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Cotidiano

‘Nunca pode culpar a vítima’: amigos e familiares pedem justiça contra feminicídio de jornalista

Jornalista procurou a Delegacia da Mulher, mas foi morta horas depois pelo ex-noivo, Caio Pereira
Thalya Godoy, Layane Costa -
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Protesto pede fim da violência. (Nathalia Alcântara, Jornal Midiamax)

Familiares, amigos, colegas de profissão e sociedade civil se reuniram no calçadão da Rua Barão do Rio Branco, na esquina com a Rua 14 de Julho, neste sábado (15), para pedir o fim do feminicídio e justiça pela morte da jornalista Vanessa Ricartes.

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Áudios gravados por Vanessa, antes de ser assassinada pelo ex-noivo, demonstram atendimento grosseiro na (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher). Ela, inclusive, teria solicitado informações à delegada sobre o passado violento do algoz, mas teve o pedido recusado. 

Ex-aluno de Vanessa que compareceu à manifestação apontou o sentimento de omissão por parte do Estado. A jornalista era conhecida pelo carisma e competência.

“Ela foi minha professora do ensino médio, ela ouvia muita a gente. Anos depois, me tornei músico e por coincidência do destino a gente se encontrou. Era uma pessoa incrível, o tempo que a pessoa teve de contato vai ficar pra história. Sinto dois sentimos, eu sinto muita omissão e impotência. A gente nunca pode culpar a vítima. A Vanessa com certeza correu atrás e, infelizmente, isso só mostra que quando a pessoa, o agressor, quer fazer alguma coisa, ela faz”, afirmou o vocalista da Banda Ontherod, Rafael de Barros Siqueira.

Políticas como a senadora Soraya Thronicke (PODE-MS) e a vereadora de , Luiza Ribeiro (PT), também compareceram na manifestação.

Protesto reuniu amigos, familiares e colegas de profissão. (Nathalia Alcântara, Jornal Midiamax)

A presidente da Comissão de Ética do Sindjor-MS (Sindicato dos Jornalistas Profissionais de ), Tainá Mendes Jara, explicou que o ato é importante para conscientizar a sociedade da importância do combate à violência contra a mulher. “A Vanessa era uma colega, mas a gente vê isso acontecendo todos os dias. A gente está aproveitando a oportunidade disso. Infelizmente, o que aconteceu com a colega é poder constatar os problemas, pedir ajuda das autoridades, pedir mais firmeza nas ações para coibir esse tipo de crime que acontece todos os dias”, apontou. 

Já a responsável pelo Cordão Valu, Silvana Valu, destacou que é preciso verificar onde o sistema falha na proteção das mulheres vítimas de violência. 

“A importância desse movimento hoje é que a gente precisa dar visibilidade para esse ato, que é a violência contra a mulher. Nós precisamos discutir profundamente onde estamos falhando, que são as leis, os órgãos de seguranças ou as políticas públicas. A gente não pode esquecer que durante o ano inteiro outras Vanessa estão morrendo”, relembrou. 

‘Fria e seca’: delegada endossou discurso que culpabiliza vítima

Horas antes de se tornar a primeira vítima de feminicídio de 2025 em Campo Grande, a jornalista deixou registrado nas mensagens para diversas amigas como se sentiu tratada por uma delegada ‘fria e seca’ na delegacia criada justamente para acolher as mulheres em situação de vulnerabilidade.

Segundo ela, a delegada ainda teria se negado a comentar sobre o histórico de agressões do assassino e falou que a vítima “já sabia porque ele mesmo havia falado de agressões”.

Em tom de defesa prévia, na coletiva sobre o feminicídio de Vanessa, a delegada Eliane Benicasa chegou a admitir que faltou agilidade, mas jogou a culpa toda para o judiciário.

“Não foi falta de agilidade na prestação do serviço, mas precisamos aprimorar a agilidade, no que diz respeito a trâmites judiciais nas medidas protetivas”, defendeu-se antes mesmo de os áudios virem à tona.

Segundo a delegada, a jornalista teria feito tudo certo, pedindo ajuda, mas “não acreditou que corria perigo com o noivo”. Foi uma forma sutil de, mais uma vez, culpar a vítima.

📍 Onde tentar ajuda em MS

Em Campo Grande, a Casa da Mulher Brasileira está localizada na Rua Brasília, s/n, no Jardim Imá, 24 horas por dia, inclusive aos finais de semana.

Além da DEAM, funcionam na Casa da Mulher Brasileira a Defensoria Pública; o Ministério Público; a Vara Judicial de Medidas Protetivas; atendimento social e psicológico; alojamento; espaço de cuidado das crianças – brinquedoteca; Patrulha Maria da Penha; e Guarda Municipal. É possível ligar para 153.

☎️ Existem ainda dois números para contato: 180, que garante o anonimato de quem liga, e o 190. Importante lembrar que a Central de Atendimento à Mulher – 180, é um canal de atendimento telefônico, com foco no acolhimento, na orientação e no encaminhamento para os diversos serviços da rede de enfrentamento à violência contra as mulheres em todo o Brasil, mas não serve para emergências.

As ligações para o número 180 podem ser feitas por telefone móvel ou fixo, particular ou público. O serviço funciona 24 horas por dia, 7 dias por semana, inclusive durante os finais de semana e feriados, já que a violência contra a mulher é um problema sério no Brasil.

Já no Promuse, o número de telefone para ligações e mensagens via WhatsApp é o (67) 99180-0542.

📍 Confira a localização das DAMs, no interior, clicando aqui. Elas estão localizadas nos municípios de Aquidauana, Bataguassu, Corumbá, Coxim, Dourados, Fátima do Sul, Jardim, Naviraí, Nova Andradina, Paranaíba, Ponta Porã e Três Lagoas.

⚠️ Quando a Polícia Civil atua com deszelo, má vontade ou comete erros, é possível denunciar diretamente na Corregedoria da Polícia Civil de MS pelo telefone: (67) 3314-1896 ou no GACEP (Grupo de Atuação Especial de Controle Externo da Atividade Policial), do MPMS, pelos telefones (67) 3316-2836, (67) 3316-2837 e (67) 9321-3931.

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