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Cotidiano

Nova variante com sintoma incomum causa alerta para aumento da Covid-19 em MS

A nova variante traz sintomas como rouquidão, falta de ar e perda de apetite
Lethycia Anjos -
covid
Teste de Covid-19 em Campo Grande (Nathalia Alcântara, Jornal Midiamax)

A chegada de uma nova variante da Covid-19 reacende o alerta para uma possível alta de casos em todo o Brasil. A cepa, identificada como Stratus (XFG), ainda não foi detectada em , mas preocupa autoridades de saúde por seu alto potencial de transmissibilidade. No Brasil, a variante foi detectada em e no Ceará, com 2 e 6 casos, respectivamente.

O principal sintoma da variante XFG é a rouquidão, causada por ressecamento e irritação na garganta, alterando a voz dos pacientes. Além disso, a cepa provoca sintomas semelhantes aos da primeira onda da pandemia, como falta de ar, perda de olfato e paladar, e redução do apetite, conforme estudo do Centro Médico da de Nebraska (EUA). Até junho, foram identificadas 1.648 sequências da XFG em 38 países.

Júlio Croda, médico infectologista da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), explica que a variante XFG surgiu da recombinação entre duas linhagens — LF7 e LP812 — e já está entre as cepas recomendadas para atualização das vacinas contra a Covid-19.

“A OMS classificou essa nova cepa como uma variante sob monitoramento. Ela surgiu na Índia e vem se espalhando para outras regiões do mundo, estando presente em mais de 38 países. No Reino Unido, por exemplo, já representa cerca de 30% das variantes sequenciadas de Covid-19”, destaca.

XFG apresenta rápida disseminação

Outro ponto de atenção é a capacidade da XFG de escapar da imunidade adquirida em infecções anteriores, aumentando o risco de reinfecção. Apesar da rápida disseminação, o infectologista tranquiliza: não há evidências de que a XFG cause formas mais graves da doença ou aumento da mortalidade. Os sintomas relatados até o momento são leves, com destaque para maior incidência de rouquidão e irritação na garganta.

“As vacinas atuais continuam eficazes contra essa variante. No entanto, devido às mutações, ela apresenta certo escape da resposta imunológica, o que facilita sua transmissão. Isso ocorre porque boa parte da população tem uma resposta imune deficitária frente a essa nova cepa. Ainda assim, não há qualquer associação com maior gravidade”, afirma Croda.

Mesmo sem casos registrados no Estado, a circulação da cepa em outras regiões do país acende um sinal de alerta entre as autoridades de saúde estaduais. Em nota enviada ao Jornal Midiamax, a SES (Secretaria de Estado de Saúde) confirmou que até o momento não houve registro de casos da variante XFG em Mato Grosso do Sul. Contudo, a pasta segue com o monitoramento contínuo dos casos de Covid registrados, que neste ano chegam a 2.737 confirmações e 35 mortes.

Variantes em circulação no país

Além da XFG, outras variantes entraram no radar das autoridades de saúde nos últimos anos, entre elas a JN.1, LP.8.1 e NB.1.8.1. Em maio, uma nota técnica do Ministério da Saúde apontou que a variante sob monitoramento (VUM) LP.8.1 passou a ser a predominante no país, superando a variante de interesse (VOI) JN.1, que liderava os casos desde janeiro de 2024.

Casos de Covid
Com novs variante, casos de Covid tiveram alta (Divulgação)

A LP.8.1 é uma variante derivada da JN.1. Conforme o Ministério, não há evidências de mudanças clínicas relevantes em relação à JN.1, e as vacinas seguem eficazes na prevenção de formas graves e óbitos. Apesar de seu crescimento global, o risco adicional da LP.8.1 à saúde pública está classificado como baixo.

Já a JN.1 é uma subvariante da linhagem Ômicron e descendente direta da BA.2.86, conhecida como Pirola, identificada em 2023. O Pirola apresentou diversas mutações em comparação à Ômicron original, o que aumentou sua capacidade de transmissão e evasão da imunidade. A JN.1 surgiu meses depois, no outono de 2023, e hoje representa a maioria das infecções por coronavírus no mundo. Ainda assim, apresenta baixo risco de evoluir para casos graves.

