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Cotidiano

Paciente cita falta de insulina em frasco no SUS, mas Prefeitura adota ‘canetas’ para driblar desabastecimento

Uma recente apuração realizada em postos de saúde de Campo Grande revelou que, embora não haja falta de insulina, a ausência de frascos do medicamento tem causado transtornos aos pacientes com diabetes. A reportagem constatou que a maioria das unidades de saúde dispõem de insulina em formato de canetas, porém não possuem frascos, dificultando o … Continued
Osvaldo Sato - Publicado em
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(Foto: Marcelo Casal, Agência Brasil)

Uma recente apuração realizada em postos de saúde de Campo Grande revelou que, embora não haja falta de insulina, a ausência de frascos do medicamento tem causado transtornos aos pacientes com diabetes. A reportagem constatou que a maioria das unidades de saúde dispõem de insulina em formato de canetas, porém não possuem frascos, dificultando o acesso ao tratamento para muitos pacientes.

A falta de frascos de insulina pode estar relacionada a uma possível descontinuidade do formato pelo Ministério da Saúde, que tem priorizado a distribuição de canetas. No entanto, segundo relato recebido pelo Jornal Midiamax, a distribuição de canetas estaria sendo direcionada prioritariamente para pacientes com mais de 55 anos, deixando outros pacientes, como Renato Nakamura, de 49 anos, sem acesso regular ao medicamento.

Segundo ele, a distribuição de canetas para apenas uma parcela dos pacientes não resolve o problema da falta de insulina. “A quantidade que eventualmente aparece é insuficiente para atender a grande demanda dos pacientes diabéticos, assim, a falta de insulina, seja em frascos ou canetas, pode levar a complicações graves como insuficiência renal e necessidade de diálise”, disse.

Renato afirmou à reportagem que fez busca em diversas unidades de saúde e não encontrou o medicamento. Quando conseguiu em forma de caneta, da última vez, recebeu apenas uma unidade, o que segundo ele, é suficiente para apenas uma semana de tratamento.

A preocupação do paciente se justifica pela importância da insulina para diabéticos, que passa pela regulação da glicose, pois permite que esta seja utilizada como energia pelas células do corpo. Além disso, atua como preventivo de complicações, pois a falta de insulina pode levar a complicações graves como danos aos olhos, rins, nervos e coração.

Segundo portarias do Ministério da Saúde, dentro do princípio da discricionariedade, cada estado e município tem suas particularidades na distribuição. Assim, os municípios, com o apoio dos estados, podem eleger outros critérios, em atendimento à necessidade de saúde pública local, para dispensação de canetas.

Apesar da legislação e das normas que garantem o acesso gratuito à insulina, a distribuição do medicamento enfrenta desafios como a logística complexa e o financiamento do programa. Empresa responsável pela produção de insulina no Brasil, a Novo Nordisk estaria migrando seu foco de atuação das insulinas humanas para as insulinas sintéticas, incluindo aqui as novas tecnologias que tem sido utilizadas para canetas visando emagrecimento, como o Ozempic.

Insulina em ‘canetas’ nas unidades de saúde

A reportagem do Jornal Midiamax consultou diversas unidades de saúde e todas confirmaram a situação: há disponibilidade de canetas de insulina, porém a apresentação em frascos está em falta. As unidades de saúde consultadas estão localizadas nos bairros Coronel Antonino, Estrela do Sul, Noroeste e Pioneira.

A prefeitura de Campo Grande foi procurada para se manifestar sobre a questão do estoque de insulina nos postos de saúde e medidas possíveis para atender o público citado, de pessoas mais jovens, que porventura também precisam de insulina.

Em resposta, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) de Campo Grande emitiu nota em que afirmou que, devido ao desabastecimento nacional de insulina, está adotando medidas emergenciais para garantir o tratamento dos pacientes. O problema decorre da falta de importação de insumos essenciais, conforme comunicado do Ministério da Saúde.

Segundo a nota, para minimizar os impactos, “a SESAU distribuirá insulina regular na versão em caneta, que tem a mesma eficácia da versão em frasco. As canetas serão fornecidas conforme a demanda, sem restrições de faixa etária, até a normalização do abastecimento. A Secretaria reforça seu compromisso em manter os pacientes informados e assegurar a continuidade do tratamento”.

Confira nota na íntegra:

A Secretaria Municipal de Saúde de Campo Grande (SESAU) informa à população que, devido a um desabastecimento gradativo de insulina em todo o país, está implementando uma estratégia emergencial para assegurar que os pacientes em tratamento com insulina continuem recebendo o medicamento necessário para o controle da glicemia.

O Ministério da Saúde, responsável pelo fornecimento e distribuição da insulina no Brasil, esclareceu, por meio do ofício circular nº 26/2024, datado de agosto de 2024, que a falta de importação de insumos essenciais tem gerado dificuldades no abastecimento das insulinas, afetando a distribuição tanto da insulina NPH quanto da insulina regular, especialmente em sua apresentação de frasco.

Como alternativa para minimizar os impactos desse desabastecimento, a SESAU, em conformidade com as orientações do Ministério da Saúde, está adotando a distribuição de insulina regular na apresentação em caneta. A caneta possui a mesma eficácia terapêutica da insulina regular em frasco e será disponibilizada até a completa normalização do abastecimento dos frascos.

A SESAU está distribuindo as canetas de insulina conforme a demanda, garantindo que todos os pacientes em tratamento continuem recebendo o medicamento essencial para o controle glicêmico.

É importante destacar que, enquanto o estoque de insulina regular frasco não for normalizado, os pacientes serão atendidos com as canetas, sem distinção de faixa etária, conforme a necessidade individual.

A Secretaria reafirma seu compromisso em manter os pacientes informados e em garantir que o atendimento médico e o tratamento sejam realizados de forma contínua e eficaz, minimizando os impactos dessa situação temporária. A SESAU segue as diretrizes estabelecidas pelo Ministério da Saúde, com o objetivo de assegurar o bem-estar dos pacientes.

Distribuição de insulina no SUS

A unsulina é um hormônio produzido dentro do nosso próprio corpo, responsável por carregar a glicose (ou “açúcar”) do nosso sangue para dentro das nossas células. Essa glicose veio da nossa alimentação, e todas as nossas células precisam dela para desempenhar suas funções. Na Diabetes Melito, esse hormônio está em falta em nosso organismo ou há uma resistência por parte de nosso corpo em “aceitá-la”.

A distribuição de insulina e outros medicamentos para diabetes no Brasil é regulamentada por leis e normas que garantem o acesso gratuito a esses recursos. A Lei nº 11.347/2006 e a Portaria nº 2.583/2007 são algumas das legislações que asseguram o fornecimento gratuito de insulina e outros insumos necessários para o tratamento do diabetes.

O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece insulina humana NPH e regular em frascos e canetas, além de tiras reagentes, lancetas e seringas para monitorar o índice glicêmico. Para ter acesso à insulina pelo SUS, é necessário apresentar documentos como RG, CPF, comprovante de residência, receita médica e laudo médico que comprove o diagnóstico de diabetes.

Para conseguir insulina pelo SUS, o paciente deve agendar uma consulta médica na unidade de saúde mais próxima, reunir os documentos necessários, se cadastrar no programa de medicamentos para diabetes, solicitar a insulina e os insumos na farmácia da unidade de saúde e retirar os medicamentos conforme a prescrição médica. É importante manter o acompanhamento médico regular para garantir a continuidade do tratamento.

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