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Cotidiano

Orgulho e esperança: venezuelanos na Capital celebram Nobel da Paz e criticam postura de Lula

Anúncio movimentou a comunidade internacional, mas, sobretudo, aqueles que deixaram suas casas para fugir da miséria
Vinicios Araujo -
María Corina recebeu anúncio do Prêmio Nobel da Paz na semana passada. (Foto: Reprodução/Redes Sociais)

A venezuelana María Corina Machado, líder opositora ao regime ditatorial de Nicolás Maduro, foi comunicada na semana passada que será premiada com o Nobel da Paz deste ano. O anúncio movimentou a comunidade internacional, mas, sobretudo, reacendeu a esperança daqueles que deixaram suas casas para fugir da miséria e da fome que assola a nação caribenha.

Em , a comunidade venezuelana recebeu o anúncio com euforia. Segundo Mirtha Carpio, representante da associação que organiza a vida dos imigrantes que residem na Capital, a atribuição do prêmio para Corina foi uma surpresa.

“Imagina o orgulho que temos de ser venezuelanos. Ter a María Corina Machado recebendo o Prêmio Nobel da Paz, por buscar a felicidade, por buscar a liberdade de nossos irmãos, de nosso país maravilhoso. Isso para nós é uma alegria imensa. Pegou todos de surpresa, tanto a ela como a nós. Mas foi muito bem merecido, sabe? Porque essa mulher, de verdade, está fazendo um trabalho pela liberdade. Ela, presa em um lugar, trabalhando pela liberdade da Venezuela”, disse ao Jornal Midiamax.

Onda imigratória

viu a população venezuelana se multiplicar exponencialmente. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística mostram que, nos últimos 12 anos, a presença dessa comunidade passou de apenas 16 para mais de 4 mil venezuelanos morando por aqui.

Contudo, os dados podem ser subnotificados. A própria líder da entidade organizada afirmou que, até 2023, somente Campo Grande já havia registrado cerca de 5 mil venezuelanos residindo na Capital, e ela garante, apesar de não ter dados atualizados, que esse número aumentou.

Em 2018, uma onda imigratória trouxe centenas de famílias ao país em busca de trabalho, recomeço e superação da fome que, segundo Mirtha, ainda assola os compatriotas venezuelanos. MS foi um dos estados que mais receberam imigrantes, proporcionalmente.

“Com esse Prêmio Nobel, o mundo inteiro está falando a Maduro e a todo o seu combo que eles não são nada, e que ela [María Corina] está representando para todo o planeta a liberdade, tudo o que representa a liberdade da Venezuela. O que temos que ter é essa união entre nós mesmos, e ela faz esse papel. Ela representa a todos os venezuelanos que estamos fora, a todos os venezuelanos que estão sofrendo dentro do país, entende?”, acrescentou.

Mirtha crê que a premiação à María Corina reacende a esperança de uma Venezuela livre, economicamente forte e atrativa para aqueles que fugiram da própria terra em busca de uma vida melhor.

“Muitos irmãos que têm pouco tempo aqui, eles falam que, se a Venezuela começar a se arrumar, as normas e tudo que está acontecendo, virar uma Venezuela livre, com certeza, vão voltar para a Venezuela. Porque a situação não é muito boa em outros países. No Brasil, é diferente. O Brasil é um país acolhedor, um país com muita bondade de ajudar. Aqui temos decretos que nos beneficiam. Mas, com certeza, o povo venezuelano vai querer voltar de novo ao nosso país. E eu acho que esse Prêmio Nobel da María Corina tem como dar no rosto desses que estão governando ilegalmente na Venezuela e falar para eles: é hora de vocês irem embora”, declarou.

Críticas à postura brasileira

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não se pronunciou oficialmente sobre o Prêmio Nobel da Paz concedido à líder da oposição venezuelana, que vive escondida devido a ameaças de Nicolás Maduro. O ditador venezuelano é um antigo aliado político do presidente brasileiro, mas, desde cobranças por transparência nas últimas eleições, a relação entre Maduro e Lula teria sido abalada.

Apesar de ter participado de evento público no dia do anúncio, Lula não abordou a premiação à Corina, e tanto a Presidência da República quanto o evitaram confirmar se emitiriam algum comunicado. Essa postura difere da de anos anteriores, quando o Ministério das Relações Exteriores se manifestou sobre os vencedores do prêmio em 2024, 2017, 2016 e 2015.

A reação — ou a falta dela — por parte do governo brasileiro foi duramente criticada pela representante. Mirthes Carpio classificou a ausência de um posicionamento contundente do presidente Luiz Inácio Lula da Silva como “machista” e um reflexo de alinhamento ideológico. “Isso demonstra que ainda tem o comunismo mais latente que a liberdade de um país”, afirmou.

Em entrevista ao jornal Estadão, o embaixador Celso Amorim, assessor especial da Presidência, classificou o prêmio como tendo um “viés político”. Ele expressou preocupação com as consequências práticas da honraria, temendo que ela possa estimular uma invasão à Venezuela. Amorim também avaliou a perspectiva da premiação como “muito europeia” e “distante” da realidade local do país.

Esperança de intervenção

O que para o Brasil sinaliza uma afronta à soberania nacional, Mirtha vê na ostensiva militar norte-americana que cerca o país caribenho um resgate da dignidade do povo venezuelano.

Donald Trump tem deslocado forças militares para o combate ao narcotráfico em rotas do Caribe. Entretanto, a ação tem colocado em xeque a estabilidade da força política de Maduro, que acusa o norte-americano de afrontar a soberania do território venezuelano.

Em discurso durante a Assembleia Geral da ONU, em Nova York, no mês passado, Lula afirmou que “A via do diálogo não deve estar fechada na Venezuela” e destacou ainda que “Usar força letal em situações que não constituem conflitos armados equivale a executar pessoas sem julgamento”.

“Outras partes do planeta já testemunharam intervenções que causaram danos maiores do que se pretendia evitar, com graves consequências humanitárias”, declarou o presidente, dias após um ataque norte-americano a uma embarcação venezuelana, matando três suspeitos de envolvimento com o narcotráfico.

No dia 6 deste mês, em ligação que reabriu a janela de diálogo diplomático entre Brasil e EUA, Lula afirmou a Trump que não mantém contato com Maduro desde que cobrou a divulgação das atas eleitorais em 2024, medida não acatada pelo regime chavista. O presidente brasileiro ainda pediu para que qualquer tentativa de resolução da situação democrática na Venezuela ocorra por meio do diálogo, não pela força, conforme mostrou a Folha de S. Paulo.

“Tomara que sim, porque aí são todos os países que estão afetados com o narcotráfico da Venezuela e da Colômbia. Eu acho que os Estados Unidos já estão participando, fechando todas as portas do narcotráfico, pelo menos pelo mar, entende?”, afirmou Mirtha sobre a expectativa de intervenção norte-americana ao monopólio de Maduro.

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(Revisão: Dáfini Lisboa)

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