Em MS, três variantes seguem em circulação

Em Mato Grosso do Sul, três variantes do coronavírus continuam em circulação, conforme aponta o boletim epidemiológico da SES (Secretaria de Estado de Saúde), divulgado na última terça-feira (1º). São elas: Ômicron, Delta e Gama.

Mapeamento Covid
Mapeamento Covid (Divulgação SES)

Ômicron

A Ômicron é atualmente a variante com maior incidência no Estado, presente em mais de 50 municípios. Um dos principais fatores de preocupação dessa variante é a alta capacidade de mutação. Conforme a OMS, a Ômicron apresenta mais de 30 alterações na proteína Spike, responsável por permitir a entrada do vírus SARS-CoV-2 nas células humanas.

Inicialmente identificada na África do Sul, a Ômicron se espalhou rapidamente pelo mundo e, em janeiro de 2022, tornou-se a cepa predominante globalmente. No Brasil, sua chegada provocou uma nova onda de infecções, revertendo a tendência de queda nos números de casos e mortes por Covid-19.

Entre os sintomas mais comuns estão fadiga extrema, dores no corpo, dor de cabeça e dor de garganta.

Delta

Com a segunda maior incidência em Mato Grosso do Sul, a variante Delta surgiu na Índia. Ela demonstrou maior transmissibilidade do que a variante Gama, além de provocar um adoecimento mais rápido e maior risco de hospitalização, especialmente entre pessoas não vacinadas, conforme o ECDC (Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças).

Os sintomas mais frequentes incluem coriza, dor de cabeça, espirros, dor de garganta, tosse persistente e febre.

Gama

Já a Gama, também chamada de P.1, apresenta a menor incidência no Estado. Ainda em circulação em cinco municípios sul-mato-grossenses, essa variante se destaca por sua alta transmissibilidade, maior gravidade dos casos e impacto mais significativo em pessoas jovens. Além disso, estudos apontam que ela pode reduzir a eficácia das vacinas.

Os sintomas mais comuns são febre, tosse, dor de garganta, falta de ar, diarreia, vômito, dores no corpo, cansaço e fadiga.

Análise e identificação de variantes

Lacen (Divulgação)

A detecção das variantes da Covid-19 ocorre por meio do mapeamento genômico. As amostras são coletadas e monitoradas pelo Lacen/MS (Laboratório Central de Saúde Pública de Mato Grosso do Sul), em parceria com a Gerência de Influenza e Doenças Respiratórias.

Após coletadas, as amostras seguem para laboratórios de referência e são acompanhadas por meio de planilhas consolidadas com os genomas produzidos pelo IAL (Instituto Adolfo Lutz) e pela Fiocruz/MS (Fundação Oswaldo Cruz de Mato Grosso do Sul).

“A classificação das linhagens é dinâmica e pode ser atualizada conforme novas versões do sistema de nomenclatura. Além disso, a SES realiza o monitoramento contínuo do impacto das variantes nos sinais e sintomas dos casos notificados. Assim como na cobertura vacinal da população”, informou a pasta.

Vacinação

Vacinação em Campo Grande (Helder Carvalho, Jornal Midiamax)

Em um cenário ainda marcado por incertezas, a vacinação permanece como a principal estratégia de enfrentamento à Covid-19. Em Mato Grosso do Sul, a imunização continua ofertada de forma rotineira para crianças de 6 meses a 4 anos.

Para idosos, a SES recomenda uma dose de reforço com a vacina mais atualizada a cada seis meses. Já gestantes devem receber uma dose a cada gestação.

Além disso, a vacinação anual segue indicada para grupos especiais, como: trabalhadores da saúde, indígenas, quilombolas, pessoas vivendo em instituições de longa permanência, puérperas, imunocomprometidos, pessoas com deficiência permanente, pessoas privadas de liberdade, indivíduos com comorbidades e população em situação de rua.

