Necessária para carregar materiais, mochila pode pesar demais e provocar danos à saúde de estudantes
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As aulas mal começaram e uma preocupação já permeia a mente dos pais mais atentos: o peso da mochila. Com o passar dos anos, a quantidade de materiais escolares aumenta. São livros, cadernos, apostilas e tudo isso levado em bolsas que são ‘penduradas’ nas costas, o que pode ser uma problema à saúde dos estudantes.
O médico fisiatra Celso Vilella Matos, presidente da ABMFR (Associação Brasileira de Medicina Física e Reabilitação), ressalta que se pesada, ou incompatível ao tamanho da criança e / ou adolescente, a mochila pode provocar danos à coluna.
Este foi o caso do estudante de medicina, Gabriel Hosano Gusso, que no Ensino Médio não conseguiu ignorar as dores decorrentes do excesso de peso da mochila escolar.
“Sentia dor nas costas e no Ensino Médio essas dores aumentaram. Quando fui fazer os exames já estava com escoliose. O médico me disse que, muito provavelmente, o problema já havia começado há alguns anos”, relata.
Depois do diagnóstico, o estudante abandonou as mochilas, começou tratamento médico e mudou os hábitos. Os materiais que antes eram carregados nas bolsas de costas, passaram a ocupar o armário da escola.
“Isso me salvou porque antes era todo dia carregando mochila pesada nas costas”, frisa. Anos depois, o tratamento continua. Além dos medicamentos, sessões de quiropraxia, treinos supervisionados e palmilhas especiais nos tênis, são necessários e trazem alívio às dores.
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De volta às mochilas de rodinhas
Sem saber o que fazer para evitar que os filhos sejam sobrecarregados com o peso dos materiais escolares, alguns pais aboliram as mochilas de costas e retomaram o uso das mochilas de rodinhas.
Pedagoga, Denise da Silva Irlandes Nunes de Souza, não pensou duas vezes ao sugerir que a filha Julia, de 12 anos, voltasse a levar os materiais escolares nas mochilas de rodinhas.
“Nós observávamos que a mochila estava bem pesada. Conversamos com ela. Explicamos que não queremos que ela tenha problema na coluna e ela entendeu. Temos que cuidar porque realmente pode prejudicar muito”, afirma.
A empresária Ana Lúcia Ribeiro, mãe da estudante Ana Beatriz, de apenas 13 anos, diz que logo ao perceber as reclamações da filha, proibiu o uso de mochilas de costas e voltou para as de rodinhas.
“Eu sempre comprei mochila de rodinhas, mas quando ela foi para o 8º ano, não quis mais e passou a usar a de costas, mas era muito pesada. Ela começou a sentir dores e percebo que está com problema na coluna. Ela vai ter que fazer RPG, algo assim porque a coluna não está normal. E neste ano, por conta das dores, decidimos que vai voltar a usar a mochila de rodinhas”, garante.
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Melhor alternativa
Segundo o médico fisiatra Celso Vilella Matos, a mochila de costas pode ser usada, desde que da maneira correta.
“Não pode ultrapassar 10% do peso corporal e de preferência, a mochila deve ter três pontos de apoio, uma alça em cada ombro e uma terceira alça usada para prender na cintura do estudante. Isso faz com que a coluna não seja sobrecarregada”, orienta.
Outro ponto importante é a forma de carregar a mochila. Para balancear o peso, é necessário que as alças estejam sobre os dois ombros, orientação muitas vezes ignorada pelos estudantes.
“As crianças e adolescentes estão em fase de desenvolvimento musculoesquelético, portanto, ao carregarem a mochila de um só lado sempre podem ter a postura corporal prejudicada”, ressalta.
Quando a preocupação é a sobrecarga, o fisiatra concorda que a mochila de rodinhas é a melhor opção, mas o uso não é livre. É necessário ficar atento à altura do puxador.
“Se o puxador não estiver bem ajustado, pode causar a torção do tronco ao puxá-la, com impacto à coluna. Ideal é ajustar o puxador em uma altura que permita à criança ter com os ombros nivelados, sem encurvar o corpo”, explica.
Possíveis danos à saúde
O médico explica que, quando a mochila é usada de forma incorreta, os danos à saúde são inevitáveis e podem ocorrem a longo ou curto prazo, confira:
- alterações na postura a partir do momento em que se coloca a mochila;
- alterações na forma de caminhar;
- alterações no equilíbrio ao transportar a mochila, o que aumenta o risco de quedas.
- dores nas costas;
- problemas posturais, como a hipercifose (desvio da coluna que deixa ombros e pescoço inclinados para a frente, formando a famosa corcunda) ou escoliose (desvio lateral da coluna).