Duas mortes súbitas por infarto tomaram as manchetes e causaram comoção em Mato Grosso do Sul nesta semana. Infartos fulminantes podem acontecer, inclusive em indivíduos aparentemente saudáveis e assintomáticos, mas existem sinais na maioria dos casos. A indicação é fazer acompanhamento médico sempre, principalmente para quem acumula fatores de risco.
Na segunda-feira (28), Raquel Perciliano, de 59 anos, morreu, provavelmente, vítima de infarto e teve o corpo jogado em uma vala pelo amante em Terenos. A Polícia Civil investiga o caso e um laudo confirmará se a causa da morte foi mal súbito. Já em Três Lagoas, o professor de educação física Rafael Mendes Siqueira, de 37 anos, foi encontrado em casa sem vida, com suspeita de infarto fulminante nesta terça-feira (29). Para os dois, a morte veio de forma rápida e inesperada.
O médico cardiologista e arritmologista, vice-presidente da SBC-MS (Sociedade Brasileira de Cardiologia), Guilherme Bertão, explica que é possível que o infarto venha sem nenhum aviso. Inclusive, a morte súbita pode ser a primeira manifestação de um problema cardíaco. No entanto, na maioria das vezes, o ataque cardíaco é precedido de sintomas que, mesmo leves, não podem ser ignorados e possibilitam o início de um tratamento.
O médico explica que o sintoma clássico do infarto é a dor no peito. “Que o indivíduo leva a mão espalmada ao tórax, dor de forte intensidade”, diz Guilherme Bertão. Porém, os sintomas podem ser diferentes, como cansaço desproporcional, falta de ar intensa e dor na região do estômago. “Essas situações acontecem particularmente em idosos, mulheres, indivíduos em uso de medicações específicas e pacientes diabéticos”.
Acompanhamento médico
Raquel Perciliano teria passado por uma consulta de rotina em maio e estava afastada do trabalho. Ela tinha 59 anos, por isso deveria realizar exames cardíacos regularmente, segundo o cardiologista. “Acompanhamento regular com avaliação cardiológica, particularmente após os 40 anos, é muito importante, a fim de diagnosticar fatores de risco e tratá-los adequadamente”, afirma Guilherme Bertão.
Pessoas com mais de 40 anos são mais propensas a mortes súbitas, independentemente da causa, sendo que infarto tem maior recorrência. No entanto, para quem tem abaixo desta idade, o infarto não é a principal preocupação. “Temos algumas outras causas mais comuns, particularmente algumas cardiopatias, inclusive com caráter genético”, explica o médico.
Guilherme Bertão cita sintomas que indicam a necessidade de uma avaliação médica urgente em qualquer idade. “Palpitações, com aquela sensação de coração disparado de forma muito intensa e desmotivada. Desmaios também são situações que nos trazem uma preocupação maior, particularmente para aqueles que já têm históricos de problemas cardiológicos, que têm insuficiência cardíaca e comorbidades”, diz o especialista.
‘Infartou do nada’?
Podem ser citados como fatores de risco para a ocorrência de infarto: hipertensão, colesterol, diabetes, tabagismo, obesidade, sedentarismo, estresse. “São aqueles fatores clássicos, mas que muitas vezes são esquecidos ou negligenciados por serem inimigos silenciosos na maioria das vezes”, explica o médico. Além disso, também existem fatores de risco não modificáveis. “Como a idade e aspectos genéticos”.
Outra questão preocupante é o consumo de alimentos ultraprocessados e o uso de anabolizantes. Estes hábitos aumentam a pressão arterial, elevam o colesterol ruim e reduzem o colesterol bom. Ou seja, esses hábitos facilitam que pessoas aparentemente saudáveis adquiram fatores de risco. Portanto, alimentação e hábitos saudáveis são essenciais para prevenir infartos.
O infarto pode ser silencioso, mas sempre tem causa definida. Guilherme Bertão explica que a morte súbita relacionada a infarto pode acontecer por dois motivos. O primeiro motivo são sequelas de outros ataques cardíacos, quando não há tratamento adequado ou ele é feito tarde demais. “Esses pacientes acabam com áreas de cicatrizes no coração, que causam como se fossem curtos circuitos de alterações elétricas, levando a arritmias malignas”, diz o médico.
O segundo motivo é um infarto que leva a essas arritmias malignas, mais comum em pessoas que têm fatores de risco sem tratamento adequado. “O paciente pode sentir alterações, como instabilidades elétricas do coração”. Se a pessoa não tem comorbidades e nunca infartou antes, podem pesar fatores de risco não modificáveis, como idade e genética.
Frio causa infarto?
Segundo o cardiologista e arritmologista Guilherme Bertão, o frio realmente causa maior risco para infartos. “Com baixas temperaturas, acontecem algumas mudanças no nosso organismo e o número de infartos é maior”. As baixas temperaturas podem aumentar a pressão arterial, por exemplo, o que é um fator de risco para infarto.
A Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) também se preocupa com o crescimento dos casos de infarto e AVC (Acidente Vascular Cerebral) nesse período, que têm contribuído para a lotação das unidades de saúde. “Apesar do frio, que naturalmente aumenta os casos de SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave), o número de ocorrências tem se mantido relativamente estável”, afirma a secretária municipal de Saúde, Rosana Leite.
Para Guilherme Bertão, é importante reforçar o aquecimento nesse período e estar bem agasalhado. “Particularmente pessoas que já têm problemas cardiovasculares prévios devem tomar um cuidado maior, ter um rigor grande no uso das medicações, evitar as baixas temperaturas e uma exposição em lugares abertos”, explica o cardiologista.
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