No Estado, 84,55% da população já foi vacinada com a vacina monovalente contra a Covid-19. No entanto, dados do PNI (Programa Nacional de Imunizações) mostram que a cobertura da dose de reforço com a vacina bivalente é de apenas 15,85%.

Croda reforça que a vacinação segue sendo a principal forma de proteção, especialmente para os grupos de risco, como idosos acima de 60 anos e pessoas imunossuprimidas. “É essencial que essas pessoas mantenham a vacinação em dia, com doses atualizadas ao menos uma vez por ano”, orienta.

Anvisa atualiza composição das vacinas contra a Covid-19

Em junho, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou uma nova instrução normativa que atualiza a composição das vacinas contra a Covid-19 autorizadas para uso no Brasil. A medida segue as recomendações mais recentes da OMS (Organização Mundial da Saúde).

A atualização prevê a inclusão da cepa LP.8.1 nas vacinas já aprovadas, mantendo também a autorização para o uso da cepa JN.1 — ambas variantes descendentes da Ômicron. Conforme o Ministério da Saúde, a decisão está alinhada às orientações do Grupo Consultivo Técnico da OMS sobre Composição de Vacinas contra a Covid-19 (TAG-CO-VAC), que reconhece a eficácia das vacinas na proteção contra formas graves da doença, mesmo com a circulação de novas variantes.

Atualmente, duas vacinas contendo a cepa JN.1 estão aprovadas pela Anvisa: a Comirnaty, da Pfizer, e a Spikevax, da Adium. O uso dessas vacinas permanece autorizado, ainda que as fabricantes optem pela sua atualização para a cepa LP.8.1, nos termos da regulamentação aprovada hoje pela Agência.

Com a atualização, estados como o já iniciaram a aplicação da vacina contra a cepa JN.1 em idosos a partir de 65 anos.

Orientações ao público

A Anvisa reforça que a inclusão de diferentes cepas nas vacinas não compromete sua segurança nem eficácia. “Todas as vacinas aprovadas passaram por rigorosa avaliação técnica e continuam eficazes na prevenção de casos graves e hospitalizações”.

Além disso, a população deve seguir as orientações do Programa Nacional de Imunizações e manter o esquema vacinal atualizado, independentemente da cepa utilizada — seja LP.8.1 ou JN.1. A vacinação permanece como a principal estratégia de proteção contra a Covid-19, especialmente para os grupos prioritários e pessoas com maior risco de complicações.

Já a SES orienta que todo sintomático respiratório deve ser testado com Teste Rápido Antígeno para Covid-19 e reforça a prática da etiqueta respiratória.

Confira:
  • Cobrir nariz e boca com o antebraço ao tossir ou espirrar;
  • Usar lenços descartáveis, desprezando-os imediatamente após o uso em uma lixeira fechada;
  • Higienizar as mãos com frequência;
  • Utilizar máscaras se estiver com sintomas respiratórios e evitar contato principalmente com pessoas nos extremos de idade (idosos e crianças);
  • Lavar as mãos com água e sabão e/ou álcool em gel a 70%;
  • Realizar isolamento ou distanciamento social, principalmente se possui fatores de risco;
  • Permanecer em isolamento e colaborar com o monitoramento das equipes de saúde pública;
  • Estar com esquema vacinal completo contra Covid-19.

“Lembrando que, diferente de outros vírus respiratórios, como, por exemplo, a Influenza que circula com maior intensidade em alguns meses do ano (períodos sazonais), a COVID-19 não se restringe a períodos específicos e seu controle está diretamente ligado a imunização da população, sendo essa a melhor estratégia de prevenção”.

Já o tratamento com o medicamento Nirmatrelvir/Ritonavir, para pacientes com diagnóstico confirmado de Covid-19 com sintomas leves a moderados (não graves), nos grupos específicos de pacientes: Imunossuprimidos com idade ≥18 anos e pessoas com idade ≥65 anos, que não requerem oxigênio suplementar, visando diminuir os riscos de internações.

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