Em meio ao aumento dos casos de síndrome respiratória, pacientes que buscam proteção contra a gripe enfrentam entraves burocráticos que dificultam o acesso às vacinas. Em Campo Grande, mesmo com a liberação para a coadministração das vacinas contra a dengue e a influenza, unidades de saúde têm se recusado a aplicar as doses no mesmo dia, alegando falta de orientação oficial e tempo mínimo de 15 dias entre as doses.
Na UBS (Unidade Básica de Saúde) Dr. Astrogildo Carmona, na Vila Carlota, as equipes de atendimento afirmam não ter recebido nenhuma recomendação autorizando a coadministração. Segundo elas, é necessário respeitar um intervalo de 15 dias entre as vacinas.
Um paciente relata que chegou à unidade por volta das 14h da última quarta-feira (7), para receber a segunda dose da vacina contra a dengue. Aproveitando a ida e as limitações de horário impostas pela rotina de trabalho, tentou também se imunizar contra a gripe — mas não conseguiu.
“Disseram que eu teria que escolher entre a segunda dose da vacina contra a dengue ou a da gripe. Mesmo sem histórico de reações adversas, nem me perguntaram sobre isso”, relata.
Ao questionar se poderia retornar no dia seguinte, respeitando o intervalo de 24 horas informado pela Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), o paciente recebeu a informação de que o prazo exigido seria de 15 dias. A exigência contraria a nota enviada pela própria Sesau ao Jornal Midiamax em abril deste ano:
“A Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) informa que, conforme a recomendação do Ministério da Saúde, a vacinação contra a dengue pode ocorrer juntamente com o imunizante da Influenza e da Covid-19. Entretanto, se não feita de forma simultânea, orienta-se um intervalo de 24 horas entre as doses para a aplicação do segundo imunizante.”
O que diz o Ministério da Saúde?
Até 2024, o Ministério da Saúde orientava a aplicação da vacina contra a dengue, Qdenga, de forma isolada. O intervalo mínimo exigido era de 24 horas antes ou depois de outras vacinas. Já a coadministração com os imunizantes contra a Covid-19 e a gripe está permitida desde 2021.
No entanto, em 2025, novas diretrizes com base em estudos atualizados mudaram essa recomendação. Segundo o Ministério, pesquisas recentes indicam que a coadministração com a Qdenga não compromete a eficácia da resposta imunológica nem aumenta significativamente o risco de efeitos adversos. Com isso, está autorizada a aplicação conjunta da vacina da dengue com as vacinas contra a gripe e a Covid-19.
Apesar da liberação, em Campo Grande a vacina contra a dengue está disponível apenas para o público-alvo: crianças e adolescentes de 10 a 14 anos. Também têm direito à segunda dose pessoas de 4 a 59 anos que receberam a primeira aplicação durante a liberação temporária em 16 de março.
E a vacina da Covid-19?
Quando os primeiros imunizantes contra a Covid-19 receberam a autorização para uso emergencial, no fim de 2020, ainda não havia estudos suficientes sobre a aplicação simultânea com outras vacinas. Por precaução, a recomendação inicial de autoridades sanitárias e da OMS (Organização Mundial da Saúde) era respeitar um intervalo de 14 dias entre a vacina da Covid-19 e quaisquer outras.
No ano seguinte, o Grupo Consultivo Estratégico de Especialistas em Imunização da OMS avaliou novos estudos e concluiu que a aplicação simultânea com vacinas como a da gripe não compromete a eficácia nem aumenta os riscos. Assim, em setembro de 2021, o Brasil passou a permitir a coadministração da vacina contra a Covid-19.
Atualmente, a vacina contra a Covid-19 segue disponível para toda a população que ainda não completou o esquema vacinal. O horário de atendimento das unidades básicas de saúde é das 7h às 17h. Para saber qual a unidade mais próxima da sua casa basta acessar o link: https://campograndems.labinovaapsfiocruz.com.br/osa/.
O que diz a Sesau?
Questionada sobre a situação, a Sesau afirmou que todos os profissionais passam por capacitação para o atendimento à população e que a nota encaminha anteriormente segue válida de acordo com a norma técnica do Ministério da Saúde. Além disso, esclareceu que a superintendência da Rede de Atenção Primária à Saúde já entrou em contato com as unidades de saúde para atualizar às informações prestadas a população.
“A Sesau informa que conforme informado anteriormente, as doses podem – e devem – ser coadministradas se for a possibilidade. Entretanto, orienta-se que, caso isso não ocorra, o paciente aguarde 24h para a segunda dose. Reforçamos ainda que a equipe da unidade de saúde será novamente orientada sobre a possibilidade de coadministração destes imunizantes”.
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