.

Caio exaltava ser ‘homem de Deus’ nas redes sociais. (Reprodução, Redes Sociais)

A situação é ainda mais grave se pensarmos que Vanessa Eugênia Medeiros, 23, e a pequena Sophie Eugênia Borges, 10 meses, foram assassinadas cruelmente sem nunca ter registrado um boletim contra João Augusto. Se elas sofreram algum tipo de violência dele antes da morte, agora é um fato que não importa mais.

Os criminosos podem ser namorados, noivos, maridos, ex, pai, mas sempre um homem que traiu mulheres que confiaram neles.

Camaleão

A advogada criminalista Maria Francisca Accioly, que atua em e , descreve homens que cometem crimes contra mulheres como um camaleão. Em sua trajetória, acompanhou dezenas de casos de feminicídios e reforça que o feminicida é um homem que se diz de família e fora de qualquer suspeita.

“São indivíduos acima de qualquer suspeita. Por se sentirem assim, acreditam na impunidade. Para eles, a culpa é da vítima. A vítima traçou as coordenadas da própria tragédia, e eles apenas reagiram. Isso nos casos de autoria assumida”, afirma.

Ainda de acordo com Accioly, na maioria dos casos que atendeu, o feminicida é um bom profissional, bom filho, bom pai, bom amigo e, aos olhos da sociedade, bom marido ou namorado. “Muitos deles nunca tiveram problemas com a Justiça. Quando tiveram, a demanda estava diretamente ligada à violência doméstica”, destaca a advogada.

Mas, claro, há sinais de alerta. Homens possessivos, ciumentos, controladores, mesmo quando dizem “agir por amor”, não são confiáveis. Geralmente, os padrões de conduta são os mesmos e não se pode normalizar comportamentos agressivos, explosivos, coativos, dissimulados.

O feminicida é um camaleão. Os sinais devem ser lidos, interpretados e, ao menor indício de se estar na presença de um agressor, é importante tomar o controle das decisões pessoais e procurar ajuda”, relata a advogada.

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